Fichamento do Livro: COMO ORDENAR AS IDEIAS de Edivaldo Boaventura.

Sobre a reflexão o autor aponta:

Da reflexão, passa se ao plano. Elaborar o plano é fixar a ordem do desenvolvimento da exposição, uma vez que ele não é outra coisa senão previsão. Dispor as ideias de maneira que se tornem um instrumento eficaz para o expositor. O plano itinerário a seguir: “um ponto de partida”, onde se indica o que se quer dizer, e “um outro de chegada”, onde se conclui. Entre os dois, há as etapas, isto é, “as partes” da composição. Construir o plano é, em ultima analise estabelecer as divisões. (BOAVENTURA, 2007, p.7)

Comentário: Após refletir sobre o que se vai expor é preciso prever a ordem de como desenvolver essa exposição. Essa previsão é obtida através do plano, onde se organiza as ideias do expositor. E plano deve seguir a ordem de o que vai se falar como vai falar e pra que vai se falar.

Sobre o tema o autor coloca que o mesmo tema gera histórias diferentes:

O tema é de todos, mas o plano é de cada um. É a contribuição pessoal. Dizia um aluno, expressando o que havia de seu, em trabalho escolar: ¬¬“- professor, de meu, nessa prova, só existe o esquema.”.

Assim é o verdadeiro plano, trabalho original. (BOAVENTURA, 2007, p. 8).

André Maurois indaga se existem métodos que permitam ao homem conduzir seus pensamentos de tal maneira que seus atos, em sua continuidade, encontrem caminho fácil entre os seres e as coisas. Essa reflexão sobre a arte de exprimir em ordem os pensamentos nasceu na França. É uma questão de método. (BOAVENTURA, 2007, p. 8).

Comentário: Os pensamentos trabalham continuamente. Tudo o que vamos fazer parte do pensamento. Quando ligamos para alguém pensamos no que vamos falar. Não pronunciamos qualquer coisa sem sentido. As palavras precisam de uma ordem, de um nexo, para continuar a conversa com êxito. É necessário pensar em que vai falar e como vai falar, para previamente os pensamentos e as palavras possam ser organizadas, visando uma boa comunicação, sem falhas de sentido.

Em relação à utilidade do plano:

O plano é útil quer em razão da comunicação, quer por motivo pedagógico.

Quanto à comunicação, é possível demonstrar que, pelo plano, o pensamento pode ser expresso como sistema, com maior eficácia. Sem estabelecer um plano sobre o que se vai escrever as dificuldades depressa começam a surgir. ( BOAVENTURA, 2007, p. 8-9)

A propósito da primeira recomendação: o plano traz clareza a exposição. A utilidade do plano é inconteste, sobretudo para certo tipo de comunicação, como prova, a preleção, a aula, o discurso, a conferencia, o relatório, o artigo. Se há um tema para tratar, como arrumar as ideias? Percebe-se as vantagens do plano, ao esquematizar uma tese. (BOAVENTURA, 2007, p.9)

O motivo pedagógico está no habito de disciplinar a mente. Da disciplina, ao comunicar para o ordenamento do espírito, vai se pouco a pouco, aprendendo a disposição lógica das coisas. (BOAVENTURA, 2007, p.9)

Comentário: O plano é importante para não se ter um amontoado de ideias, que ficam vagando no texto. Sem um plano o texto não flui. O plano da comunicação refere-se a clareza do texto. Já o plano pedagógico atribui-se a forma de arrumar o pensamento, ou seja, discipliná-lo.

Como escolher o assunto para comunicar? Sobre isso o autor estabelece que:

A arte de exprimir consiste em estabelecer as indicações para elaboração do plano. Elaborar o plano é ter a exposição mentalmente pronta, sem a haver sequer, materialmente, iniciado. Feito o plano, esta pronta a estrutura: falta o recheio. Elaborar o plano é simplesmente prever o que será comunicado. (BOAVENTURA, 2007, p.9)

Comentário: é preciso imaginar o plano antes de colocar no papel, assim fica mais fácil arranjar o assunto a ser tratado.

