Os 100 anos de "A morte da Terra"

OS 100 ANOS DE “A MORTE DA TERRA”
Miguel Carqueija





O romancista belga J.H. Rosny-Ainè (1856-1940), que foi um dos pilares da ficção científica, e tido também como o criador do romance pré-histórico (com “A guerra do fogo” e “O felino gigante”, p.ex.) lançou em 1910 a densa e pungente novela “La mort de la Terre”, editada em Portugal na década de 1950 dentro da célebre Coleção Argonauta, da Editora Livros do Brasil.
“A morte da Terra” prevê a extinção da vida animal, vegetal e humana no planeta, por escassez da água. Numa lenta agonia de cem mil anos o líquido desaparece, em parte engolido pelas entranhas da Terra, em consequência das fendas abertas por grandes terremotos; em parte evaporando-se para o espaço exterior. A humanidade busca sobreviver nos poucos oásis que restam num planeta agora desprovido de oceanos, rios, lagos e geleiras.
Algumas décadas após o aparecimento desse livro, em fins do século XX, já se começou a falar na escassez da água potável, dilapidada por uma civilização predatória. E já há quem fale que as próximas guerras serão pela água.
Os leitores que acompanham os meus textos (se é que existem) podem ter constatado que, nos últimos anos, eles falam de forma recorrente na Guerra da Água — ou Guerras da Água. Uma previsão que eu espero não acertar.


Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2010.


imagem: capa da edição portuguesa