Resenha: 1930 - O Território Livre de Princesa
Livro: Eu e meu pai JOSÉ PEREIRA- 1930- O Território livre de Princesa
Autor: Aloysio Pereira
Editora: Ideia
João Pessoa:2013
"As verdades são como frutos que apenas devem ser colhidos quando bem maduros" Voltaire
O Livro "JOSÉ PEREIRA" está muito bem apresentado nessas quinhentas e vinte e cinco páginas; com valiosas explanações a respeito de tal caso: A Luta armada de Princesa - de 1930.
Contra fatos não há argumentos - e - indiscutivelmente - essa obra versa sobre a verdadeira narração desses fatos que constituíram essa luta dos princesences. Realizada, inclusive, por alguém que estava lá, sentindo na carne os entraves por que passaram seus familiares, pois conta, na íntegra, como realmente aconteceram.
A História era nossa história de ninar, ouvida no berço, como contara Aloysio era assim: Epitácio Pessoa foi presidente da República, do STJ e do Congresso. O único brasileiro a presidir os chamados Três Poderes. Quis ser candidato segunda vez à presidência, em 1930, mas cedeu para Getúlio Vargas, ex-ministro de Whashington Luís. Epitácio indicou o sobrinho João Pessoa para ser presidente (governador) da Paraíba, e para vice-presidente de Vargas. Quando presidente do país, Epitácio criou uma vaga no STM para João Pessoa. A indicação do sobrinho para presidente da PB deu início ao fim de uma oligarquia e a uma briga na família Pessoa, pois outros sobrinhos queriam a herança política do tio Epitácio. João Pessoa, acumulando os cargos de presidente de Estado e de Presidente do Partido Liberal secção da Paraíba, tentou afirmar a oligarquia dos Pessoas expurgando toda a chapa federal de seu partido, deixando apenas um candidato à reeleição - o primo Carlos Pessoa, a dez dias das eleições de 1930.
Um dos convencionais e dirigentes do partido, e candidato a vice-presidente, o deputado estadual José Pereira Lima, principal suporte político de Epitácio ("o número um do epitacismo"), não aceitou a permanência de Carlos Pessoa na chapa. O deputado federal apoiado por José Pereira também fora expurgado: o juiz João Suassuna, pai do escritor Ariano Suassuna. Para sua vaga, José Pereira sugeriu Chateaubriand, que não foi aceito. José Pereira, líder político do próspero município de Princesa, no sudoeste da Paraíba, mais os Dantas e Suassunas, romperam com o presidente João Pessoa a uma semana das eleições. Pessoa não acatou o rompimento político e mandou uma força policial à cidade de Teixeira, base política dos Dantas. A polícia prendeu os principais da família Dantas, inclusive mulheres. Sabedor do constrangimento de seus aliados, José Pereira mandou um grupo armado para a cidade de Teixeira, a fim de libertá-los. Esse efetivo era mantido por José Pereira para dar combate ao cangaço e fora reforçado para resistir à Coluna Prestes. As tropas instituídas pelos governos estaduais na luta contra o cangaço tinham o nome de Batalhões Provisórios. As forças de resistência à Coluna Prestes eram os Batalhões Patrióticos. A volante de Princesa reunia essa dupla função.
Depois da reação de José Pereira, João Pessoa mandou sua polícia a Princesa para dar combate ao ex-aliado. Assim teve início a luta entre as forças invasoras de João Pessoa e a reação de José Pereira - a Guerra de Princesa. A tropa de Princesa cresceu com a adesão de voluntários e desertores da polícia, formando o Exército dos Libertadores. A paz só veio com o armistício feito pelo Exército Brasileiro, depois do golpe de 3 de Outubro.
Meu tio e coronel José Pereira Lima, o ZEPEREIRA, ex-seminarista e ex-acadêmico de Direito, era industrial do algodão, da cana-de-açúcar, agropecuarista, um pioneiro da geração de eletricidade e sócio de jornais. João Pessoa foi candidato a vice na chapa de Vargas. Pessoa nunca fora político; essas candidaturas a presidente do estado e vice-presidente da república vinham do prestígio do tio Epitácio. A chapa de Getúlio perdeu a eleição. Inconformados, seus aliados tentaram, em vão, um complô contra a legalidade. Era a Aliança Liberal - que nunca teve o apoio de João Pessoa... (às orelhas, relatadas pelo sobrinho, acadêmico e historiador Otávio Sitônio Pinto, insigne da APL e do IHGP).
Então, por último, caros leitores, digo-lhes que é um livro maravilhoso, com ampla argumentação, e primorosa ilustração. A meu ver, nunca é tarde pra verdade reluzir! A verdade é uma luz que jamais se apaga. Ela sempre estará lá. E a História é essa verdade que sempre deverá ser passada a limpo, pois, do contrário, é viver na inverdade.
Boa leitura!