LIVRO SEGUNDO
 
O LIVRO DO COMPANHEIRO
 
A rebelião dos Companheiros
 
1 Foi também nesses antigos dias que Coré, filho de Isaar, e Datan e Abiron, filhos de Eliab,[1] se levantaram contra as ordens que emanavam do Conselho  dos Setenta e promoveram  uma rebelião, contestando a liderança de Moisés e dos Veneráveis da Lojas de Israel. 1 Essa foi a primeira dissidência a marcar a Fraternidade dos Irmãos de Israel, e manchá-las com a nódoa da traição. 2  Por isso se diz que esses foram os primeiros Jubelos a traírem os ideais da Arte Real. 
2. Porque esses traidores diziam que todos os israelitas eram santos e iniciados e não era justo que o Supremo Arquiteto do Universo falasse apenas a Moisés.1 E que essa distinção o fazia Senhor de todos os israelitas, da mesma forma que o era no Egito o faraó. 2  Porque Aarão e seus filhos haviam sido feitos sacerdotes e dignatários da Sabedoria Sagrada.[2]
3.  Reclamaram eles que a ו ״ ח fosse comunicada a todos os israelitas, ao que Moisés respondeu:[3]
 4 “ Acaso é pouco para vós que O Supremo Arquiteto do Universo vos tenha separado do todo o povo e os tenha chegado a Si para O servirdes no culto  do Tabernáculo e assistirdes diante de todo o povo, fazendo as funções do vosso ministério? 1 Quereis agora também usurpar para vós o sacerdócio?” [4]
5. E Moisés chamou a Aarão e todos os Veneráveis em congregação para dar julgamento aos três rebeldes, e os pôs diante da Congregação.1 E disse a todos que se separassem daqueles três pecadores, e que os isolassem, para que não sucedesse fossem contados com os rebeldes e também castigados por isso.[5]
 5  E o Grande Arquiteto do Universo os castigou fazendo a terra abrir a sua boca para tragá-los e os levou vivos para o inferno, eles e todos os que os apoiavam.[6]
 6 E este foi um dos acontecimentos que inspirou a lenda dos Jubelos, que ainda hoje é uma das metáforas mais importantes da Arte Real.
7. E tudo isso foi registrado por Moisés nos livros que ele escreveu e pode ser consultado por todos que queiram saber dessas coisas.
 
A Espada Flamígera
 
7  E foi depois disso que Moisés pediu a Aarão e a cada um dos doze Veneráveis que trouxes-sem ao Tabernáculo uma vara de vime e nela escrevessem  o nome de cada um deles.[7]
7 E isso foi feito para que o Supremo Arquiteto do Universo escolhesse um deles para ser o líder de todos. 1 Nessa ocasião, Moisés disse: a vara de quem pela manhã estiver florida, esse será o líder e não mais suscitareis discórdias entre vós.”
9. E sucedeu que a vara que floresceu foi a de Aarão e isso foi a confirmação de que Aarão era o escolhido Dele para exercer o Grão-Mestrado do agora Gran-de Oriente de Israel. 1 Pois que agora os israelitas formavam uma congregação de doze Lojas, representando as doze tribos de Israel.
 
10 E por causa da Vara de Aarão, que foi chamada de Vara da Confirmação, se criou, entre os Irmãos da Arte Real, o simbolismo da Espada Flamígera, pois é com ela que se confirmam todos os direitos adquiridos pelos Irmãos dentro das Lojas.
11 E tão logo morreu Aarão no Monte Hor, foi logo ali mesmo instalado como novo Grão-Mestre do Oriente de Israel a seu filho Eleazar, e este passou a conduzir os filhos de Israel. [8]
 
A Serpente de Bronze
 
12 E como estavam já muito tempo no deserto, os Irmãos começaram a cansar-se e a desacreditar das promessas que o Supremo Arquiteto do Universo lhes fizera pela boca de Moisés, que os conduziria a uma terra onde manava leite e mel, mas ao invés disso estavam todos morrendo principalmente por causa da picada de serpentes venenosas.
13 E foi por isso que o Supremo Arquiteto do Universo mandou que se fizesse uma Serpente de Bronze e que se a colocasse no centro do acampamento e todo aquele que fosse picado por serpentes venenosas, pois que elas eram numerosas naquela parte do deserto, ficava curado simplesmente olhando para ela. 1 O significado desta passagem os Irmãos aprendem pelos estudos mais aprofundados da Arte Real.2 Por enquanto é suficiente saber que a serpente é o símbolo da ressurreição do espírito, e a energia que ele contém pode ser captada através da postura física correta. [9]
 
