O PRÍNCIPE CASPIAN, de C. S. Lewis
O Príncipe Caspian é o segundo livro dos sete escritos por C. S. Lewis que compõem a série infanto-juvenil As Crônicas de Nárnia. Publicado em 1951, é sugerido como o quarto na ordem cronológica de leitura das histórias.
Mais de mil anos se passam em Nárnia após as aventuras de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia narradas em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, mas para as crianças na Inglaterra se passou apenas um ano. Nárnia (país) fora conquistada por piratas conhecidos como telmarinos, que foram parar em Nárnia (mundo) através de uma passagem secreta dentro de uma caverna localizada em uma ilha deserta no nosso mundo. Os narnianos legítimos são obrigados a viverem escondidos nas florestas e nas montanhas, até a ocasião em que o príncipe Caspian, sobrinho do malvado rei Miraz, descobre que sua vida está em perigo após o nascimento de um herdeiro legítimo do rei. Caspian, que sempre gostou de ouvir as histórias contadas sobre a época de ouro de Nárnia, foge e resolve restaurar o reino com a ajuda dos animais falantes, anões, gigantes, ninfas, faunos, entre outros. A partir desta história, conhecemos o divertido e corajoso rato Ripchip, que se torna amigo inseparável de Caspian e retorna em outras aventuras da série. Para vencer a guerra, Caspian precisa recorrer ao auxílio da trompa mágica da rainha Susana, que segundo a lenda invocaria os quatro reis de Cair Parável ou do leão Aslam, ou ambos os auxílios. Os quatro irmãos Pervensie são transportados novamente para Nárnia e, com grandes batalhas e duelos, e uma ajuda de Aslam, tudo termina em um esperado final feliz.
Os temas cristãos abordados por C. S. Lewis voltam à tona nesta aventura: Assim como em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, a questão da fé em Deus, naquele que não nos é visível aparece quando Lúcia vê Aslam e os outros não acreditam nela inicialmente. A invocação por um auxílio inesperado feita por Caspian lembra muito a oração. A referência a criaturas mitológicas, como Baco e Pã, sujeitando-se à Aslam deixa a sensação de que o cristianismo é superior ao paganismo. A transformação de Cáspian - telmarino de nascença - em um defensor de Nárnia, divulga que a conversão cristã é o melhor caminho, apesar de grandes lutas e obstáculos.
Há também uma alusão invertida à Alegoria da Carverna, de Platão, quando os piratas entram na caverna e descobrem o mundo fantástico de Nárnia. Seria exatamente o caminho oposto ao que o filósofo propôs, isto é, abandonar a fantasia e buscar a realidade. Outra dicotomia entre fantasia e a realidade aparece quando Pedro e Susana são avisados por Aslam de que nunca mais retornarão a Nárnia, pois já passaram da idade para isto, assinalando assim que a fantasia seria essencial durante a infância, mas a realidade é o que mais importa para a vida adulta.
A existência de uma raça superior e racismo, questões prementes durante a 2ª Guerra Mundial, portanto, bem próximas à publicação do livro, são atacadas quando os anões narnianos não aceitam o anão mestiço Dr. Cornelius, mentor de Caspian.
É interessante a abordagem da diferença na contagem do tempo entre os mundos através da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a qual nos dá a idéia de que o tempo passa de modo diferente em lugares diferentes. As mudanças na geografia de Nárnia durante o tempo em que as crianças estiveram fora, assinala que não somente as pessoas se transformam, mas também o lugar em que vivem, com ou sem a interferência humana.
Um detalhe que chama a atenção é que as crianças desta vez são transportadas da Inglaterra para Nárnia quando estão em uma estação de trem, assim como ocorre em Harry Potter. O lançamento do filme O Príncipe Caspian está previsto para 2008 em seqüência ao filme O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, produzido pela Disney em 2005.