As manhas da exclusão
Para nutrir o neoliberalismo
e manter o poder nas mãos de poucos,
faz-se à injustiça ouvidos moucos
e se abraça o pior maquiavelismo.
Procede da ideologia dominante
o conceito disforme de inclusão,
e hoje, o que ontem foi escravidão,
é a discriminação mais infamante.
Qualquer um sabe e até eu percebo:
Não há princípio ativo no placebo
e o doente assim tratado está perdido.
É preciso encontrar coisa diversa
da mera e simples inclusão perversa
do excluído disfarçado de incluído.
Este soneto à guisa de mini-resenha foi inspirado no livro As artimanhas da exclusão - Análise psicossocial e ética da desigualdade social, Bader Sawaia (org.) 8ª ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
O livro, como bem lembra Sílvia Lane na contracapa, é constituído de textos que instigam a refletir sobre a necessidade de "debate para orientar políticas sociais para além dos critérios econômicos e jurídicos da cidadania mínima, comprometendo-as com a felicidade pública e individual."
Leitura obrigatória para todos aqueles que se preocupam com as questões sociais, como esclarece a organizadora na Introdução, "o livro está estruturado de forma a apresentar reflexões teórico-filosóficas, metodológicas e conceituais, e, por meio delas desvelar artimanhas da exclusão e da desigualdade social, através de reflexões sobre o cotidiano, consciência, afetividade, intersubjetividade, identidade, representação social e projeto de vida(...) Procuramos oferecer uma mediação profunda sobre o jogo interdisciplinar da passagem do social e político ao subjetivismo e vice-versa, e alertar para os perigos deste olhar na neomodernidade, especialmente o perigo do relativismo e do individualismo, que negam instâncias coletivas e públicas de justiça e ética."
(Publicado originalmente no www.algoadizer.com.br edição de fevereiro de 2014).