O Caminho Quádruplo
                              
Na tradição xamânica, os quatro arquétipos acima referidos correspondem aos quatro caminhos, ou estruturas que a mente humana desenvolveu ao longo da sua evolução. Ele é o chamado Caminho Quádruplo, descrito por Angeles Arrien em seu estudo clássico.[1]
Assim é que o ser humano deve trilhar os caminhos do Guerreiro, do Curador, do Visionário e do Mestre, se quiser viver e desfrutar de todas as potencialidades que a natureza lhe prodigalizou. E ao trilhar esses caminhos ele desenvolve em si as competências do Líder Natural, competências essas que todas as pessoas têm, mas dificilmente exercem com plena eficiência.
Isso significa que nós precisamos desenvolver o potencial de luta, porque o propósito de todo ser humano é vencer, é realizar, é conquistar.
     Precisamos desenvolver o potencial de cura, porque necessitamos curar as feridas pessoais que a luta pela vida provoca e também saber sanar os males que comprometem a saúde do ambiente em que vivemos.
Devemos estimar a capacidade de Sonhar, porque uma das funções do ser humano é ver além da realidade que lhe é posta diante dos olhos.
E finalmente, necessitamos desenvolver a habilidade de Aprender e Ensinar, pois dela depende a sistematização do conhecimento e a sua transmissão aos descendentes.
Como vimos no capítulo anterior, os comportamentos de Lutar, Curar, Sonhar e Saber acompanhou a natural evolução do cérebro humano. Essas tendências são próprias de todas as espécies, em algum grau. As pesquisas conduzidas por diversos neurocientistas já mostraram que várias espécies de animais têm capacidade para sentir emoções afetivas e que seus cérebros exercem alguma atividade criativa, podendo também realizar aprendizagem. [2]
Mas só na espécie humana a atividade cerebral atinge um padrão neurológico superior, capaz de proporcionar capacidade de sentir, compreender e exercer controle sobre seus sentimentos. E a partir desse controle organizar padrões de comportamento que pode levá-la aos resultados desejados, libertando-a do fatalismo do complexo estímulo-resposta.[3]
Como dissemos, nas tradições xamânicas essas capacidades estão simbolizadas nos quatro Espíritos da natureza humana que são o Guerreiro, o a Curador, o Visionário e o Mestre. Cada um deles corresponde a um tipo de espírito tutelar. Por isso as sociedades indígenas são formadas com estruturas que contemplam essa nomenclatura. Todas elas têm seus guerreiros para liderá-los nas lutas, seus homens de medicina para curar suas dores, seus visionários para encontrar caminhos novos e patrocinar mudanças e seus mestres para guiá-los em todos os momentos. E com base nessa estrutura arquetípica elas formatam suas culturas.
É também dessa tradição a identificação desses espíritos tutelares com elementos da natureza, certos tipos de animais e características de personalidade existentes no homem. Assim, cada um desses espíritos simboliza um ponto cardeal, um elemento natural, um tipo de animal, uma estação do ano e um grupo de virtudes e habilidades humanas.
Assim, cada um deles pode ser reconhecido, invocado e cultuado pelo conjunto dessas relações, que identificam os quatro arquétipos e é conhecido como o Caminho Quádruplo. 
[1] O Caminho Quádruplo-  op. citado, pg. 23
[2] Inteligência Emocional, pg.26.
[3] Referimo-nos aqui ao fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), descobridor do reflexo condicionado. O fatalismo ao qual nos referimos está na condição que identifica o fenômeno. Dado determinado estímulo e conservadas as mesmas condições, o comportamento tenderá a ocorrer sempre da mesma forma. Por isso a PNL ensina que se quisermos obter resultado diferente daquele que estamos obtendo é preciso variar as condições do estímulo.
 
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DO LIVRO "CÓDIGOS DA VIDA"- CLUBE DOS AUTORES -2011
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 29/05/2013
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