O diálogo entre o ensino e a aprendizagem - Telma Weinz
RESUMO
Na teoria empirista o que é demonstrado é que o conhecimento é adquirido através do estímulo-resposta, onde o conhecimento é interiorizado através dos sentidos. Para Paulo Freire, é a “educação bancária”, onde conhecimentos são "depositados e sacados”.
Na educação empirista, o professor aprendia e seguia passos, que eram atos cegos a serem seguidos, sem entender como, porque e quando ensinava alguma coisa.
As crianças aprendiam, mas não se sabia explicar como nem por quê. Talvez aprendessem apesar do professor.
Era a escola era determinava quem teria sucesso ou fracasso na sociedade. Assim era fácil a dominação da maioria da população fracassada, por uma minoria que mandava.
Claparède, diz que a criança só aprende pela necessidade. Partindo dessa idéia, os pensadores da Escola Nova, pensaram na aprendizagem pela descoberta, e na medida da necessidade, as crianças buscariam o conhecimento. Foi nesse momento que surgiram as práticas pedagógicas espontaneístas, esquecendo que a escola é uma instituição social com fins claros e objetivos. O aluno deveria aprender a aprender, independente do que aprendesse. Assim, a escola falhou, pois não oferecia as crianças pobres condições de aprendizagem da cultura necessárias à cidadania.
Piaget , a partir da teoria do conhecimento, explica que os os conhecimentos avançam, do menos para o mais elaborado, e Emília Ferreiro, a partir da Psicogênese da Língua Escrita faz com que seja dado um salto na compreensão das questões da educação. A psicogênese abriu a possibilidade do professor olhar para a criança e acreditar que para aprender ela pensa, que aquilo que ela faz tem lógica e que se não se enxerga é porque não se tem instrumentos suficientes para perceber o sentido que está posto ali.
Acreditar que o aluno pensa, que é capaz é fundamental pois só assim podemos respeitá-lo e apoiá-lo, incentivando seu crescimento.
O professor que trabalha a proposta construtivista precisa construir conhecimentos de diferentes naturezas, que lhe permitam ter claros os seus objetivos, selecionar conteúdos pertinentes, enxergar na produção de seus alunos o que eles sabem e construir estratégias que os levem a novos patamares de conhecimento.
A prática pedagógica é complexa e contextualizada, assim é possível dizer que não existem fórmulase receitas prontas para uma sala de aula. O aluno é quem realiza a aprendizagem, pois transforma informação em conhecimento, pensando, recebendo ajuda sendo desafiado e interagindo com outras pessoas. No construtivismo, o professor também é um aprendiz.
Ser construtivista não significa deixar o aluno fazer o que ele quer, da forma que quiser, mas significa fornecer conhecimentos, fazer intervenções, corrigir, indicar caminhos, avaliar, analisar e repensar sempre os resultados. É necessário conhecer a teoria contrutivista para aplicá-la! É preciso compreender o caminho de aprendizagem que o aluno está percorrendo naquele momento, identificar as informações e as atividades que lhe permitam evoluir, pois é o processo de ensino que precisa se adaptar ao da aprendizagem.
Hoje o perfil do professor é de um profissional que reflete enquanto age, pode tomar decisões, muda rapidamente o rumo de sua ação, interpreta as respostas dos alunos e autocorrige-se.
Os processos de ensino e aprendizagem caminham juntos, mas não são um só.
Características de boas situações de aprendizagem:
- os alunos precisam pôr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo que se quer ensinar;
- os alunos têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõem produzir;
- a organização da tarefa pelo professor garante a máxima circulação de informação possível;
- o conteúdo trabalhado mantém suas características de objeto sociocultural real, sem se transformar em objeto escolar vazio de significado social.
Aprender, para a criança, é ter de reconstruir suas idéias lógicas a partir do confronto com a realidade.
