Pais obssessivos, filhos desiludidos - A trama de "A última estação"
Até que ponto um pai seria capaz de chegar para proteger a integridade dos filhos? Será que temos o direito legitimado de deliberar sobre o destino de nossa prole, no que se refere aos mais diferentes aspectos da vida social - educação, lazer, amor? Essas perguntas permeiam a trama de A última estação, romance de L. S. Hoffman, publicado pelo Clube de Autores. No livro, Hoffman foca o casal Nicholas e Sarah, separados por um abismo social, mas unidos por uma paixão avassaladora. Ainda que passem a maior parte do tempo separados, eles conseguem manter o mínimo de contato e segurar aquela chama que nasce quando conhecemos alguém e nos apaixonamos. Claro que nada é fácil para eles. Há várias pedras no caminho do casal, o que inclui a distância geográfica, o pai de Sarah - um empresário falido que anseia casar a filha com o filho de seu rival para salvar a empresa - e os problemas decorrentes de uma condenação injusta de Nicholas. Nesse ponto a questão do poder dos pais sobre o destino dos filhos tece uma fio que conduz o texto de Hoffman até o epílogo, de uma forma envolvente e madura. Nicholas é subjulgado pelo pai dominador e violento; Sarah cede a todos os desejos de Teodoro. Mergulhando no psicológico de seus personagens, Hoffman consegue traduzir o sofrimento e a alegria de se amar alguém de forma muito particular, criando uma luz sobre um tema tão batido. O livro dá novo fôlego aos romances açucarados, retirando um pouco do doce e colocando fogo no circo. Os personagens não são clichês hollywoodianos, eles tem vida e ação: às vezes são egoístas, outras vezes tem um comportamento condenável e amável ao mesmo tempo. Até mesmo o mocinho da história, Nicholas, termina por cometer uma atrocidade em nome do amor, assassinando o próprio pai que se encontrava em coma. São os novos mocinhos e as novas histórias de amor: recheadas de surpresas e reviravoltas.
"A última estação", de L. S. Hoffman é apenas o primeiro título dessa nova safra de livros que rompem com o clichê das histórias de amor contemporâneas, permitindo ao leitor refletir sobre aquilo que nos move na direção de outras pessoas. Leitura obrigatória para quem gosta de um bom romance com pitadas bem fortes de emoção.