Prefácio do livro meta morfoses de dalila balekjian

LIGEIRA PRELIMINAR

Verso livre, destituído de exageros mas recendendo beleza e propriedade, como pregado desde o movimento modernista de 1922 – marco divisório na evolução da cultura brasileira, superando antigas e balofas formas de escrever, somente vencidas pelos verdadeiros poetas.

Poetas, são todos os brasileiros, em cujas veias corre a ânsia da beleza e a extravasação de ideais capazes de nos colocar no topo das grandes culturas; infelizmente, porém, comportamo-nos como um povo avesso ao desenvolvimento cultural. Não chegou ainda a hora de nossos governos entenderem que o apoio à cultura intelectual é pilar básico para a nossa evolução sócio-econômica e a nossa inclusão no chamado primeiro mundo, onde somente agora a China – civilização milenar – está, enfim, lutando pelo seu lugar.

Necessitamos ser nacionalistas e narcisos, no bom sentido; não podemos permanecer atrelados a velhas e gastas fórmulas vivencias. A informática transformou o modo de viver da humanidade em todos os seus quadrantes e latitudes; a isso temos também de recorrer para conseguir o que sonhamos e almejamos: vamos completar ainda duzentos anos de vida como nação autônoma, tempo bastante curto para assegurar-nos posição pela falta de recursos e de meios indispensáveis para tanto.

Uma nação só desponta e se impõe pelo valor do seu povo; a cultura intelectual constitui o alicerce e a base de todo o progresso. Somos um povo em formação e, pelos caminhos da aglutinação demográfica, o único realmente indicado para distinguir-se entre os demais pelos valores que resultam do caldeamento de bilhões de indivíduos espalhados pelos mais recônditos vilarejos do mundo.

Não lutamos por sobrevivência, que isso nos está sobejamente assegurado com a grandiosidade e qualidade do espaço territorial com que fomos brindados pelo Criador do Universo; o que nos falta não são poetas, sonhadores, que os temos em grande quantidade, mas indivíduos culturalmente preparados, conscientes dos meios à sua disposição para vencerem a batalha do analfabetismo e da carência de condicionantes de válida atuação.

Dalila Balekjian faz parte de uma classe de poetas que não apenas sonha, embalada pela beleza das formas, mas ela se vê “ caminhando / com a cabeça cheia de idéias / as palavras escorrendo pelo corpo / como sangue quente nas veias / procurando interrogações / questionando respostas / soltando seus medos”; ela se olha no espelho, sente e participa ; e não se reconhece como simples pessoa: empenha-se em colher sonhos e esperanças na conquista de alegrias para do vazio, com seus poemas, criar vida.

Pertencente a uma brilhante estirpe de literatos e artistas, Dalila assegurou sua posição em nossos meios acadêmicos, demonstrando capacidade, dedicação e disposição para alcançar as metas sonhadas – não apenas por ela mas por todos que, integrando uma pequena parcela, sentem-se em condições de lutar com denodo pelas suas aspirações culturais, certos de que, somente com luta e dedicação, verão cristalizados os seus objetivos para, afinal, o Brasil assegurar sua posição junto às principais potências do universo continental.

F. SILVA NOBRE

Presidente da CONFEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS E ARTES DO BRASIL

transcrito por dalila balekjian

dalila balekjian
Enviado por dalila balekjian em 28/04/2007
Reeditado em 04/04/2008
Código do texto: T467358