A Passagem dos Cometas (fragmentos)
Para degustação dos meus diletos leitores e amigos, divulgo mais um trecho de "A Passagem dos Cometas", página 117.
(...) E o que adiantaria publicar para um público restrito? Não, eu não gostaria de ter meia dúzia de leitores. Gostaria que o mundo inteiro me lesse, em todas as línguas e todos os povos da terra. Viu? Não disse que sou muito exigente! Não penso como Stendhal, que afirmou haver escrito um livro para apenas 100 leitores. Penso como Goethe, que disse: “Quem não espera um milhão de leitores não deveria escrever.” Segundo Emanuel Medeiros Vieira, “Escrevemos para perdurar, para vencer a poeira do tempo, despistar a morte, regar nossos fantasmas e obsessões, para nos comunicar.” Sim, nos comunicar, somos o elo, nós e os leitores, nós e o mundo. Nilto Maciel conclui: “Se escrevermos para nós mesmos não haverá comunicação, e escrever será apenas catarse, psicoterapia, autoanálise.” Vê, amigo, por isso que eu sempre digo, escrever não é como jogar amarelinha, é algo muito mais sério. “Escrever é como dar à luz”, já dizia Morris West, o glorioso autor da trilogia do Vaticano.
EDITOR - E às vezes a gestação é longa e penosa.
POETA-DENTISTA - Muito Bem! Falou com muita propriedade. Escrever requer muito esforço e sacrifício. Todavia, vou reafirmar, meu caro, só publicaria minhas obras se o mundo inteiro me lesse. Caso contrário, me recuso terminantemente publicar qualquer coisa que seja. Acha que estou sendo muito radical?
EDITOR - Bastante!
POETA-DENTISTA – Está bem, mas vou continuar rígido na minha opinião. Só quero adorá-los. Bem sabe que amo o poeta, amo com sofreguidão o poeta da minha solidão, das minhas noites insones. Ser poeta é morrer todos os dias. Morre a erva verde, que viceja, verdejante. Morrer na mocidade pode parecer ultrajante, mas é a glória. E o poeta, ao compor, narra, mesmo inconscientemente, a sua dor. Poetar é o mesmo que sofrer, versejar, que carpir. Ser poeta é morrer de paixão, morrer de loucura, de solidão, de saudade, de um gozo espiritual espicaçante... e de amor, evidentemente. Enfim, é morrer aos poucos. E uma vez morto, liberto do sofrimento terreno, paira nas estrelas, solene, para gáudio e admiração de todos nós, que aqui ficamos, cultuando-o.
*Poeta-dentista (para aqueles que ainda não leram o livro) é aquele que vive dividido entre poesias e dentes. A partir da página 122 somos instigados a admitir que, a rigor, é realmente mais poeta que dentista.
Curtam a página oficial do livro onde encontrarão fragmentos e depoimentos > > > > > > https://www.facebook.com/APassagemDosCometas?ref=hl
A PASSAGEM DOS COMETAS
Edir Araujo
Copyright@2017 todos os direitos reservados
ISBN : 978-85-913565-0-8
Autor de A passagem dos cometas, Risos e lágrimas, A boneca de pano, Fulana (inédito) e muitos poemas, crônicas, contos e artigos publicados na web "ad aeternum".