A educação escolar deve favorecer e garantir a oportunidade de aprendizagens similares às crianças de todas as classes sociais, para que todas possam ser inseridas de forma igualitária na sociedade. Isso se dá por meio da participação na cultura, através da leitura de clássicos, Internet, arte, possibilitando conhecimento em todas as áreas do conhecimento, em todas as linguagens e possibilidades.
O professor é a peça-chave de uma microssociedade. É ele quem estabelece o seu funcionamento, e é a referência de atos, atitudes e posturas a serem adquiridos por seus alunos. É a partir de suas concepções que os alunos irão trocar informações entre si, discutir de maneira produtiva e solidária e aprender uns com os outros e assim, desenvolverão a cooperação e o respeito intelectual.
O registro do trabalho do professor é muito importante para avaliação e reavaliação do trabalho. Avaliar a aprendizagem do aluno é também avaliar a intervenção do professor, já que o ensino deve ser planejado e replanejado em função das aprendizagens conquistadas ou não.
Se quizermos fazer da escola um ambiente que forme cidadãos mais preparados para o mundo atual, é necessário que cada um dos profissionais envolvidos nesse processo assuma o seu papel de agente transformador.
Para assumir tamanha responsabilidade e envolvimento, é preciso que o professor seja melhor remunerado e tenha condições de trabalho adequadas. A sociedade precisa tomar consciência de que o professor é um profissional indispensável e que a valorização dessa classe é urgente e imprescindível para que a escola tenha a qualidade esperada, e a sociedade receba de volta cidadãos capazes de mudar a realidade de hoje.
APRECIAÇÃO CRÍTICA
Magnífico o livro de Telma Weinz, que de forma agradável, através de depoimentos, demonstra a importância que o construtivismo tem nos dias de hoje.
Durante muito tempo (posso dizer que eu, até o momento da leitura desse livro) entendemos o construtivismo de forma distorcida, acreditando que a criança deveria aprender sozinha, de que o professor seria dispensável, levando muitos professores a aplicarem a prática do “não preciso ensinar, pois ele aprende sozinho”, ou simplesmente deixarem de lado essa maravilhosa teoria, e continuar usando a famosa fórmula do tradicionalismo, ou melhor, do ba-be-bi-bo bu-bão!.
Piaget e Emília Ferreiro deixam claro que a intervenção do professor é imprescindível e de forma nenhuma pode estar ausente do processo de aprendizagem.
É necessário que o professor conheça a fundo o que é construtivismo, como fazer para transformar o método em prática, e isso requer estudo e observação constantes. Ser construtivista é acreditar na capacidade das crianças e na sua própria, de vencer convenções e de se abrir para uma nova visão de educação. Ser construtivista é estar disposto a aprender sempre, e não são todos que tem essa disposição!
Mudar as pessoas e provocar transformações na sociedade não é tarefa para qualquer um, mas é obrigação para educadores que se comprometem com a educação.Acreditar que com dedicação e qualidade as crianças podem dar o melhor de si é colocar a a sociedade em processo de mudança: mudança de postura, de pensamentos, de qualidade da educação. Mudando, a sociedade entenderá o quão importante é o professor, e a sua dignidade retornará em melhores condições de trabalho e em remuneração adequada ao papel que exerce nessa sociedade.
Uma sociedade solidária, justa, humana, sem preconceitos, alegre e feliz é o que pretendem contruir esses professores. Pessoas reais, que lutam e sonham com uma vida melhor para todos! Pessoas normais, que apenas usam do dom de suas palavras, o seu conhecimento, e seus exemplos para semear sonhos e ideais no coração de todos os alunos que passam todos os anos pelas salas das escola. Sala de paredes tristes e frias, que só são transformadas em jardins de sonhos quando o professor é um agricultor... um semeador de idéias e de alegria.
É imensa a responsabilidade que está em castrar ou em fazer voar!
A sociedade precisa de semeadores de sonhos! As crianças precisam aprender a voar com suas próprias asas! O professor precisa cumprir sua missão: acreditar, amar e confiar sempre no ser humano!
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