Resenha do livro: V de vagina: Sexo e romance da autora mozzigensse Adriana Rocha.
A obra aqui resenhada denota com uma linguagem coloquial, sem sinônimos numa sensualidade nata, a necessidade de por parte do sexo feminino uma quebra de: tabus, preconceitos, estigmas e paradigmas. A autora Adriana Rocha, indiretamente nos chama atenção para pensamos, nos nossos desejos mais secretos e nas nossas liberdades, ou melhor dizendo, nas nossas “libertinagens secretas” coisa extremamente repudiada e condenada públicamente pela corrente ideológica, massificante, machistas, moralistas cristãs e hipócritas. Corrente essa, que usa a religião para fins próprios e não para ensinar a verdade de Deus. Pois os dessa corrente, lá nos silêncios dos motéis e apartamentos alugados, também fazem uso e com toda naturalidade dessas mesmas “libertinagens” e de forma cruel.
Rocha neste romance erótico para abordar um tema que é um tanto polêmico quanto natural, belo, saboroso e prazeroso para os seres humanos, que é praticar sexo em suas mais variadas formas, cria então duas personagens interessantes. Lívia que no enredo erótico incorpora uma mulher madura, sensual, atraente, inteligente e bem resolvida sexualmente, emocionalmente e financeiramente, sem pretensão alguma de se prender a um envolvimento afetivo duradouro. Mas apenas curtir a sua liberdade e autonomia de ser livre para viver sem qualquer peso de consciência as suas mais loucas fantasias sexuais. É também uma escritora desprovida de qualquer medo ou pudor quando o assunto for sentir prazer, a mesma sai em busca de uma aventura que a inspirasse o seu mais novo trabalho fictício. Para melhor definir Lívia, seria: uma mulher com o sexo a flor da pele. Lívia aqui retrata a mulher que dar prazer em ter.
E, Rafael uma figura masculina bem trabalhada fisicamente, como também, um ser extremamente atento as oportunidade que lhe aparece. Rafael é um homem viril, fogoso, inteligente, romântico, aquele tipo que como bem definiu Rocha, um macho que deixa a sua presa de “boca” por ele. Nada que não o deixasse seu ego extremamente massageado, mas que o coloca numa posição de dominador com o controle da situação. E como todo experiente caçador que sabe o momento exato de prender ou melhor “pegar” a sua caça e saborear cada paladar que a presa pode lhe proporcionar deixando-a bem a vontade. Mas, Rafael sabe também ás artimanhas da sedução numa deixa de simplicidade e elegância. Para definir Rafael de uma forma mais simples seria: o homem na hora e no momento certo. Rafael aqui retrata o tipo de homem que tira as mulheres do sério.
Fazer sexo ou como uns dos termos usados por Rocha “foder” ou ainda numa linguagem mais civilizada fazer amor, sem ter o julgamento de uma sociedade extremamente, entre “aspas, fechada” numa racionalidade cristã é uma grande aventura. Pois os seus lideres religiosos usam essa mesma racionalidade para podar os seus adeptos e os demais de suas fantasias intimas, ditando as regras de um jogo que forje do seu domínio. Pois na intimidade de cada indivíduo ou de um casal seja eles namorados, noivos, casado e até mesmos de uma curtição como retrata o romance, diz respeito somente as partes envolvidas. Lembrando aqui que há de se ter consciências dos atos, sem o machucar ninguém no caso de uma relação conjugal fechada, entendendo as responsabilidades assumidas.
Rocha ao longo do enredo erótico trabalha com muita maestria a masturbação (siririca para a mulher e punheta para o homem) e o como explorar a seu bel prazer ao máximo a fonte e as formas de GOZAR ou sentir PRAZER sem a penetração natural do pênis na vagina vice e versa (pinto ou pau, buceta ou xana). A mulher na e ao logo da história foi vista de forma submissa em todos os sentidos, tida como aquela que não tem nenhum direito de sentir prazer, tida apenas como um mero instrumento de procriação e perpetuação da raça humana. Mas nos últimos tempos, mais precisamente a partir do século dezenove com a revolução feminista e posteriormente com a revolução sexual, a mulher vem cada vez mais tomando consciência de si e do seu lugar de igual peso com o homem nessa sociedade machista e patriarcal preconceituosa.
