“ A linguagem experimental da videorreportagem” de Patricia Thomaz

Resenha

“ A linguagem experimental da videorreportagem ”

de Patricia Thomaz

O principal fator que ajudou no surgimento desta nova vertente do jornalismo foram as transformações tecnológicas nos tempos pós-modernos, que provocam inúmeros impactos no telejornalismo. Entre eles, o surgimento de um profissional, o videorreporter ou videojornalista. Este profissional deve mostrar-se proativo, atuar em diversas áreas e exercer muitas funções como: Pauteiro, produtor de pauta, repórter, repórter cinematográfico, assistente de luz, editor de texto e editor de imagem.

Esse ponto gera uma polêmica grande. A videorreportagem possibilita a criação de uma nova linguagem no telejornalismo ou sua principal finalidade é o corte de gastos nas redações de TV com o acumulo de funções?

Pelo fato do profissional trabalhar muito e receber pouco nesta nova linguagem, ainda experimental, quem pega essa tarefa é normalmente, os jornalistas recém-formados ou com pouca experiencia em televisão, que aceitam o desafio devido as raras vagas no mercado.

A videorreportagem surgiu no fim da década de 70 e começo da 80 em dois Países, USA e Canadá. Nos USA, foi com o americano Jon Alpert e no Canadá com o empresário Moses Znaimer. No Brasil tudo começa em 1987 na TV Gazeta de São Paulo, durante o programa TV MIX e o profissional que exercia a função era chamado de “repórter-abelha”. Sem recursos para contratar várias equipes, a solução encontrada pelo diretor da TV MIX, Fernando Meirelles, foi recriar aqui o videorreporter.

Como já disse, essa tendência ainda está em fase experimental, pois legalmente o videojornalista não existe.

No texto, vimos que algumas novidades desta nova forma de fazer telejornalismo são bem vistas pelos teóricos e profissionais mais experientes, como transcreve Patricia Thomaz, a obra de YORKE. “A tendência à operação de câmera, som e luz por uma só pessoa não se restringe aos noticiários mais modernos, pois os benefícios em termos de flexibilidade, velocidade e mobilidade são de fato atraentes.” Outra coisa que muito agrada é a agilidade deste processo. No momento em que está captando imagens e sons, o videojornalista já coloca seu ponto de vista: seleciona os melhores ângulos e movimentos de câmera, a iluminação ideal, o posicionamento de pessoas e objetos, entre outros elementos.

Além disso, algumas técnicas seduzem os telespectadores, como a narração feita na hora, que transmite ao espectador a emoção do momento e a liberdade na escolha da pauta tornando a matéria ainda mais autoral.

Na prática, o off da matéria desaparece. Dá lugar a uma narração dos fatos que estão sendo filmados e a história que ele pretende contar, tem quase sempre um tom coloquial. A passagem, geralmente, é uma forma de reafirmar o local onde a história transcorre.

Muitas mudanças que aconteceram no jornalismo, de um modo geral, foram advindos de falta de pessoal ou de tempo, como no caso do jornal impresso "O Pasquim" -- que numa época em que todas as revistas e jornais -- nas entrevistas escreviam as perguntas de forma direta como texto corrido, uma vez por falta de tempo, um dos jornalistas deu um novo formato para a entrevista colocando as perguntas e em seguida as respostas do entrevistado. Essa forma mais rápida e ágil (tipo ping-pong) de apresentar as pergunta e resposta prevalesse até agora nas publicações nacionais, como por exemplo, nas páginas amarelas da VEJA e as páginas vermelhas da ISTOÉ.

Muitos conceitos da linguagem experimental da videorreportagem surgiram no inicio das transmissões no Brasil, pela falta de estrutura e pelas precárias condições de trabalho. Ao longo dos anos, os profissionais aperfeiçoaram-se e buscaram uma abordagem diferente da linguagem da reportagem tradicional.

Alguns pontos negativos prejudicam a imagem da videorreportagem: a sobrecarga de funções, mal remuneração, desvalorização dos outros profissionais, eliminação de empregos e perda de qualidade nas reportagens.

Vejo as produções jornalística inerentemente como uma tarefa conjunta, em equipe, por isso sou pouco auspicioso com relação a essa tendência, uma equipe é essencial para um bom desenvolvimento de uma pauta e para a maior democratização( ao menos nas escolhas das opções técnicas que se deva fazer ao retratar a realidade. Mesmo que pequena, de dois ou três indivíduos, é importante a presença de mais cabeças pensando em prol de um objetivo em comum que é a realização de uma matéria e/ou uma cobertura jornalistica.