O GUERREIRO
“O homem encarnado no mundo natural não pode esquivar-se da ação um instante sequer: Sua própria existência em baixo do céu é ação, pois o universo inteiro é um ato de Deus, e o simples fato de o universo existir já consiste no movimento de Deus.”
Shri Aurobindo- Comentários à Bhagavad Guita
O oposto da coragem é a covardia. O homem que não sabe lutar pelo que quer, não tem coragem de defender os seus valores, não se compromete com nada e não se apresenta quando dele se necessita, está em franca oposição com o seu Guerreiro interior.
É da natureza humana o espírito de luta. Esse arquétipo está na conformação original do nosso cérebro simboliza a reação típica de ataque e defesa que nos impulsiona toda vez que sentimos que algum perigo nos ameaça. Segundo Goleman, essa é uma função que já está presente na camada reptiliana do nosso cérebro, a primeira estrutura cerebral desenvolvida pela nossa espécie.[1]
Há várias formas de luta. Bater, agredir, defender-se, recuar, são ações proativas que se originam no nosso cérebro límbico. São respostas primárias, instintivas, que não passam pela avaliação crítica da mente consciente. Estão insertas em nosso “programa” de sobrevivência, e já fazem parte da nossa base de dados, desde o momento em que somos concebidos.
Negociar, compreender, perdoar, tolerar, protelar, são outras formas de luta que são geradas na camada do neocortéx. Estas são opções organizadas, que a mente consciente emite após criteriosa avaliação. Constituem respostas que a experiência da vida em sociedade nos sugere e mais elaboradas se tornam quanto mais sofisticado é o ambiente em que se vive.
Todas são estratégias válidas de ação e usar uma ou outra depende do momento e da situação que estamos vivenciando. Não tem sentido tentar argumentar nem negociar com um animal selvagem que nos ataca, ou mesmo com uma pessoa que esteja fora de seu juízo normal, ou alguém que nos agride fisicamente.
De outra forma, sair dando pancada em todas as pessoas que
por algum motivo nos desagradam revela a presença de uma inteligência emocional bem restrita. Como bem observa o filósofo Aristóteles, há momentos em que é preciso brigar, mas tem que ser com a pessoa certa, no momento certo, no lugar certo e pela razão certa.
Winston Churchill, o famoso Primeiro Ministro inglês que governou a Inglaterra durante a segunda guerra mundial dizia que o grande erro dos aliados foi não ter enfrentado Hitler quando ele começou a botar as mangas de fora. Uma guerra em 1938, na época em que o ditador alemão invadiu a Techoslováquia e a Áustria seria mais fácil de ser vencida do que um ano mais tarde, e não teria custado tantas vidas e recursos como custou um ano mais tarde, na opinião dele.
De outra forma, o maior de todos os mestres que já veio ao mundo nos aconselhou a não resistir ao mal. Quando formos feridos na face direita, ofereçamos também à esquerda, disse ele. Ele disse isso porque acreditava que a não-reação á agressão desarma o agressor com mais eficiência do que o recurso á violência. Gandhi aceitou esse conselho e conseguiu a independência da Índia sem disparar um único tiro. A cada agressão dos imperialistas ingleses ele respondia com atos de desobediência civil, mas nunca com recurso à violência. Quem estava certo? Churchill ou Gandhi? Em nossa opinião os dois estavam certos. Só a ocasião é que nos pode dizer quando devemos lutar com as ferramentas da paz ou as armas da guerra.
A vida nos coloca todos os dias em situações que nos incita á luta. Por isso precisamos saber trabalhar com o nosso espírito Guerreiro. Saber quando acessá-lo. É perigoso deixar que ele tome conta da nossa personalidade, porque senão nos tornaremos gladiadores natos ou verdadeiros hooligans. Por outro lado, não podemos ser totalmente compassivos e tolerantes com as agressões sofridas a ponto de prejudicarmos os nossos resultados pela recusa em não lutar fisicamente. Isso quer dizer que nem sempre poderemos oferecer o outro lado da face.
O Guerreiro deve ser chamado naqueles momentos em que não se pode contemporizar, negociar, nem fugir. Naquelas ocasiões em que a recusa em lutar, em fazer valer as nossas razões, pode nos conduzir a perdas irreparáveis. É nesses momentos que o nosso espírito de luta precisa se manifestar com toda sua força.
Mas não só nesses momentos. O Guerreiro nos serve também em outras situações, quando se precisa de um líder, de alguém que assuma a responsabilidade, que se apresente para guiar o grupo. Por isso o caminho do Guerreiro se expressa fundamentalmente pela capacidade de Presença, firme e constante, sem omissão nem constrangimentos.
E assim se justifica que seu princípio orientador seja mostrar-se e optar por estar sempre presente. Essa, aliás, é a principal característica do homem de luta, sinônimo de um líder natural. Servir é a sua divisa. Isso significa nunca fugir da luta. De um modo ou de outro, ele está sempre combatendo o bom combate.[2]
O CAMINHO DO GUEREIRO- extraído do livro "Códigos da Vida"- Clube dos autores 2012
GERREIRO Função: Estimular a vontade e a determinação para a luta. Liderança |
Principio orientador Estar sempre presente e comprometido com uma causa. |
Virtudes Honra e respeito Congruência Responsabilidade e disciplina Autoconfiança |
Poderes Presença Comunicação Posicionamento |
“O homem encarnado no mundo natural não pode esquivar-se da ação um instante sequer: Sua própria existência em baixo do céu é ação, pois o universo inteiro é um ato de Deus, e o simples fato de o universo existir já consiste no movimento de Deus.”