A mulher vem com muita determinação e coragem vem conquistando seu espaço no mundo e, cada vez mais ela vem deixando de ser num primeiro momento a caça, mais ao pegar sua presa ela ainda prefere ser dominada por ela a presa. Pois, não abre mão de sua independência e liberdade conquistada na relação. Já o homem, que tem virado caça, se aproveita da situação, se deixa ser dominado por conveniência, por outro lado essa inversão de papeis mostra que as transformações de mentalidade tem impulsionado uma nova era, uma sociedade mais aberta e os indivíduos demonstrando com mais liberdade a sua sensualidade aflorada na sensibilidade.
Um dos tabus que Rocha mostra e consegue trabalhar com coerência é a masturbação feminina. E por que não a mulher não se masturbar? Se ela tem o domínio do seu corpo, das suas sensações, das suas imaginações e emoções, se o grelo é dela. Assim como o pênis (ou pinto no coloquial) é do homem. Porem, respeitando a individualidade de cada um seja homem ou mulher, não se pode desconsiderar aqui a necessidade do encontro de dois corpos que também é natural e saudável, isso por que macho e fêmea se completam para além das fantasias. A masturbação é um dos insteis de proibição da lista negra do meio religioso, mas a orgia e ostentação não, muito menos a pedofilia. A masturbação é um ato extremamente seguro e higiênico como concorda Rocha.
Umas das marcas social ou estigma que isola o indivíduo na sociedade que a autora aborda é o fato de uma mulher solteira agir pelo impulso e transar com quantos ou quantas ela sentir vontade, pois seria preconceituoso desconsiderar no universo humano a homossexualidade como também a bissexualidade. Tal situação a desqualifica sua integridade moral sendo considerada como uma devassa. Consequentemente, essa mesma mulher que foge as regras e a moral cristã e machista é vista de forma preconceituosa, sendo entendida equivocadamente como uma profissional do sexo. Mas, para o homem que pega todas é sinônimo de ser macho com M, sendo encarado como normal para sociedade.
Uma quebra de paradigma que Rocha desdobra no romance fica no campo da cultura e da liberdade, a fragilidade feminina não a torna desmerecida de buscar os seus direitos e a sua liberdade, pelo contrario a mulher é muito mais forte do que se imagina. Tanto que a nova geração de mulher subverteu culturalmente a ideia que há algumas décadas atrás predominava a de que lugar de mulher era na frente do fogão, cuidado dos filhos, dos afazeres domésticos e o mais primordial servir o marido sexualmente sem sentir prazer. Outra ideia que aprisionava a mulher culturalmente ao homem numa relação desgastante e infeliz, era a de que o casamento teria que durar a vida toda. A mulher quebrou esse paradigma, conquistando como já foi dito a sua liberdade em todos os campos dos direitos. Direito a votar, a trabalhar fora do lar, a ter filhos independentes e o mais significante o direito de ter orgasmo.
O romance erótico de Adriana Rocha galga num grito veemente de liberdade, um grito que por décadas fora sufocado pelo machismo imbecil das gerações de homens passadas mesmo com as exceções. O trabalho fictício é uma explosão de tesão e momentos safadinhos e excitantes que convida o leitor a interagir com os protagonistas, viajando com as mesmas loucuras fantasiadas e vividas por Lívia e Rafael. Neste sentido, recomendo aos maridos ou esposas que quer dar uma esquentada na sua relação conjugal. E as mulheres como também aos solteiros (as) que queira se tocar e dar ao seu parceiro (as) mais excitação que leia essa excitante e quente obra. Pois é do homem e da mulher, o amar e se sentir amada (o) o se envolver e se deixar se envolver, o se sentir, o ser e se sentir feliz, o se tocar e se sentir ser tocada (o) o dar e sentir prazer. É também do homem e da mulher o viver e viver intensamente.
Joabe Tavares de Souza.