1 Ilustríssimo Senhor
2 De Virtudes muy perfeito,
3 Vos devieis ser eleito
4 De todo Legislador.
5 Deus vos deu tanto primor
6 Que ão se acha vossa marca,
7 Muito sabido Patriarca,
8 De nobre gente Pastor.
1 Determinei te escrever
2 A minha sapataria,
3 Por ver Vossa Senhoria
4 O que sai do meu coser.
5 Que me quero intrometer
6 Nesta obra que ofereço:
7 Porque saiba o que conheço,
8 E quanto mais posso fazer.
1 Saira do meu coser
2 Tanta obra de louvores,
3 Que foguem muitos Senhores
4 De a calçar. A trazer. A tratar
5 Porque quero intrometer
6 Laços em obra grosseira:
7 Quem tiver boa maneira
8 Folgará muito de as ver.
1 Coso com linho assedado
2 Encerado a cada ponto:
3 Coso medo sem canto,
4 Que assim o quer o calçado.
5 Se vem algum avisado,
6 E demanda algumas solas
7 Eu lhas lanço em "avitollas", sem "vitollas"
8 Logo vai sobressolado.
1 A minha obra é muito segura,
2 Porque a mais é de correia:
3 A quem lhe parecer feia,
4 Entende mal a costura.
5 Eu faço a obra que dura,
6 E não ando pela rama:
7 Conheço bem a courama
8 Que convém à Criatura. À Cortidura.
1 Sei medir e sei talhar
2Em que menos assim pareça:
3 Tudo tenho na cabeça,
4 Se o quiser usar,
5 E quem me quiser grosar,
6 Olhe bem a minha obra:
7 E achará que ainda me sobra
8 Dois cabos para solar.
*** Bandarra foi um poeta português do século XVI que escreveu sua obra em oitavas, rimando o 1º com o 4º versos, o 2º com o 3º, o 4º com o 5ºe o 8º, o 6º com o 7º versos. Escritas em português arcaico de difícil compreensão, temos que traduzi-las antes de escrevê-las.
Joel Vieira.
2 De Virtudes muy perfeito,
3 Vos devieis ser eleito
4 De todo Legislador.
5 Deus vos deu tanto primor
6 Que ão se acha vossa marca,
7 Muito sabido Patriarca,
8 De nobre gente Pastor.
1 Determinei te escrever
2 A minha sapataria,
3 Por ver Vossa Senhoria
4 O que sai do meu coser.
5 Que me quero intrometer
6 Nesta obra que ofereço:
7 Porque saiba o que conheço,
8 E quanto mais posso fazer.
1 Saira do meu coser
2 Tanta obra de louvores,
3 Que foguem muitos Senhores
4 De a calçar. A trazer. A tratar
5 Porque quero intrometer
6 Laços em obra grosseira:
7 Quem tiver boa maneira
8 Folgará muito de as ver.
1 Coso com linho assedado
2 Encerado a cada ponto:
3 Coso medo sem canto,
4 Que assim o quer o calçado.
5 Se vem algum avisado,
6 E demanda algumas solas
7 Eu lhas lanço em "avitollas", sem "vitollas"
8 Logo vai sobressolado.
1 A minha obra é muito segura,
2 Porque a mais é de correia:
3 A quem lhe parecer feia,
4 Entende mal a costura.
5 Eu faço a obra que dura,
6 E não ando pela rama:
7 Conheço bem a courama
8 Que convém à Criatura. À Cortidura.
1 Sei medir e sei talhar
2Em que menos assim pareça:
3 Tudo tenho na cabeça,
4 Se o quiser usar,
5 E quem me quiser grosar,
6 Olhe bem a minha obra:
7 E achará que ainda me sobra
8 Dois cabos para solar.
*** Bandarra foi um poeta português do século XVI que escreveu sua obra em oitavas, rimando o 1º com o 4º versos, o 2º com o 3º, o 4º com o 5ºe o 8º, o 6º com o 7º versos. Escritas em português arcaico de difícil compreensão, temos que traduzi-las antes de escrevê-las.
Joel Vieira.