Sandra traduz suas sensações em poemas
“Deitei-me no azul do horizonte
Sobre uma rede tecida em raios de luar...
Adormeci aquecida pelo sol ameno.
Orquestras de anjos embalaram o sono
Enquanto arcanjos zelaram sonho.
Fui desperta pelo beijo úmido da madrugada...
Alcei vôo na magia do tempo.
Conheci a fúria do mar e a calma que dormita os rios.
Desvendei os mistérios do vento e
Entendi a sabedoria do universo.
Rezei uma prece num meigo e doce gorjeio,
Compreendi a poesia que habita numa flor
Fundindo-me ao perfume da natureza.
Tive como guia as estrelas
Aprendi o êxtase da luz e
No grito do mais profundo silêncio
Nasci...” ("Estrelas Luzindo Saudades")
É assim, com riqueza de sentimentos, que Sandra M. Julio traduz suas sensações de vida, seus desafios e mistérios. Creio que você leitor, assim como eu, está sentindo o frio na barriga que um mar revolto traz, o arrepio provocado pelo vento, o perfume e delicadeza de uma flor...
Nascida e residente em Sorocaba, professora e empresária, Sandra dedica-se à poesia, “um dom inato e sabiamente aproveitado a cada momento em que lhe manifesta a inspiração” – afirma Neide Sanches, amiga, companheira de jornada e madrinha dos versos da autora.
Amante de teatro e cinema, não perde oportunidade de ouvir boas músicas, desde as clássicas às românticas, das quais possui uma respeitável coleção. Infere ainda Neide: “como não poderia deixar de ser, Sandra tem uma impressionante sensibilidade, colocando-a até na categoria de sonhadora, onde se conserva uma eterna aprendiz.
Capacitada a formatar a maioria de seus escritos, o faz com grande destreza e gosto apurado, sensibilizando o leitor ao interagir letra-imagem-som”.
E com toda esta sensibilidade, leveza e espírito artístico, Sandra reúne em “Estrelas Luzindo Saudades”, 168 páginas de poemas, homenagens, textos poéticos, sonetos, recém “saído do forno”, recém lançado pela editora AVBL.
Nostálgica, Sandra nos apresenta em seu Posfácio lembranças de sua infância...”Quando acordava cedinho para tirar leite da vaca (presente de seu avô), leva-la para o pasto e brincar com bezerrinho grande amigo”, a boneca de pano Lili-bruxa, “companheira inseparável, amiga, filha e confidente”...O cachorro malhado Tigre, “companheiro de várias aventuras vividas e imaginadas”, Sandra era corajosa, aventureira, segura, gostava das tempestades, de sentir a força da natureza dobrando eucaliptos, lavando o pedregulho..., momentos mágicos em que se entregava à paz e ao amor, pois sabia-se segura pela mão de Alguém superior...”a certeza de que Deus existia e que estava a meu lado protegendo Sempre” - Quanta fé para uma só criança!
Mas a criança não se perdeu ao longo dos anos. Sandra diz que ela insiste em viver em seu coração, que ainda brinca em seu sorrisos e que por vezes ainda a encontra perdida em seu olhar...A eterna menina Sandra. Que a autora a conserve sempre: cata-vento de emoções, percepções e jeito descomplicado de se relacionar com a vida...Obrigada por sua poesia Sandra, por ser mais uma difusora da cultura e arte em nossa cidade. (Douglas Lara)
(Diário de Sorocaba, domingo e segunda-feira 6 e 7 de maio de 2007)