Resenha Crítica de "FEIA - A história real de uma infância sem amor – Constance Briscoe
Constance Beverly Briscoe – Clare, é FEIA, a personagem central da obra homônima que se passa em Londres em meados da década de 60.
Maltratada, humilhada e abandonada pela mãe, a menina feia que todos acreditavam que nunca seria ninguém, só soube que o próprio nome era Constance ao matricular-se na faculdade. Tornou-se juíza, casou-se com um dos conselheiros da rainha e tem dois filhos. Foi processada por difamação e calúnia pela própria mãe, mas saiu vitoriosa na ação, assim como na vida.
Realmente é uma história de superação. Constance era chamada pela mãe de Clare, pois era considerada “transparente”, era como se nem existisse, até mesmo seu nome a mãe lhe omitiu.
Carmem a agredia física e moralmente constantemente, ocasionando diversos problemas de saúde, dentre os quais a enurese, fruto da pressão psicológica que sofria. Seu emocional foi tão abalroado que ela fez cirurgias plásticas para mudar o nariz e os lábios.
Ainda com onze anos , chegou a pedir ajuda em um abrigo para menores, mas como esta lhe foi negada, tentou suicidar-se tomando alvejante para “matar os germes” que a mãe tanto dizia que eram como ela. Se ela era como um germe, morreria ingerindo alvejante. Passou, em vários momentos, por abusos de ordem sexual, até mesmo de pessoas “confiáveis”.
Seu pai, George Briscoe, é citado na biografia por diversas vezes, Constance demonstra o quanto ele era importante para ela, porém nos dá a impressão nítida de omissão; afinal que pai sabendo de tantos abusos deixaria a filha à mercê de uma mulher doente como Carmem se mostrava?
Abandonada à própria sorte aos treze anos de idade, Clare passou a trabalhar e estudar para ser advogada. A biografia é emocionante, os relatos bem detalhados fazem com que o leitor odeie Carmem Briscoe-Mitchell tanto quanto a filha. Porém, o que me chamou à atenção, e para a maioria das pessoas que leram o livro, talvez tenha passado desapercebido, foi o fato de Constance ter sido influenciada e incentivada por uma professora. Talvez por eu ser professora e ter uma visão utópica de querer fazer a diferença, relatos assim que me emocionam, me fazem crer verdadeiramente na humanidade.
Mais do que a crueldade dessa mãe, que nem merece esse título, por assim dizer, a coragem dessa menina e a humanidade dessa professora fizeram a grande diferença em uma vida que, poderia ter se acabado ainda na tenra idade de onze anos.
Nem pai, nem irmãos, nem ela mesma, e muito menos a mãe. A pessoa que salvou a vida de Constance Briscoe foi uma professora.
Por Isabel Cristina Oller
Professora de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e respectivas literaturas.