Uma aventura espacial

UMA AVENTURA ESPACIAL
Miguel Carqueija

Resenha de “Bandeirantes do espaço”, de Ricardo Guilherme dos Santos (edição digital do Recanto das Letras, 2013)

“Bandeirantes do espaço”, novela publicada em 2013 no Recanto das Letras, em forma de livro digital, é uma das melhores histórias brasileiras de ficção científica que tenho lido nos últimos anos. O autor faz uma prequela distante — por não se esgotarem os acontecimentos, que permanecem separados por séculos — da minha noveleta “Destinos divergentes”, que inicia a saga “A Odisséia da Fênix” e está incluída em “Histórias de mulheres”, um dos e-livros que implantei no mesmo Recanto das Letras.
A trama é narrada quase toda na primeira pessoa mas, como recurso invulgar, o autor dá voz a vários personagens, inclusive a inteligência artificial da nave cósmica Vicki Star. Como em “Voyager” da franquia “Star trek”, Vicki tem sua própria personalidade efaz as suas próprias reflexões. Ela tem até questionamentos: “Sinto-me mais humanizada a cada instante, o que tem sido uma experiência inquietante, pois os humanos possuem uma variedade de sentimentos que me confundem”. A bordo da Vicki segue um grupo de rebeldes em potencial que, cedo ou tarde, terão de assumir o rompimento com o despótico governo imperial da Terra. O grupo segue rumo a Titã, a gigantesca lua de Saturno, onde parecem estar acontecendo fenômenos desconcertantes. Gustavo, Lúcio Valdez, Billy (um navegador androide), Ifraim Peixoto e a cientista Madeleine Furtado são os diversos narradores, cada qual com seu ponto de vista. Não falta uma espécie de revelação mística ao comatoso Dr. Lúcio Valdez, onde se descortina uma visão sobre os séculos futuros, quando muitos heróis combaterão pela liberdade na Galáxia, até chegar a vez da Fênix, a grande heroína de um futuro distante.
Impressiona em “Bandeirantes do espaço” a sobriedade, elegãncia e riqueza das palavras e a habilidade com que se configura um universo ficcional de grande alcance, e onde surge muito depois a figura da Fênix. Entre “Bandeirantes do espaço” e “Destinos divergentes” há margem para muitos livros, de vários autores, mesmo que eles jamais venham a ser escritos.

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