A conquista de Canaã
 
14 As tribos de Israel atravessaram o Jordão e conquistaram as terras de Canaã, sob o comando de Josué, e este foi muito de muito agrado ao Grande Arquiteto do Universo. Por isso Ele o cumulou de vitórias.
15 E tudo que Josué fez para conquistar a terra prometida e como ele as distribuiu entre os filhos de Israel está descrito no livro que ele escreveu.
16 Ele conquistou todas as cidades daquela terra e passou a fio de espada o povo que habitava nelas, porque o Supremo Arquiteto do Universo não queria que o seu povo escolhido se misturasse com outros povos, que não O conheciam.
17 E Josué, antes de entregar a sua alma a Deus, exortou ao povo de Israel que permanecesse sempre em Loja, o que quer dizer que eles deviam conservar a Irmandade e seguir os preceitos que lhes haviam sido dados.[10]
18 Porque enquanto fossem uma Irmandade consagrada ao culto do Supremo Arquiteto do Universo, Ele os cumularia de bênçãos e favores e eles prosperariam e viveriam em paz e seriam felizes.
19 Por isso que O Grande Arquiteto do Universo os proibiu de casar-se com pessoas de diferentes raças, religiões ou costumes; e de adotar deuses pagãos e costumes estrangeiros, porque Israel era a Irmandade a Ele consagrada.
 20 E enquanto os filhos de Israel seguiram os preceitos que Ele lhes deu e obedeceram aos Seus Estatutos, o Grande Arquiteto do Universo manteve com eles sua Aliança e Israel viveu em paz e prosperou.
 21 Mas em toda a terra em volta os costumes, a religião e forma de viver dos Filhos de Israel causavam inveja e preocupação nos povos vizinhos.
22 Porque Israel era um povo fechado em sua tradição e não tinha comércio nem se misturava com eles, e se concentravam em suas próprias práticas, que eram muito diferentes daquelas que aqueles povos realizavam.
23 E os cananeus, os moabitas, os amoritas, os amalequitas, os filisteus e outros vizinhos viviam sempre em guerra contra os Irmãos de Israel, e estes, enquanto confiaram no Grande Arquiteto do Universo, sempre saíram vitoriosos.
24 Porque a Irmandade os unia e a fé era o seu escudo; mas quando eles desobedeciam ao Supremo Arquiteto do Universo, então seus exércitos eram derrotados pelos povos vizinhos e grande era a desolação daqueles Irmãos.
 
O começo das dissensões
 
25 Mas a Irmandade de Israel sobreviveu e prosperou sob o governo dos Grãos-Mestres que Grande Arquiteto do Universos suscitou para os governar
26 E esses Grãos-Mestres são aqueles que nos livros sagrados são chamados Juízes.
 27 Ora, o número dos Irmãos havia crescido muito e muitas eram as influências que eles haviam recebido dos seus vizinhos.
28 Assim, os rituais, as práticas e os costumes dos Filhos de Israel também acabaram sendo contaminadas, e as dissensões entre os Irmãos começaram a ser frequentes.
29 Já não bastava a existência de um Grão-Mestre para manter a unidade na Fraternidade dos Filhos de Israel, pois muitos eram os interesses das Lojas e no mais das vezes, conflitantes.
30 Outros ritos e diferentes ordenações começaram a ser criadas em muitas Lojas, o que provocou querelas muitos graves entre os Irmãos, inclusive com lutas armadas. 1 Essas dissensões estão todas registradas nos Livros que os cronistas da Irmandade de Israel escreveram para contar a história dessa que foi a primeira experiência maçônica da Humanidade.
31 E houve um individuo chamado Micas, que se fez Venerável Mestre da Loja de Dan, e esse Irmão, juntamente com um levita de nome Jonathan, neto de Moisés, fundou um novo Oriente em Dan, onde estabeleceu ritos diferentes daqueles usados na Lojas de Israel. 1 Essa Loja foi responsável pela introdução da idolatria entre os filhos de Israel, e causou separação e guerra entre os Irmãos.[11)
 
Fim da primeira fase
 
32 E essa foi a origem da primeira cisão (porque outras ocorreram) na Fraternidade de Israel, o que motivou Samuel, o último dos Grãos-Mestres da Primeira Fraternidade a separar a política da religião e a ungir um rei para governar os Irmãos e um sacerdote para cuidar do culto.
33 E assim terminou a primeira fase da Fraternidade dos Obreiros da Arte Real, aquela organização que Moisés fundou para congregar os filhos de Israel numa grande egrégora;1 A qual tinha como objetivo profano o cultivo da paz, a amizade, a prosperidade mútua do povo Eleito. 2 E como objetivo sagrado construir o edifício do caráter humano, levantando  templos à virtude e sepultando em inescrutáveis masmorras os vícios que condenam a alma a uma indigna servidão.   
 
[1]Números, 16:1
[2] Números, 16 3 a 5
[3] Referência á Palavra Sagrada, ou seja, o Inefável Nome de Deus.
[4] Números, 16 4 a 7
[5] Números, 16, 25 a 34
[6] Números, 16 35
[7] Números, 17
[8] Números, 20 27,28
[9] Números, 21 4 a 9
[10] Josué, 24
[11] Josué, 18