Variações em torno de um tema e considerações sobre o absurdo
Vivemos uma longa vida, que ao final, provavelmente, nos terá parecido curta. De qualquer forma, desperdiçamos quase todo o nosso tempo, que em sua maior parte, paradoxalmente, consideramos excessivo. Podemos perder e recuperar quase todas as coisas, mas o tempo nunca retorna.
Uns gastarão sua vida a fugir do tédio, tentando matar o tempo; outros permitirão inconscientemente que o tempo se esvaia, sem lhe dar valor até os últimos instantes, quando nossa consciência desperta e percebemos o quanto a vida é curta, e quão pródigos temos sido com ele. Paradoxalmente, será apenas quando já, pouquíssimo nos restar, que daremos o devido valor ao tempo.
Mas a maioria de nossos momentos nos parece anódina; vamos vivendo apenas por viver, inconscientemente. Poucos instantes desse longo dia que será o de hoje, por exemplo, serão lembrados uma outra vez, e talvez o sejam pela dor, ou pela ira, menos ainda por prazer.
Dentre toda a nossa longa existência, no entanto, selecionaremos alguns momentos, aqueles pelos quais, de fato, vale a pena ter vivido. Entre esses, as primeiras sensações eróticas figurarão, quase sempre, entre nossas escolhas. Quase todos nos lembramos, em detalhes, de nossa primeira vez. Nossos momentos eróticos mais marcantes, também serão sempre lembrados, estão entre aqueles que fazem com que a vida valha a pena ser vivida.
Dentre todas as formas literárias, nenhuma outra é tão intensa quanto a literatura erótica. Nenhuma outra é capaz de interferir conosco tão completamente, acelerando o coração, descompassando a respiração, arrepiando-nos, transportando-nos do tempo e do espaço com facilidade tão tremenda, roubando nossa consciência, nosso juízo, transtornando todo o nosso corpo.
Apesar disso, considerações forjadas em um moralismo de tempos obscurantistas impediu, por séculos, o florescimento dessa forma literária, e a exploração ficcional de sensações tão intensas e atraentes. Longe de ofuscar, ou anuviar o gênero, essa tão longa rejeição agora o realça.
Prometo aos leitores, especialmente aos que em razão do desprezo desconhecem a literatura erótica, a descoberta de uma leitura de intensidade inaudita entranhada numa ode à vida. E viva o absurdo!
O livro está aqui:
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/4900162
ou no meu outlook.