Escravas de Eros
Este foi livro escrito por Taty Ades e publicado pela editora ISIS. A autora é psicóloga e escritora de teatro, por isso, ela transmite suas ideias e conceitos de forma romanceada, através de contos, que fazem parte de uma história maior.
É um livro voltado especificamente para o público feminino, daí o título: Escravas de Eros - Como Reerguer sua Autoestima e se Libertar de Homens Complicados. Entretanto, uma amiga que tenho leu esse livro, mas queria uma opinião sobre seu conteúdo, então resolvi lê-lo também para poder opinar.
Escravas de Eros, ao contrário do que o título talvez nos faça imaginar, não é um livro erótico, mas um livro de uma psicóloga que, através de contos diversos, pretendeu apresentar a solução para um problema que atinge uma grande quantidade de mulheres no Brasil, que é a chamada Co-dependência. Existe, de fato, um problema muito sério que atinge muitas mulheres, um problema fácil de observar, inclusive: sabemos que a maior parte das mulheres prefere um cafajeste para se relacionar e outra grande parte gosta de homens fragilizados e dependentes.
A autora, que é psicóloga, classifica esses casos simplesmente como “homens problemáticos”.
Em relacionamentos com “homens problemáticos”, em via de regra, não há um compartilhamento no ato de amar, normalmente só as mulheres procuram demonstrar amor, pois, como sabemos, o cafajeste só usa a mulher como um objeto, não a ama; já o homem frágil e dependente suga o emocional da mulher como um vampiro, mas também não a ama, pois quem ama sempre tem algo a dar também.
A autora diz que as mulheres que se sujeitam a esse tipo de homem, o homem problemático, na verdade, são viciadas nesses relacionamentos, pois são mulheres mal resolvidas e sem perspectiva que procuram a sua autoafirmação na tentativa de mudar e “concertar” esses homens. Na verdade, bem lá no fundo, ela até prefere que ele continue do modo como está, apenas para que ela continue cuidando dele, por isso, ela se sujeita a humilhações diversas, espancamentos, traições e etc. sem reclamar, pois acredita que o sujeito não faz isso por mal, pois apenas está com problemas e ela é a única pessoa que pode ajudá-lo.
Como a autora bem coloca, é óbvio que são essas mulheres que precisam de ajuda.
Até aí, concordo plenamente com a autora, mas então a coisa muda de rumo e aquilo que poderia ser um livro de apoio psicológico muito útil passa a ser, a meu ver, um desabafo pessoal da autora contra o mundo e a simples divulgação de seu modo pessoal de entender as pessoas. Como uma pessoa revoltada, ela generaliza demais, ou seja, ela usa esses exemplos patológicos específicos para dizer que toda forma de amor é doentia, por exemplo. Ela chega ao ponto de dizer que quando uma pessoa simplesmente se importa com outra e quer o bem dessa outra pessoa, então já está doente. É como se uma pessoa insensível, indiferente e egoísta é que fosse saudável. Em um de seus contos no livro, ela coloca um médico sugerindo à suas pacientes que desenvolvam o egoísmo, que sejam egoístas a ponto de não lingarem para mais ninguém no mundo.
Então eu pergunto, será que madre Thereza de Calcutá era doente, então? Jesus Cristo quando disse que deveríamos amar ao próximo também era doente? Um pai ou uma mãe que ama seu filho e o protege também está doente, pois o certo seria largá-lo no mundo como se fosse um bicho?
Egoísmo significa pensar exclusivamente em si e ser completamente indiferente aos sentimentos e dor alheios. É uma forma de viver que nos impede de compreender outras pessoas, pois anula por completo a capacidade de empatia que naturalmente desenvolveríamos.
Mahatma Gandhi disse: “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.”
Haveria instituições de caridade, clínicas para drogados ou instituições religiosas (evangélicas, católicas ou espíritas) para combater a fome e dependência química se todos fossem egoístas?
A autora identificou um problema reconhecidamente patológico, mas quis aplicar a suposta cura para esse fato específico para TODAS as outras pessoas. Seria o mesmo que usar remédio de gripe também para curar câncer, catapora, osso fraturado e ainda usar como vitamina.
Eu falo suposta cura, pois não creio que o egoísmo pode ser cura pra algo, na verdade, é mais provável que seja a fonte de tais males, pois, como a autora colocou, a mulher nessa situação está viciada na vida problemática de seu parceiro a ponto de querer que ela NÃO se cure, então ela está sendo egoísta, pois está pensando em si e não nele. Isso é óbvio.
A verdadeira expressão do amor é a capacidade de ser altruísta e solidário, isso só pode acarretar o bem e nunca o mal.
É isso.
Visite meu blog: pensadorlivre-bill.blogspot.com