Guia de leitura e produção textual

Título da resenha: Guia de leitura e produção textual

Livro: Ler e escrever: estratégias de produção textual (Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias)

O livro Ler e escrever: estratégias de produção textual (Editora Contexto; 2012; São Paulo; 220 páginas) é composto com um nível de linguagem simples e adequado ao bom entendimento das proposições apresentadas. É composto de maneira direta e acessível, contendo exemplos claros dos conceitos apresentados, que consistem em textos de alunos, textos de jornais, trechos da própria literatura e tirinhas. Tem como proposta servir de guia para a produção de bons textos e para a geração de sentido na leitura. Assim possibilitando a construção do conhecimento do aluno e do professor, baseada nas técnicas apresentadas para aprimorar as habilidades básicas necessárias a criação e geração de sentido nos textos.

O livro inicia-se apresentando o conceito de que leitura e escrita não são duas atividades desassociáveis. Ao produzir o texto consideramos e temos como parâmetro de criação um interlocutor ideal, e a partir deste criamos expectativas e baseamos nossas intenções de sentido.

Para a boa adaptação aos diversos níveis de escrita tem de ser feita a diferenciação adequada entre língua falada e língua escrita. Tem de se ter certo que os instrumentos usados para coesão e coerência em um, não necessariamente funcionam da mesma maneira no outro e que estas marcas da oralidade se fazem presentes nos textos escritos dos alunos com muita frequência dada a, até então recente, formação linguística deles. Outros fatores que influenciam esta adaptação são os organizadores textuais e as questões de referência, que possibilita maior coesão e coerência ao texto.

Dentre outros conceitos, são apresentados também três pontos de vista com relação à escrita: foco na língua, no escritor e na interação. A primeira está intimamente ligada à concepção de bom texto como apropriação e correta aplicação das regras gramaticais de uma língua e a decodificação destes. Ao focar o escritor percebemos um viés de sujeito psicológico, que transpõe em palavras suas expressões mentais e conceitos, esperando que o leitor as absorva como foram concebidas. Por fim, a visão adotada pelas autoras, temos o foco na interação, que dita o sentido do texto e sua criação ser dependente da postura do autor em pensar no que deve ser dito e para quem será dito e também na disposição do leitor em esforçar-se para gerar sentidos possíveis dentro do texto criado. Esta postura faz com que quem escreve e para quem escreve sejam compreendidos como “atores construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto” (KOCH, p. 34).

Para que esta construção dialógica de sentido seja apropriadamente estabelecida, certos conhecimentos específicos devem ser levados em consideração. O conhecimento linguístico consiste na apreensão das estruturas, funções e finalidades dos elementos de que se vale a língua para a produção do texto. Conhecimento enciclopédico diz respeito a todas as experiências de vida que compõem seu repertório, seja por qualquer tipo de leitura de mundo possível. E conhecimento interacional é a capacidade de adaptação do leitor aos propósitos, aos objetivos do texto.

Apropriadamente relacionado ao conhecimento interacional, temos os conceitos de gêneros textuais apresentados como cumpridores de funções sociais específicas. Cabendo ao leitor a competência metagenérica que é o entendimento das finalidades e condições de produção dos mais diversos textos. Mas ainda assim, o leitor deve se atentar ao intertexto que sobrepondo um texto ao outro sobrepõe também seus respectivos gêneros.

São apresentados ainda elementos práticos e pontuais para a boa construção de texto, a progressão referencial e a sequencial. Respectivamente, dignam-se a apresentação e retomada de referentes no texto (como substantivos, ações e conceitos) e elementos de caráter mais sintático como o paralelismo, repetição e a paráfrase.

Temos assim na obra de Koch e Elias uma literatura mais que ideal quanto a simplicidade de sua proposição e profundidade de seus conceitos. Sua aplicabilidade é um referencial muito válido a caracterizar seu valor social, pois lapida habilidades básicas em defasagem na contemporaneidade. Como um todo é louvável a disposição de ambas autoras em orientar e aconselhar os demais profissionais da área para o bem suceder das produções literárias.

Referencia Bibliográfica

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2ª Ed. São Paulo. Contexto, 2012. 200 p.

Fabio Fachini
Enviado por Fabio Fachini em 03/05/2013
Código do texto: T4272794
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