Elizete Giardini fez da poesia sua arte

ESCRITORA DA SEMANA

Diário de Sorocaba, domingo e segunda-feira 8 e 9 de abril de 2007

Elizete Giardini Rosa nasceu em Sorocaba em 1951. Formou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba e em Psicologia, pela Unimep. Colaborou durante dois anos com o jornal O Diário de Sorocaba, escrevendo sobre os eventos artísticos da cidade.

Em 73, foi para S.Paulo e ganhou o primeiro lugar num concurso concorrido - o “Prêmio Estímulo 73” (Governador do Estado), na categoria Poesia. Em 76, ganhou outro primeiro lugar, o “Prêmio Rodrigues de Abreu. Estas e outras poesias, que tratam sobre o meio ambiente e sua vida, reúnem-se na obra: “O Caçador de Laranjas”. O título da obra é o mesmo de uma poesia que fez para seu pai, Homero, ou mais conhecidamente, o “Mero”. Dizem que fora sempre bem vestido, em suas camisas de mangas compridas com ligas e suspensórios.

Tinha um sorriso maravilhoso, cabelos de Clark Gable e sua inseparável boina de feltro. O dedo indicador fora perdido num tiro durante uma caçada. Em outra, poesia, a autora rememora a infância com “cheiro de bolo no ar, a vó, o vô, a tia”, “a floresta”, como lhe parecia, o que é hoje o matagal no quintal vizinho. Às filhas, Renata e Raquel, dedicou uma poesia especial para cada qual.

Um melhor presente de mãe não poderia existir. Elizete, em sua poesia, cria um clima de palavras precisas, densas e belas: “Palavras são cacos de caleidoscópio”, cacos “que embaralho e viram música, preces, emoções”. “São universos fechados, bilhetes premiados, bolhas de sabão”.

Eis mais um poema, onde a autora, com extrema sensibilidade e utilizando-se da experiência de professora, fala do aluno e do professor vendo a verdadeira vida lá fora da sala de aula, deixando a existência deles. Ambos presos feito carcereiro e condenado -uma “vida entre parênteses”.

A poetisa é capaz de descrever com sabor, o sino da igrejinha de marzipã (um bolo de casamento) – e dizer que ele está... “à espera de um toque, doce apelo, santo zelo”. Fala ainda do Tietê “seguindo seu curso sem muito discurso”, “espelhando cidades, alinhavando favelas”. A poesia de Elizete é triste, sim, ela fala do Tempo “cumprindo um velho sonho de clarabóia e vitrais”, e se angustia com a rotina da vida, que aniquila a criatividade do artista: “Ainda bem que a rotina não me tirou a fome de beleza e de vida, ainda bem!” (Douglas Lara)

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 09/04/2007
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