O Grande Gatsby
O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, conta a história de amor de Gatsby e Daisy, prima em segundo grau do narrador, Carraway. Por ser narrada por um terceiro, ou seja, por uma personagem que não faz parte do ciclo amoroso, o começo do livro é disperso entre a história do próprio narrador e suas relações com sua prima e o marido dela, Tom Buchanan e como Carraway se tornou vizinho de Gatsby, antes de conhecê-lo. Não há descrições muito românticas da relação entre os amantes da história, já que o próprio narrador não participa delas. Temos a visão dele sobre os fatos, no começo de forma fria, emprestando somente suas próprias impressões à trama.
Até a metade do livro, somos arrastados pela vida de Carraway e suas descobertas sobre a vida de Tom, que aparenta ser um puritano, mas na verdade é frio e cruel com sua esposa, vivendo uma vida dupla. Há muitos personagens rasos, que aparecem esporadicamente na história para desaparecerem poucas páginas depois, o que torna a leitura um pouco maçante, pois é difícil ficar centrado nos personagens principais com tantos figurantes transitando pela história. Gatsby é citado de passagem poucas vezes e Carraway só passa a conhecê-lo, de fato, pouco antes da metade da história. O vizinho do narrador costuma dar festas com centenas de convidados e Carraway é convidado para uma dessas festas e, no meio de uma conversa com um desconhecido, descobre que seu interlocutor é o próprio anfitrião, Gatsby.
Quando a trama chega neste ponto, começamos a conhecer Gatsby de fato, e em dois capítulos nos tornamos cativos de sua história e carisma. Ele é uma espécie de anti-herói, que começa como coadjuvante e toma a história para si na segunda metade do livro. Somos levados ao seu passado e descobrimos como construiu sua fortuna e porque faz tantas festas para pessoas que sequer conhece. Entrementes, descobrimos também que Daisy, a prima de Carraway, fora apaixonada por Gatsby na adolescência e que os dois tiveram um rápido romance antes da Primeira Grande Guerra. Gatsby foi convocado e os dois acabaram separados, por isso Daisy casou-se com Tom Buchanan. Cinco anos passaram e Gatsby voltou da Guerra, descobriu que aquela que era seu grande amor agora estava casada e com uma filha; no entanto, não perdeu a esperança de reatar com Daisy e continuar a história dos dois, com o firme pensamento de que ele era o único amor que ela jamais tivera.
O ritmo do livro aumenta vertiginosamente no último terço da história e somos conduzidos a encontros e máscaras caindo. Fitzgerald explora as falhas do caráter humano, a hipocrisia, as diferenças sociais e retrata os Estados Unidos do começo do século XX com maestria. Sua narrativa é leve, embora a linguagem não seja tão coloquial quanto a que possamos estar acostumados. Há algumas alusões a pessoas, livros, músicas e lugares populares da época, e a recorrência às notas de rodapé se fazem extremamente necessárias, mas nada que atrapalhe a leitura e tire o prazer de conhecer um dos maiores clássicos da língua inglesa de todos os tempos.
William G. Sampaio [06/02/2013]