Clube da Luta, de Chuck Palahniuk
O livro Clube da Luta, de Chuck Palahniuk conta a história de um homem da classe média, insatisfeito com seu trabalho típico americano em escritório, que sofre de insônia. O mistério que envolve essa personagem é grande, já que não somos apresentados a ele, que narra a história. A narrativa é envolvente e acelerada, um tanto desconexa às vezes, fazendo com que a história pareça ser vivida pelo leitor.
A história desse homem começa a mudar quando ele conhece o vendedor de sabonetes, que trabalha também como projecionista em cinemas, Tyler Durden. Tyler é apresentado com mais detalhes do que o narrador, mas ainda assim é uma incógnita que se revela no desenrolar da história. Logo no início percebemos que Tyler é o oposto do nosso narrador, e, no entanto, é tudo o que este gostaria de ser.
Para se livrar da mesmice de sua vida, o narrador tem como rotina frequentar grupos de ajuda de pessoas com doenças terminais, mesmo não sendo portador de nenhuma delas. Isso dura muito tempo, até que ele conhece Marla, uma penetra nos grupos, assim como ele. Incomodado pela presença dele, o narrador passa a procurar outro modo de se livrar da tensão diária e poder dormir em paz. Uma noite, chega em casa e descobre que seu apartamento foi incendiado, então, sem ter pra onde ir, decide ligar para Tyler (que conhecera num voo) pedindo abrigo. Tyler declara que divide sua casa com o narrador, desde que ele bata em Tyler. Confuso, mas sem resistir muito, o narrador aplica um golpe em Tyler e logo os dois estão se socando no chão do estacionamento: assim nasce o Clube da Luta.
A primeira regra do Clube da Luta é: ninguém fala do Clube da Luta. A segunda regra do Clube da Luta é: ninguém fala do Clube da Luta. Terceira: apenas duas pessoas por luta. Quarta: uma luta de cada vez. Quinta: sem camisa, sem sapatos. Sexta: as lutas duram o tempo que for necessário. Sétima: quando alguém gritar “Para”, fazer um sinal ou desmaiar, a luta termina. E oitava: se é a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar. Essas são as únicas regras no jogo que os dois amigos inventaram. Depois que começa a frequentar o Clube da Luta, nosso narrador piora consideravelmente e despercebidamente. Larga seu emprego, deixa suas responsabilidades e passa a fazer só o que tem vontade, influenciado por seu sócio no Clube.
O grande truque por trás da história é deixar o leitor tão perturbado quanto o narrador, criando histórias paralelas e jogando o narrador de um lado para o outro. A história é instigante, daquelas que prendem o leitor até o fim, e deixa com vontade de mais. O desfecho é impressionante e surpreendente, mas o melhor, com certeza, são as citações famosas do livro. Além das oito regras citadas (que se tornaram muito populares), as máximas de Tyler Durden são encontradas aos montes na internet, porque o personagem faz um tipo anarquista idealista, que tem uma identidade muito forte. É, com certeza, um livro que vale à pena, e sua adaptação para o cinema é louvável, culminando em um dos melhores trabalhos de Brad Pitt e Edward Norton.
William G. Sampaio [21/02/2013]