THE LADY OF SHALOTT
O quadro, belíssimo, é de John William Waterhouse, ilustrando cena fundamental de "The Lady of Shalott", trágica lenda celta do ciclo arturiano, narrada também pela pena magistral do poeta inglês Alfred Tennyson. Desde que li essa lenda e conheci o poema bem como o quadro, ela passou a exercer um extraordinário poder de fascinação sobre mim.
Uma mulher, uma donzela a morar só, em um castelo, tecendo... tecendo... condenada a só poder olhar o mundo exterior pelo espelho, em vida presa a maldição em momento nenhum elucidada. Ela passa todo o tempo a ver os cavaleiros de Camelot, as damas, a vida, os eventos do Reino, sempre através do espelho. E vê Sir Lancelot. Em certo momento, presa de total exaustão, desvia o olhar do espelho e olha diretamente para a vida a decorrer lá fora. Nesse momento, o espelho se fende, se parte, se quebra por inteiro. A senhora de Shalott sabe que fez a coisa interditada - olhar diretamente para o mundo, e que a maldição de seu destino se irá cumprir. Na próxima cena a vemos em um barco ricamente ataviado, como o quadro de Waterhouse nos mostra. Ela, tão jovem e tão linda, segue com o barco em direção a Camelot. No transcorrer do percurso seu corpo, todo o seu ser vai sendo transformado em pedra e assim, chega ao Reino a linda jovem já morta, com sua vida e sua morte para sempre sem explicação.
Sim, vida e morte trágicas, dominadas por destino sem nenhuma explicação, sem qualquer espécie de fundamento lógico-causal, narrada por lenda que funciona, para mim, como um modelo exemplar do sem-sentido da existência, modelo tecido em Beleza e Mistério, do que se pode chamar vida, do que se pode chamar morte, do que se pode chamar síntese vida-morte. Não estou dizendo que a vida não tenha sentido, estou dizendo que nesta lenda se me apresenta a vida e a morte como possibilidade de serem coisas tecidas de não-sentido; em uma minha leitura, muito pessoal, da lenda e do poema, só a Arte lhes pode conferir o sentido que, em si, vida e morte não têm. A presente lenda e o presente poema me levam a fazer essa leitura trágica. Fica o sentimento da Beleza, que não pode jamais morrer.
Uma mulher, uma donzela a morar só, em um castelo, tecendo... tecendo... condenada a só poder olhar o mundo exterior pelo espelho, em vida presa a maldição em momento nenhum elucidada. Ela passa todo o tempo a ver os cavaleiros de Camelot, as damas, a vida, os eventos do Reino, sempre através do espelho. E vê Sir Lancelot. Em certo momento, presa de total exaustão, desvia o olhar do espelho e olha diretamente para a vida a decorrer lá fora. Nesse momento, o espelho se fende, se parte, se quebra por inteiro. A senhora de Shalott sabe que fez a coisa interditada - olhar diretamente para o mundo, e que a maldição de seu destino se irá cumprir. Na próxima cena a vemos em um barco ricamente ataviado, como o quadro de Waterhouse nos mostra. Ela, tão jovem e tão linda, segue com o barco em direção a Camelot. No transcorrer do percurso seu corpo, todo o seu ser vai sendo transformado em pedra e assim, chega ao Reino a linda jovem já morta, com sua vida e sua morte para sempre sem explicação.
Sim, vida e morte trágicas, dominadas por destino sem nenhuma explicação, sem qualquer espécie de fundamento lógico-causal, narrada por lenda que funciona, para mim, como um modelo exemplar do sem-sentido da existência, modelo tecido em Beleza e Mistério, do que se pode chamar vida, do que se pode chamar morte, do que se pode chamar síntese vida-morte. Não estou dizendo que a vida não tenha sentido, estou dizendo que nesta lenda se me apresenta a vida e a morte como possibilidade de serem coisas tecidas de não-sentido; em uma minha leitura, muito pessoal, da lenda e do poema, só a Arte lhes pode conferir o sentido que, em si, vida e morte não têm. A presente lenda e o presente poema me levam a fazer essa leitura trágica. Fica o sentimento da Beleza, que não pode jamais morrer.