Anti - Cultural. Prólogo

Primeiro as dores. Depois os humanos. É assim que, normalmente vejo as coisas, ou pelo menos é o que tento. Sinceramente, tento ser otimista à respeito de tudo isso - dores, humanos... a vida - embora alguns sintam-se impedidos de acreditar em mim, seja qual for meu argumento. Mas ainda assim peço, confie em mim. Sim, eu sei ser animada, sei ser amável. Sei ser de tudo, menos injusta.

Eu poderia começar me apresentando apropriadamente - onde estão meus bons modos? - mas isso não será necessário. O que importa não é quem eu sou, e sim, quem me tornei diante dos fatos, e o que me tornei diante da vista de algumas pessoas. Para uns, sou louca; sou também a amante dos loucos, dos incomuns. Para outros - e talvez sejam esses os loucos - sou apenas eu mesma, com variações bruscas de humor.

- Um fato-

Eu não sou normal, apenas.

Porém, também não sou tããão anormal assim, basta saber que em algum ponto da vida, a morte irá se erguer sobre mim, e a alma que habitara o meu corpo, que o usara como casca já não me pertencerá mais. Virarei duas coisas distintas - dois por um, corpo e alma - e assim irei embora, gentilmente. E depois disso: Quem poderia me substituir? Quem tomaria o meu lugar nas vidas das pessoas que me amaram? Ou na vida daqueles que, com tanto fervor me odiaram, que passaram a se importar se vivo ou se morro?

E do que tudo isso adiantaria se eu já estivesse morta por dentro? E estava. Nasci morta, por assim dizer. Pra mim, uma pessoa só começa a viver quando ela tem um motivo pra isso, um motivo real, e não apenas, vive por viver. Mal sabem vocês, que passei 16 anos da minha vida, morta. É confuso, mas façam um esforço, pensem um pouco e tentem entender meus conceitos e pontos de vista sobre vida e morte.

O ser humano é estranho, disto tenho certeza, cada um em sua essência tem sua estranheza, seja ela simples ou bizarra, seja ela alegre ou dolorosa, com seus pulmões esgotados e seus corações vazios, arrastando seus corpos para o limite do abismo, alguns estando ainda mortos desde que nasceram, enquanto outros são apenas deixados para trás. E é exatamente o que me trás a essa história que vos conto, este dia ou esta noite, na vida, ou ainda na morte do seu ser. É uma história sobre dois sobreviventes, dois seres humanos estranhamente bizarros, cheios de dores e profissionais em serem deixados para trás... Entre outras várias coisas, essa é só uma pequena grande história.

Katara Quincy
Enviado por Katara Quincy em 10/10/2013
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