Resenha do livro "Diversos Amores em Amores Diversos" de Alex Feitosa de Cabo Frio-RJ.
NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM POETA E SEUS DIVERSOS AMORES
EM AMORES DIVERSOS
Diversos Amores ou Amores Diversos um título que demonstra o que são os versos do poeta Alex Feitosa.
Um poeta que ao mesmo tempo está em ebulição com seu eu lírico num mar de sentimentos subjetivos entre a emoção e a sensação, que pulsa em suas palavras vindas do coração, mas também na busca de sua afirmação como poeta.
Seu livro se divide em dois momentos. No primeiro o sentimento, o amor carnal, a subjetividade, a pureza e enfim a simplicidade nas palavras a mostrar um poeta dedicado à paixão pelo verbo AMAR.
No segundo momento o poeta brinca com as palavras como se elas fossem suas entre um jogo de doces e travessuras num olhar crítico, amargo e transcendental na construção de seus versos.
Nos poemas Intensidade do Olhar, Ab initio, O Riso da Borboleta e Água são exemplos bem claros do eu sentimental construído em seus versos em seu primeiro momento.
Como pode ser visto nestes versos do poema Intensidade do olhar:
“Pétala que caminha de dia
na profundidade da ventania
que a luz do sol cobria
em alegria, sorria e vivia.”
(Trecho do poema Intensidade do olhar)
Neste trecho do poema pode ser notado o bom uso da conotação pelo poeta, onde a metáfora é em si essa intensidade do seu olhar em profundada subjetividade ao alcance do seu eu sentimental, que descreve a pétala como uma mulher irradiante.
Nos versos de Ab initio:
“Sempre irei comigo levar
o brilho de teu olhar
que me leva no infinito céu
ao horizonte do mar.”
(Trecho do poema Ab initio)
Este trecho reforça o olhar da descrição da emoção em junção com a sensação de estar em profunda ebulição com seu eu, afinal Ab initio significa desde o princípio, ou seja, o início do aflorar do jovem poeta Alex Feitosa a desvendar seus DIVERSOS AMORES.
Em o Riso da Borboleta o poeta faz de forma simples, mas bem comovente o casamento dele com as palavras em puro desejo carnal, onde ele é a borboleta e as flores são as mulheres de seus AMORES DIVERSOS como ele descreve nestes versos:
“Seu doce perfume exalava
cada grão que passava
com seu lindo movimento
tocava com sua face cada flor calmamente.”
(Trecho do poema O Riso da Borboleta)
O poeta trabalha muito bem a supervalorização das imagens naturais em profunda fusão criativa e claro perceptiva ao seu olhar. Assim ele demonstra nos versos do poema
Água, em que ele deixa o posto de amante dos versos para ser um contemplador da simplicidade feita pelas imagens da natureza:
“Água pura e cristalina
que brilha no mundo e fascina
cada ser humano
em terra firme em solo plano.”
Um poema que faz lembrar da eterna música de Guilherme Arantes intitulada Planeta Água em que enfoca no seu refrão um brilho como é feito por Alex Feitosa em seu poema Água.
O seu segundo momento é marcado pela sua busca em ser afirmar como poeta. Os poemas como As XVII faces de Brigitte Bardot , Teixeira e Souza – o mendigo do século XXI, Bosques e estrebarias e Lucis Partum são exemplos bem claro disso.
No poema As XVII faces de Brigitte Bardot, o poeta divide sua poesia em 17 estrofes de quadro versos, onde a cidade de Armação dos Búzios é homenageada e a sua grande celebridade que é a personagem central do poema Brigitte Bardot, que fez a cidade ser conhecida pelo mundo inteiro. Estas 17 facetas do poema, são 17 micro poemas que se diferem entre si, mas juntos são um só poema numa face só. Enquanto Drummond no seu Poema de Sete Faces fez isso, Alex Feitosa com Brigitte Bardot fez em 17 faces em uma poesia.
Estes versos da face III mostram isso:
“No céu vejo as nuvens me cobrirem
Dentro do ventre do paraíso.
Nessa península a minha vida começou a sorrir.
Foi aqui que saudades ficaram em sorriso...”
(Trecho do poema XVII face de Brigitte Bardot)
Em sua releitura do grande pai do Romance Brasileiro, o escritor cabo-friense Teixeira e Souza, o poeta mostra o escritor de maneira diferente, amarga e crítica aos olhos da ingratidão e da falta de memória feita em relação ao grande escritor cabo-friense.
Isto fica bem claro nos versos do poema Teixeira e Souza – o mendigo do século XXI:
Ó amada digo-te: Eu mendigo dos que sobre a terra estão
e dos que a terra cobre
não sou rico, sou eternamente pobre.
Sou Teixeira e Souza de somente uma cara e um só coração.
(Trecho do poema Teixeira e Souza – o mendigo do século XXI)
No seu poema Bosques e estrebarias, ele demonstra ser transcendental com as palavras VIDA E MORTE, que aparecem em todas as quatro estrofes do poemas, fazendo assim uma dualidade barroca em pleno século XXI. Nos lembrando da clareza ao confronto da escuridão de um passado que ainda persiste no futuro do seu eu , que vaga entre os bosques na busca de um refúgio de sua caminha nas estrebarias da vida como ser visto no poema na íntegra:
Bosques e estrebarias!
A chuva está descendo
e o fim está se aproximando
a vida está indo
e a morte está vindo!
A vida está passando
e o tempo está correndo
a morte está chegando
e ninguém está vendo.
Está acabando a sorte
seja com vida ou com morte
o vento está soprando forte!
E tudo começou assim:
a vida no começo,
e a morte no fim...
Lucis Partum é um poema em que o poeta tem a finalidade de criar a sua luz, através de sua poesia ou melhor ainda, iluminar a vida das pessoas que buscam nos seus versos um pouco de sua luz ou a busca de sua luz própria num movimento reflexivo da vida.
Assim mostra o poeta nestes versos do poema:
“Um ao entardecer morria, outro ao nascer luzia
um vive de alegria, outro do desgosto
tanto o tempo da noite quantas horas do dia
são face a face num ciclo composto.”
(Trecho do poema Lucis Partum)
Assim sendo, este é o poeta que nasceu nos últimos anos do fim da primeira década do século XXI. Um poeta rico em sonhos, grandioso em conquistas em busca de muita mais...Este é Alex Feitosa o poeta de DIVERSOS AMORES de AMORES DIVERSOS a eclodir sua face humilde em versos e palavras vindas de sua terna alma de poeta!
Rodrigo Octavio Pereira de Andrade
Presidente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo/RJ.