Sobre a Capa do livro Roda Mundo 2007.
A idéia desta capa é que o Roda Mundo - Antologia Internacional 2007, através de seus escritores participantes, de vários países, rode o mundo, com uma proposta de paz e de preservação do Eco-sistema.
A isso, alia-se uma justa e carinhosa homenagem ao cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, pelos 40 anos de carreira. Com sua música "Roda Viva", ele inspirou o "Projeto Roda Mundo".
O primeiro livro foi o "Roda Mundo Roda Gigante - Antologia Internacional 2004", com a competente organização de Douglas Lara.
Com traços caracterizando os desenhos infantis, busquei traduzir, entre formas e cores, a visão e os pensamentos das crianças sobre a vida e o mundo.
Sim, das crianças, todas! Inclusive daquelas nossas crianças interiores, que nunca deixaram de morar em nossos corações; que sempre viram o mundo colorido, divertido e cheio de flores; que desde as suas primeiras ''impressões'' guardam a inocência, mas que, infelizmente, a roda viva vem fazendo com que, a cada dia mais, os olhares fiquem turvos e se enxergue por entre névoas.
E com olhos assim embaçados, se não a cometemos propriamente, sempre estamos, de alguma forma, colaborando para uma incorreição contra o Planeta Terra e atentando contra o bem maior que é a vida, quando não atropelamos a divindade que existe dentro de cada um de nós. Isso quer não nos atendo à imperiosa necessidade da preservação do meio ambiente, quer promovendo conflitos, confrontos e confrontamentos e guerras, ou a tudo isso ficando alheios, omissos.
Ledo engano pensar que tudo que se destrói se renova. Eu poderia dizer que a providência divina, justamente por ser tão divina e benevolente, cede, favorece, dá uma nova chance e até ''forma'' um novo solo, dá um novo chão e mais um pão...Porém, o que muitos de nós mais preocupados temos visto, é que a ambição e a voracidade do homem tudo engolem.
Também é um engano pensar, que o derramamento de sangue, seja através de conflitos por terras ou religiões lave almas ou honras, purifique mentes ou corações, ou irriguem ou preparem solo para novas plantações, mesmo que simbólicas...Desta forma, será muito difícil uma colheita e se por ventura alguma acontecer(?), é de planta recheada de amargor.
Faz-se urgente a conscientização de que cada desperdício será, exatamente, o que nos faltará amanhã; que cada descuido com o meio ambiente será, efetivamente, o preço que pagaremos por o termos menosprezado; que cada gôta de sangue derramada pela intolerância, seja ela qual for, ou pela ganância, sempre será "gota única" e não voltará, jamais! Não há como resgatá-la em nenhuma outra geração.
Assim, esta capa com um ar infantil e baseada no refrão da música "Roda Viva": ''Roda mundo, roda gigante/ roda moinho/ roda pião, o tempo rodou num instante/ nas voltas do meu coração", é uma proposta adulta e responsável dentro de um conteúdo criança, para que todos nós, independente de idades, classes, raças, crenças, idiomas e culturas, olhemos o mundo com mais inocência, e resgatemos as nossas crianças interiores, pois elas sempre habitaram os nossos corações.
Numa luta desumana, elas (nossas crianças interiores), vivem tentando participar e nós, como ficamos ''grandes e muito sabidos'', sempre querendo ser os donos de todas as verdades, estamos constantemente a empurrá-las das nossas vidas, como aquela roda viva que empurra tudo ''pra lá'', nos esquecendo o quanto em nós elas (nossas crianças interiores) são tão vivas e, intuitivamente,
muito mais sábias.
Se nos lembrarmos delas, a roda viva até poderá existir, porque ceifá-la de vez demanda tempo e importantes mudanças de valores, no entanto, se ainda tiver que ser, atuará de forma mais branda, enquanto que:
- a roda gigante será mesmo aquela dos parques infantis das nossas lembranças;
- o moinho será mesmo aquele de vento que emoldurado encanta os nossos sonhos;
- o pião será mesmo aquele que com olhos brilhantes o menino brinca;
- o tempo, representado pela ampulheta será, exatamente, o mesmo que dispomos, optando nós por sermos do bem ou do mal...É só uma questão de escolha...
- o coração, aquele no qual o tempo sempre dá as suas voltas em grandes espirais, estará voltado para aquela pombinha da paz; avezinha simbólica que há tanto vem nos sugerindo que busquemos a nossa paz interior e a manifestemos.
Poderemos ser, como aquele menino que recebe o beijo do golfinho, se formos mais conscientes e pessoas do bem e da paz.
Eu penso que vale a pena tentar, para "recebermos beijos'', tão agradecidos e carinhosos, inclusive de toda a fauna e toda a flora, e muitos carinhos podermos deixar reservados para as futuras gerações.
Desejo muito sucesso a todos os escritores participantes.
Mary Maia, poetiza e artista plástica.