(...) mas Deus sabe que, em qualquer dia que comerdes dele, se abrirão os vossos olhos e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.” Gênesis, 3:5.
 
Foi assim que no mundo nasceu o mal,
Essa planta medrada em ignóbil traição.
E quem pôs na terra essa semente fatal,
Foi quem deveria guardar o seu portão.


Pois foram os miseráveis anjos caídos,
−os vis traidores, nesta terra arrojados−
Que as mulheres tomaram por maridos,
Gerando os titãs destemidos e ousados.


Foi quando segredos do céu revelaram
Aos filhos havidos desse bastardo leito,
Que o pecado vil no mundo instalaram.


Pois não podia o conhecimento arcano,
Que só se repassa a quem tem o direito,
Ser dado a quem é tão somente humano.
 

Comentários:
 
Praticamente todos os antigos povos tinham tradições que informavam que a origem de sua civilização estaria, não num processo lento e metódico, como geralmente acreditam os defensores das teses evolucionistas , que foi cultivado e desenvolvido por muitas gerações, mas sim que ela teria surgido de repente, de forma milagrosa, introduzida por agentes externos, como querem os criacionistas. E neste ultimo caso, seja qual for a civilização pesquisada, encontraremos na base de sua existência sempre o mesmo mito: a de que ela foi iniciada por um deus, ou quiçá, um ser sobre humano, que atuou como agente civilizador e se tornou, por isso mesmo, objeto de culto dos povos por eles civilizados.
Na China atribui-se a um herói lendário chamado Fu Hsi ou Fu Xi, o início da sua civilização. Esse herói, que teria sido também o seu primeiro imperador, inventou a escrita e teria legado aos chineses os primeiros rudimentos de civilização, representados pelas técnicas de agricultura, metalurgia, arte, indústria e organização social e política.Fu xi reinou por mais de 100 anos e juntamente com sua irmã, Nu Wa, que também era sua esposa, foram escolhidos diretamente pelo Divino Imperador do Mundo para essa tarefa civilizadora. Ele também teria sido o criador do famoso sistema de adivinhação chinesa conhecido como I Ching, e teria sido o primeiro a divulgar a filosofia naturalista do Tao, que ensina que a vida do universo se dá pelo equilíbrio de duas forças contrárias, o positivo e o negativo, conhecidas como yin/yang.
Há muitas variantes desse mito no folclore chinês, mas de maneira geral todos concorrem para o mesmo tema. Fu xi e  Nu Wa fazem, na mitologia da China, os mesmos papéís de Adão e Eva na Bíblia, Ísis e Osíris no Egito, Gilgamesh e Ishtar na Suméria, e outros casais humanos que receberam diretamente dos deuses, ou de seres enviados por eles, a ciência com a qual a civilização foi iniciada.
Porém, é só na tradição judaico-cristã que esse convênio entre deuses e homens para o desenvolvimento da civilização é visto como afronta a Deus, e é tomado como um pecado.  
A tradição de que foram os anjos rebeldes que foram expulsos do céu e vieram cumprir seu exílio na terra também é compartilhada por todos os povos antigos. Do Extremo Oriente nos vem a lenda dos Senhores de Dzyan, iniciadores da civilização humana, e dos gigantes de cabeça redonda, detentores de um outro saber, que viveram na terra antes do dilúvio. São os restos dessa mítica civilização que inspiraram os cronistas bíblicos e também as referências encontradas nas lendas e tradições dos tibetanos, dos incas e dos astecas, e em muitas outras memórias, nas mais diferentes culturas que existem e já existiram sobre a face da terra. Esse tema também foi magnificamente desenvolvido no magistral poema do grande John Milton “O Paraíso Perdido”.
Porém, é na antiga civilização suméria que encontramos a origem desse mito grandioso na conhecida história dos anunnakis, espécie de seres extra-terrestres que teriam aportado na terra e mantido contato sexual e social com  os habitantes da terra, dando origem á atual civilização. São esses estranhos seres angélicos(ou demoníacos), que o escritor Erik Von Daniken transformou em astronautas de outros mundos, e a Bíblia em anjos caídos, que teriam sido os professores dos homens na construção da civilização. A tradição da Cabala deu-lhes a qualidade de Mestres da construção universal, ou seja, construtores do universo físico e moral. Mas a Cabala, tal como a Teosofia, a Gnose e muitas outras antigas não vêem essa pedagogia(o ensinamento dos anjos ao homem) como pecado. Nessas tradições esse é um processo normal, no que também concordam os defensores da origem extraterrestre da nossa civilização. Um dos mais interessantes trabalhos modernos a esse respeito foi publicado pelo escritor Zecharia Sitchinn, para quem os nefilins citados na Bíblia (anjos caidos que se amaziaram com a filhas dos homens) são, na verdade, os habitantes de Nibiruu/Mardukk, o desconhecido 9º planeta do nosso sistema solar, que astrônomos da NASA dizem ter observado. Esses “anjos” teriam aportado na terra ha cerca de 400.000 mil anos atrás e iniciado o processo de civilização dos homens. Essa epopéia estaria retratada na literatura mítica dos povos mesopotâmicos e teria sido inclusive a fonte de inspiração para o Gênesis bíblico.
Mito ou metáfora deformativa de um processo histórico, o que fica disso tudo é que ainda falta muito para sabermos como é que tudo isso realmente começou. Sem dúvida o mundo teve um começo e a humanidade também foi iniciada de alguma forma. Como tudo que começa também acaba, certamente o que conhecemos hoje como civilização também acabará. Mas como dizia Fernando Pessoa, alguém, em algum lugar do universo, depois que tudo isso tiver acabado, continuará a fazer especulações sobre esse assunto. Ou então, talvez Nietzsche e os místicos defensores da cosmogonia védica tenham razão. Quando Deus tiver se cansado de ser o universo Ele se recolherá em si mesmo, como já deve ter feito várias vezes e voltará a ser o “ovo cósmico” ou o átomo fundamental dos cientistas. E depois de um período de repouso que parecerá uma eternidade ele explodirá e tudo começará outra vez. E como Ele é um ser inteligente, certamente não fará tudo da mesma forma que tem feito até agora. Pois ele sabe que a  a maior burrice é esperar um resultado diferente fazendo as coisas sempre do mesmo jeito

DO LIVRO "O TESOURO SÁBIOS"- NO PRELO.







 
 
 

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 20/11/2012
Reeditado em 27/11/2012
Código do texto: T3995772
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