Ainda sobre a reflexão:

Refletindo acerca da previsão do que vai anunciar observam-se pontos que precisam ser definidos logo no inicio, outros que devem aparecer no corpo da exposição e alguma coisa, finalmente, deve ser dita para concluir. Tudo estará harmônico e perfeito se houver introdução e desenvolvimento do corpo, do assunto e conclusão. (BOAVENTURA, 2007, p.10)

Por ultimo, que haja a preocupação em deixar alguma coisa de tudo o que disse. Saber marcar. Resumir em poucas palavras, em um só traço. É a conclusão. (BOAVENTURA, 2007, p.10)

Comentário: deve-se amarrar o texto para que não fique duvida ao leitor. Tudo deve estar ligado ficando assim harmonioso. E por fim concluir em poucas palavras, essa conclusão deve estar ligada com todas as outras partes do texto. Saber marcar, deixar algo pessoal para não cair no lugar comum.

Em relação ao anuncio do tema:

A introdução encerra, implicitamente, toda a exposição, dando ideia de como será desenvolvida. Para tal ela precisa conter certas doses de entusiasmo. Não por que se precipitar de chofre sobre o assunto. Carece incitar, previamente, o auditório. (BOAVENTURA, 2007, p.11)

A introdução é o espaço onde se anuncia, se coloca, se promete, se desperta... Introduzir é convidar. Mas para que se possa pensar “o que vai dizer” é preciso haver refletido sobre o assunto. (BOAVENTURA, 2007, p.11)

Comentário: Quando elaboramos um texto a partir dos pensamentos ordenados tratamos primeiramente, de forma sintetizada e o mais atraente possível, do assunto que iremos discorrer e, em seguida, o desenvolvimento organizado desse assunto. A introdução tem que resumir o assunto que será proposto no corpo desse texto, convidando o leitor a continuar com a leitura. Assim externamos o pensamento, agora de forma prática, falamos ao leitor ou a plateia, de forma clara e objetiva para que ele não se canse.

Sobre os pensamentos:

A busca das ideias é semelhante ao trabalho dos mineiros que extrai carvão nas galerias. Feita esta escavação mental, esperar que os pensamentos aflorem: ora de vez, ora de pingos. Contudo chegam sempre desordenados. Apara-los, recolhe-los, juntá-los e anota-los tal como surgem é “a arte de inventariar o capital de noções uteis que trazemos sempre, implicitamente, em nós mesmos.” (BOAVENTURA, 2007, p. 12).

Nessa busca interior da mente, proceder à colheita e depois a escolha. Há o que reter, o que aprofundar, é o que abandonar. Há ideias principais e secundarias. As que centralizam e as que ilustram o assunto. O estudante deve fixar-se em torno daquelas que podem fazer girar o tema central. As ideias principais serão vigas da futura comunicação: elas são os embriões das partes da composição. (BOAVENTURA, 2007, p. 12).

Comentário: É preciso se atentar as ideias principais de uma comunicação, ou seja, devem-se classificar os pensamentos. Muitas informações são adquiridas a todo tempo e é extraindo a essência delas que obteremos um tema central, um foco direcional ordenado. Muitas informações podem confundir o leitor e desviar o foco central do texto.

Em relação ao papel da introdução:

Autores os mais diversos salientam o papel da introdução quando aconselham a dedicar lhe parte da leitura, por que nela se encontra resumido o pensamento que orientou o escritor, assim os propósitos que o levaram a fazer o livro, ideias principais etc. (BOAVENTURA, 2007, p. 13)

Comentário: na introdução problematiza se o assunto proposto.

