ESCRITORA DA SEMANA: Livro traz retrato nostálgico de 100 anos de colunismo social

Um retrato nostálgico dos 100 anos da história social de Sorocaba está reunido no livro “Eventos, Glamour & Saudade - Cem Anos de Colunismo Social”, de Ângela Fiorenzo. A autora volta um século no tempo, a fim de "apresentar aos mais jovens momentos vividos pela nossa sociedade e reviver as lembranças com os que fizeram parte dos “points” badalados da cidade, os locais onde a sociedade sorocabana se encontrava sempre, em momentos felizes, de entretenimento, de lazer e festa"!

Um dos protagonistas desta obra é o cinema. Ambulante até 1910, à princípio usavam-se as salas do Aymores, atual Gabinete de Leitura, e dos Atiradores, para a exibição das películas, chamadas fitas. De acordo com pesquisas, em 13 de agosto, houve a construção da primeira sala de exibição em pavilhão fixo, em madeira e zinco. No ano seguinte, inauguraria o Coliseu Sorocabano, e também o High-Life, o primeiro em alvenaria.

Ângela fala ainda sobre as décadas de 20 e 30, em que a cidade contava com um Velódromo, ou nos dias de hoje, pista de patinação, na rua Francisco Ferreira Leão. Contava a cidade também com o teatro São Rafael, na rua Brigadeiro Tobias, onde o imperador Pedro II, comemorou um dos seus aniversários.

E os Clubes da Cidade? Você já ouviu falar do Palaciano, do Fidalgo e do Poético? Localizados todos na praça Coronel Fernando Prestes, assim eram chamados o Sorocaba Clube, o Recreativo e o Circolo. Embora a praça fosse pública, Sorocaba já dividia sua sociedade: pobres e ricos circulavam em pontos diferentes. O Clube União Recreativo vem mesmo de uma "união" entre os clubes Recreativo Familiar, fundado em 1909, e União, em 1895. Havia ainda o Clube 6 de janeiro, o 28 de Setembro e o Santana, que mais adiante conhecerá anos gloriosos com a realização de eventos marcantes, entre eles, o Concurso das Dez Mais, do Baile da Saudade.

O Sorocaba Clube foi ponto de encontro da alta sociedade. Havia o baile das Flores, da Primavera, o Azul e o Baile Branco. Na década de 50, acontecia o primeiro de uma série dos famosos: Baile das Debutantes. Embora a apresentação das jovens à sociedade esteja "out" (fora de moda), hoje, as festas de quinze anos continuam em alta, nos mais diversos estilos que se possa imaginar.

"Não durou, mas valeu"! Afirma a Autora. Os rapazes se divertiram fundando o Tigers Clube, uma associação cultural e de lazer, só para solteiros!!! Essa, a primeira condição para fazer parte do grupo, a outra, freqüentar o Sorocaba Clube que congregava a “nata” da sociedade. Era também no Sorocaba Clube que as “ladies” se encontravam no "Clube da Lady", uma associação glamourosa e elegante.

Década de 60, valorização da declamação e do estudo de piano. Alunos de música faziam seus recitais no Clube União Recreativo, que estourou realizando o “Festival da Canção” inspirado nos festivais da Record, e o popular e concorridíssimo “Show Recreativo”. Época também dos bailinhos de garagem ao som da Sonata (toca discos de vinil) ou dos conjuntos formados por amigos que tocavam contrabaixo, guitarra e bateria! Tempo do Mug, do Brucutu, e do Pilão, a primeira boate da cidade! Ainda em 60, nascia o Ipanema Clube, novo palco da alta sociedade, modernizando os costumes e trazendo propostas como o café da manhã servido depois do Carnaval, os jantares dançantes e a Noite Tropical à beira da piscina.

Nos anos 70, o restaurante Chapéu de Palha em Brigadeiro Tobias, a Associação Cristã de Moços, (a internacional YMCA), a Cantina Sole di Napole com seus carros-chefe - massas verdes e Steak à Diana, o sofisticado Paris Cherie com suas peixadas, camarões, lagostas e churrascos, batidas e sorvetes.

Só quem não viveu a década de 80 para não saber sobre as discotecas Zarabatana, Voyage, Kripton, Studio 1000 e Sagitarius; a juventude, motorizada, fazendo “footing” na Avenida Pereira da Silva; os bares Sarchichon, Calçadão e Freds e, um tempo depois, o Chiken-in, Elton Bar, Elton Choperia caindo nas graças do sorocabano. Aos sábados, a Boatinha do Ipanema Clube, e aos domingos, a Domingueira do Sorocaba Clube eram os programas favoritos da moçada.

Na avenida dr. Eugênio Salerno encontraremos o Machiarolli, um restaurante com cozinha internacional sinalizando o crescimento da cidade e, na rua Cesário Mota, o Arcobaleno, arco-íris em italiano. Uma casa noturma com piano bar. Sorocaba não tinha visto nada igual!

Charmoso, amplo, com muito verde, privilegiado também na localização, o Clube de Campo, no alto da Boa Vista, fundado em 53, investia mais no esporte e lazer. No início, o único evento social era o Baile do Hawai, depois Noite Tropical, e depois ainda baile de aniversário. Mais tarde vieram o précarnaval, as boatinhas especiais e só então, outras noites dançantes. Todas bem sucedidas aproximando mais e mais os associados do clube.

Em 1990, havia o “pit stop” no "Bobódromo" (nome atribuído pelo fato das pessoas ficarem paradas só olhando o movimento) na Avenida Antônio Carlos Comitre. Os shoppings, que já somavam três, definitivamente mudaram a rotina. Induziram, refletiram um novo comportamento da sociedade.

Gente bonita, transada, antenada na moda e nas novidades marcava presença no Vila D’Esti, restaurante que chamou a atenção dos jovens; no D’Esti Club, famoso pelas noites de flash back; na Factory Music - o concurso Garoto e Garota Factory -; no Tribeca, a sofisticação, música dance e sushi bar.

Já no século XXI, “Eventos, Glamour & Saudade - Cem Anos de Colunismo Social” diz que Sorocaba está outra! Linda, “bem vestida”, com novas construções e avenidas, arquitetura, paisagismo e cores, casas noturnas, ciber cafés, grandes lojas e conveniências. Cresceu, mas não perdeu certas características que ainda fazem dela uma cidade do interior.

Ângela diz que os eventos também são muitos, quase que diários, em diferentes pontos. Tornando-se tarefa difícil para os colunistas sociais cumprirem por completo a agenda. Nos clubes, cada vez mais ganharam espaço as realizações beneficentes. Os grandes bailes de outrora são raros, em compensação, jantares dançantes se destacam no cenário das festas!

O que não mudou? "Com certeza, o amor pelo cinema"! - afirma a Autora. "A sétima arte atravessou cem anos na terra querida que Baltazar Fernandes fundou em 1554 e continua sendo uma excelente opção de lazer, em estréias ou não"!

Mas isso não é tudo. O livro de Ângela Fiorenzo abrange muito mais sobre a vida social de Sorocaba, com riqueza de detalhes e retrando as personagens que fizeram parte de um século de acontecimento em nossa cidade.

Douglas Lara é o idealizador da Semana do Escritor de Sorocaba.

douglara@uol.com.br

http://www.sorocaba.com.br/acontece

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 22/02/2007
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