Sutilezas de um defunto autor.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra de Machado de Assis, é dividida em 160 breves capítulos, contando com o introito assinado pelo narrador-personagem, Brás Cubas. Nesses Capítulos, Machado debruça suas ironias, sacarmos e sutilezas. Não podemos deixar de destacar que essa obra foi um marco para a literatura Realista brasileira.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra bastante representativa em relação ao contexto da sociedade brasileira do século XIX, no qual se encontrava no Brasil uma crise do sistema monarquista, além disso, o abolicionismo. Também vai de encontro com o ideal romântico existente na época.
Ao abrir o livro, já nos deparamos com a polêmica dedicatória: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico, com saudosa lembrança, estas memórias póstumas.” A partir daí, já vai nos despertando uma curiosidade sobre a temática, e uma primeira indagação: por que dedicar as memórias póstumas aos vermes e não a alguém especial, como os outros autores fazem? É aí que começamos a perceber toda uma ousadia na escrita de Machado de Assis nesse Romance.
Obra escrita por um defunto autor e não autor defunto, como Brás Cubas faz questão de deixar claro, na qual Brás Cubas narra desde sua morte até sua juventude.
No seu enterro, Brás Cubas deixa claro que tem poucos amigos. Brás ironiza ao dizer que não se arrepende de ter deixado vinte apólices em nome do seu “bom e fiel amigo” que fez um discurso sob a chuva.
Adiantando um pouco a narrativa, falando um pouco da juventude, Brás Cubas conhece Marcela, a qual presenteia com joias e que sempre tem dele o que ela quer. Entretanto, devido às gastanças, o pai de Brás Cubas manda-o para Europa, estudar. O garoto chama Marcela para ir com ele, mas acaba indo sozinho. É quando o defunto autor, diz que Marcela o amou nada mais nada menos que durante quinze meses e onze contos de réis.
Após esse episódio, Brás Cubas pensa em se matar, mas esquece a ideia e bacharela-se. Ao se tornar bacharel, Brás retorna ao Rio, pois sua mãe encontra-se muito adoentada.
O defunto autor conhece a filha de Dona Eusébia, Eugênia, no entanto, questiona-se “por que bonita se coxa, por que coxa se bonita?”, Mais uma vez a predominância das aparências como temática na obra do Bruxo do Cosme Velho.
Ao voltar, seu pai lhe oferece a carreira política e propõe ao mesmo que se case (podemos observar a temática do “os contratos sociais” como uma temática recorrente nessa obra de Machado). Temáticas como o preconceito, racismo e escravidão estão presentes na obra de Machado de Assis, quando, por exemplo, ele falava a borboleta preta: “também por que diabo não era ela azul” e do seu escravo Prudêncio que era maltratado pelo próprio Brás Cubas.
Após sua chegada ao Brasil, tem como noiva a belíssima Virgília, facilitou-se para ele a sua entrada na política, entretanto, ao final, não deu certo. Então, Virgília casa-se com Lobo Neves, mas têm encontros às escondidas com Brás Cubas, ambos alcovitados por D. Plácida, que era a mulher que cuidava da casa onde se realiza os encontros. Devido às circunstâncias mostradas ao decorrer da narrativa, Brás Cubas e Virgília param de se encontrar.
Brás Cubas reencontra seu amigo de infância, Quincas Borba, e com ele dedica-se ao estudo filosófico humanista, ainda tenta se candidatar pra política, mas logo perde o seu cargo, assim como também, perde o jornal que inaugura. Para completar viu seu amigo vir a falecer.
Brás Cubas termina morrendo solteiro, apesar de sua irmã ter tentado casá-lo com Eulália Damasceno, vangloriando-se por não ter tido mulher nem filhos, por não ter deixado “o legado da nossa miséria”.