Em relação ao conteúdo o autor aponta que é necessário se preocupar primeiro com a organização do texto e depois com o conteúdo:

Aos poucos vai se aprendendo, no laboratório pessoal, que antes de escrever é preciso pensar longamente, antevendo tudo. Se uma prova dura em media seis horas, gasta-se mais de uma em refletir. Remexer a mente. Concentrar totalmente o espírito. Anotar o que vier a cabeça.

(BOAVENTURA, 2007, p. 14)

Todo aquele que medita sentira a necessidade de conhecimentos menos científicos talvez, porém bem mais profundos. É o não se contentar com a altura relativa dos muros da ciência, é buscar imperiosa e inevitavelmente o que está além deles. São os limites sem fim da meditação e da perquirição. (BOAVENTURA, 2007, p. 15)

Comentário: Devemos ir além das obviedades científicas constatadas. Temos que nos ater também, em ideias mais filosóficas e em acontecimentos cotidianos para alimentarmos nossos pensamentos.

Sobre os requisitos da introdução o autor exemplifica que essenciais são dois e outros dois são acidentais:

Um professor, ao comentar os planos dos alunos, disse: “ na introdução, define-se a questão, mostrando-se o objeto, situando se o problema, despertando o interesse e decompondo os elementos.” Nesta frase estão os elementos básicos da introdução.

Anuncia-se o assunto da seguinte maneira: primeiramente define-se a questão e depois indica-se o caminho a seguir. Esses dois requesitos – definição e indicação – são imprescindíveis. (BOAVENTURA, 2007, p. 16)

Há, portanto, dois requisitos essenciais – definição e indicação – e dois acidentais – situação e motivação. (BOAVENTURA, 2007, p. 16)

Outro ponto importante é a delimitação do tema, “A delimitação do assunto torna-se necessária sobretudo nas introduções de teses, pois é de suma importância apontar os limites do trabalho.” (BOAVENTURA, 2007, p. 17). Delimitar o tema é necessário para não fugir do foco do assunto. É preciso focar o assunto em um tema para não correr riscos de perder o fio que rege a ideia central, delimitando esse tema nos aspectos a serem abordados.

Ainda sobre a introdução:

Na introdução, há muito de convite.Cabe atrair a atenção desde o começo, colocando-se uma pitada de tentação para induzir à leitura ou a à audição. A introdução deve ser como a isca que se mostra fascinante para atrair e pegar. (BOAVENTURA, 2007, p. 18)

Comentário: Na introdução cabe o autor convidar o leitor. Não adianta o autor querer prender a atenção do receptor se a sua história não tem uma complicação ou algum tipo de emoção. É necessário problematizar e resolver o problema ao longo da historia. Toda obra tem que ter algo, um acontecimento que prenda a atenção desse receptor, fazendo com que ele queira sempre saber mais sobre o assunto. Por isso a importância desse aspecto na introdução.

É necessário situar o leitor, deixar o tema abordado explicito para ele:

O plano do desenvolvimento não deve ser apresentado desde o inicio. É preciso que o leitor saiba de antemão do que se trata. Tenha ideia do tema. Entre nele. Esteja na atmosfera, para, só então, poder segui-lo.

(BOAVENTURA, 2007, p. 19)

Principais partes para exposição:

Terminada a introdução, sugerido o plano, passa-se ao desenvolvimento por partes. Posteriormente, deve-se sintetizar tudo num resumo marcante. Estarão ai as três partes para uma boa exposição. (BOAVENTURA, 2007, p. 23)

Sobre o desenvolvimento por partes:

O desenvolvimento do corpo do assunto deve ser feito por partes. Dividir o assunto como se dividem as dificuldades em parcelas, para torná-lo mais comunicativo. Esta é a mais importante e fundamental de todas as recomendações. (BOAVENTURA, 2007, p. 25)

Comentário: Dividir os problemas no desenvolvimento é garantir o sucesso na resolução dos mesmos. Você consegue abordá-los individualmente e chegar a uma conclusão com mais facilidade.