Shri Aurobindo- Comentários à Bhagavad Guita
O oposto da coragem é a covardia. O homem que não sabe lutar pelo que quer, não tem coragem de defender os seus valores, não se compromete com nada e não se apresenta quando dele se necessita, está em franca oposição com o seu Guerreiro interior.
É da natureza humana o espírito de luta. Esse arquétipo está na conformação original do nosso cérebro simboliza a reação típica de ataque e defesa que nos impulsiona toda vez que sentimos que algum perigo nos ameaça. Segundo Goleman, essa é uma função que já está presente na camada reptiliana do nosso cérebro, a primeira estrutura cerebral desenvolvida pela nossa espécie.[1]
Há várias formas de luta. Bater, agredir, defender-se, recuar, são ações proativas que se originam no nosso cérebro límbico. São respostas primárias, instintivas, que não passam pela avaliação crítica da mente consciente. Estão insertas em nosso “programa” de sobrevivência, e já fazem parte da nossa base de dados, desde o momento em que somos concebidos.
Negociar, compreender, perdoar, tolerar, protelar, são outras formas de luta que são geradas na camada do neocortéx. Estas são opções organizadas, que a mente consciente emite após criteriosa avaliação. Constituem respostas que a experiência da vida em sociedade nos sugere e mais elaboradas se tornam quanto mais sofisticado é o ambiente em que se vive.
Todas são estratégias válidas de ação e usar uma ou outra depende do momento e da situação que estamos vivenciando. Não tem sentido tentar argumentar nem negociar com um animal selvagem que nos ataca, ou mesmo com uma pessoa que esteja fora de seu juízo normal, ou alguém que nos agride fisicamente.
De outra forma, sair dando pancada em todas as pessoas que
por algum motivo nos desagradam revela a presença de uma inteligência emocional bem restrita. Como bem observa o filósofo Aristóteles, há momentos em que é preciso brigar, mas tem que ser com a pessoa certa, no momento certo, no lugar certo e pela razão certa.
Winston Churchill, o famoso Primeiro Ministro inglês que governou a Inglaterra durante a segunda guerra mundial dizia que o grande erro dos aliados foi não ter enfrentado Hitler quando ele começou a botar as mangas de fora. Uma guerra em 1938, na época em que o ditador alemão invadiu a Techoslováquia e a Áustria seria mais fácil de ser vencida do que um ano mais tarde, e não teria custado tantas vidas e recursos como custou um ano mais tarde, na opinião dele.
De outra forma, o maior de todos os mestres que já veio ao mundo nos aconselhou a não resistir ao mal. Quando formos feridos na face direita, ofereçamos também à esquerda, disse ele. Ele disse isso porque acreditava que a não-reação á agressão desarma o agressor com mais eficiência do que o recurso á violência. Gandhi aceitou esse conselho e conseguiu a independência da Índia sem disparar um único tiro. A cada agressão dos imperialistas ingleses ele respondia com atos de desobediência civil, mas nunca com recurso à violência. Quem estava certo? Churchill ou Gandhi? Em nossa opinião os dois estavam certos. Só a ocasião é que nos pode dizer quando devemos lutar com as ferramentas da paz ou as armas da guerra.
A vida nos coloca todos os dias em situações que nos incita á luta. Por isso precisamos saber trabalhar com o nosso espírito Guerreiro. Saber quando acessá-lo. É perigoso deixar que ele tome conta da nossa personalidade, porque senão nos tornaremos gladiadores natos ou verdadeiros hooligans. Por outro lado, não podemos ser totalmente compassivos e tolerantes com as agressões sofridas a ponto de prejudicarmos os nossos resultados pela recusa em não lutar fisicamente. Isso quer dizer que nem sempre poderemos oferecer o outro lado da face.
O Guerreiro deve ser chamado naqueles momentos em que não se pode contemporizar, negociar, nem fugir. Naquelas ocasiões em que a recusa em lutar, em fazer valer as nossas razões, pode nos conduzir a perdas irreparáveis. É nesses momentos que o nosso espírito de luta precisa se manifestar com toda sua força.
Mas não só nesses momentos. O Guerreiro nos serve também em outras situações, quando se precisa de um líder, de alguém que assuma a responsabilidade, que se apresente para guiar o grupo. Por isso o caminho do Guerreiro se expressa fundamentalmente pela capacidade de Presença, firme e constante, sem omissão nem constrangimentos.
E assim se justifica que seu princípio orientador seja mostrar-se e optar por estar sempre presente. Essa, aliás, é a principal característica do homem de luta, sinônimo de um líder natural. Servir é a sua divisa. Isso significa nunca fugir da luta. De um modo ou de outro, ele está sempre combatendo o bom combate.[2]
[1] Inteligência Emocional,op. citado.
[2] É do Apóstolo Paulo de Tarso a expressão “combati o bom combate.”