FRAGMENTOS DO TEMPO – LUDOVIKO ll

Meu pai, que Deus o tenha em sua eterna morada, apesar de ter formação militar, a rigor não era austero, muito pelo contrário, foi um ser humano muito distinto, cordial, bem humorado, sabia conservar as amizades, sempre muito estimado por de todos.

Grande era a minha admiração por ele, por isso mesmo acatava suas ordens, fazendo de tudo para não decepcioná-lo, tanto é que nunca tomei uma decisão que fosse de encontro aos seus princípios e ensinamentos, e confesso que até hoje sou bastante feliz por isto.

Assim que completou o tempo de serviço exigido por lei, resolveu requerer a aposentadoria, decepcionado devido aos atentados sofridos, haja vista que, por não aceitava suborno, nem agir por apadrinhamento, quiseram dar cabo da sua vida na própria delegacia em que fora destacado por sua corporação militar.

Como estava ainda em pleno vigor, físico e mental, resolveu procurar uma ocupação de fiscal na extinta rede de Armazéns do Sul, formando um bom círculo de amizades entre os colegas de trabalho, onde inclusive, uma amiga em particular fisgou seu coração, a qual veio a desposar, após longo período de viuvez.

Os vínculos de amizade eram tão estreitos, que algumas de suas amigas costumavam vir almoçar em nossa casa nos intervalos de almoço. E foi em um destes dias que o meu amigo me induziu a leva-lo para almoçar em minha residência, até hoje recordo o pânico que senti em relação a esse episódio.

Todavia, Deus ouviu o meu clamor, e do alto céu preparou o cenário acolhedor, relembro que quando cheguei meu pai estava almoçando em companhia de mais duas amigas, e numa falsa desenvoltura assim falei: Obá! O ambiente aqui está é animado, e eu trouxe mais um para animar a festa.

E foi dessa forma que Ludoviko adentrou em nosso ambiente familiar, para não mais sair, pois meu pai o recebeu de braços abertos deixando-lhe a vontade para voltar mais vezes, como tal aconteceu por muito e muitos anos...

Mira Maia 16/03/2014