No caso de uma exposição, decompor os elementos do tema. É a análise que antecede a síntese. Há uma intima relação entre compreensão e decomposição. Para compreender é preciso explicar, e só se explica, realmente, decompondo. (BOAVENTURA, 2007, p. 25)

Comentário: Quando tratamos de algo que lemos ou ouvimos, temos ao menos que saber analisar. Feito isso podemos produzir pareceres sobre o assunto. Podemos organizar a nossa própria ideia sobre eles e reproduzir o nosso pensamento a partir do proposto no que se leu ou ouviu.

Sobre o plano definitivo o autor específica que é necessário elaborar varias versões para chegar a versão final:

Evidente que não se encontram as partes subitamente, uma vez que aspectos novos surgem e relações aparecem. Assim, o mais aconselhável é estabelecer um plano provisório e, sobre o mesmo, ir trabalhando. (BOAVENTURA, 2007, p. 26)

No processo de elaboração, parte-se do esboço inicial, que, com tempo, reflexão e estudo, vai-se transformando, até chegar ao plano definitivo. (BOAVENTURA, 2007, p. 27)

Comentário: Ao elaborarmos um texto, um discurso ou apenas uma fala, começamos do zero. Primeiro vem o pensamento sobre o que vamos falar, depois de organizarmos as ideias, aí sim, trabalhamos as mesmas, pois não podemos sair por aí dizendo qualquer coisa. Além do nosso pensamento, que deve ter um sentido, o que vamos tratar ou dizer também tem que ter sentido.

Sobre as partes dos textos:

Deve-se fixar o plano em duas partes. Todavia, para que assim se possa quantificar, é preciso ter bem definidas as ideias principais. É a reflexão inicial que fornece a ideia aprofundadas as partes do plano. (BOAVENTURA, 2007, p. 28)

As divisões e as subdivisões visam a clareza e a compreensão. O excesos de divisões impede que se possa seguir o desenvolvimento, e para segui-lo é preciso guardar o plano sempre presente na memória. (BOAVENTURA, 2007, p. 29)

As partes não são como os compartimentos estanques dos navios. Elas são elementos do todo; portanto não isolá-las como os bombeiros fazem com edifícios em redor do incêndio. (BOAVENTURA, 2007, p. 37)

Comentário: Não se pode dividir o assunto em vários temas. Deve-se falar do tema como a unidade de um todo. Todas as ideias devem ir se encaixando como um grande quebra cabeça, que no final resultara em uma única historia com um único tema.

Sobre a conclusão:

A conclusão é o ponto de chegada, como a introdução é o ponto de partida. Concluir é responder. Responder em síntese conclusiva e marcante, atingindo o tema central, já desenvolvido, com o máximo de precisão e de ênfase. (BOAVENTURA, 2007, p. 43)

Comentário: É na conclusão que constará a resposta dos problemas propostos no desenvolvimento das ideias. É a finalização precisa da transmissão das ideias do autor. A conclusão deve estar coerente com o tema proposto inicialmente.

Após pensar, organizar as ideias, introduzi-las, desenvolvê-las de forma interessante. “Resumir, maciçamente, os argumentos, deixando algo de pessoal em tudo o que disser.” (BOAVENTURA, 2007, p. 51). Devemos concluí-las deixando, de forma sutil, as nossas impressões e opiniões.

Entendimento

Na comunicação usamos os nossos pensamentos para organizar os meios pelo quais colocaremos em ação as nossas ideias. Essa organização é necessária para o êxito da relação entre os interlocutores, para que tenha entendimento entre as partes. As ideias precisam estar bem organizadas e distribuídas ordenadamente, numa introdução contendo um tema principal e atrativo, para logo ser desenvolvido, em partes importantes e problematizado, e depois a conclusão sintetizada desse desenvolvimento problematizado, deixando as suas marcas e suas opiniões sobre o que pensou a partir das ideias.

Jéssica Kur Fuchs
Enviado por Jéssica Kur Fuchs em 07/01/2013
Código do texto: T4072152
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