ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009. 220 p.
Maria Angela Alvares Cacioli*
No livro Ler e Escrever: estratégias de produção textual, as autoras - também de outras obras relacionadas a temas similares - mestres e doutoras em Língua Portuguesa pela PUC-SP, querem “apresentar de forma simples e didática, as principais estratégias à disposição dos produtores de texto no momento da escrita” (p.9), ou seja, tratam da função didática sobre a produção de textos escritos. Elas conseguem demonstrar com propriedade e simplicidade os conceitos abordados. Ancoradas em estudiosos como Marcuschi, Bakhtin, Fávero, Schneuwly, Preti, entre outros, trazem teorias a serem aplicadas principalmente pelo professor em sala de aula, embora seus estudos destinem-se a qualquer pessoa com interesse em produção escrita.
O livro, muito bem escrito e fartamente ilustrado, é dividido em oito capítulos. Primeiramente, ele ressalta as características do texto falado, do escrito e dos intermediários; fala da difícil adaptação da criança, ao ingressar na escola, ao texto escrito e da função do professor, que é orientá-la a fim de obter seu próprio modelo de texto escrito.
Dentro do modo contemporâneo de se encarar a escrita, a obra salienta que a definição de escrita é múltipla, mas, no final, sempre engloba linguagem, texto, quem escreve, para quem se escreve, dentro de um contexto, com finalidade de interação; é uma atividade que necessita de ativação e utilização de conhecimentos linguísticos, culturais, textuais, sociais, interacionais, etc., e se realiza com planejamento, execução, avaliação e revisão. O “como dizer” envolve escolha de um gênero textual para a comunicação ser eficaz, para que o leitor reconheça, através de pistas, o objetivo pretendido na interação. Portanto, o escritor faz, reformula, suprime, acrescenta sempre visando a um texto apropriado à compreensão do leitor, orientando-o para a construção de um sentido. A linguagem é uma atividade intencional e social; depende do repertório de cada um, da memória de sujeito social, para que a interação se efetive. Assim, é importante que o professor sugira temas aos alunos sobre assuntos conhecidos, uma vez que ninguém pode escrever sobre o que desconhece. Os conhecimentos devem ser, ao menos em parte, compartilhados. O livro também salienta que o título do texto prepara o leitor para o que vai encontrar nele; ativa em sua memória os conhecimentos arquivados tendo em vista a compreensão; permite prever, fazer hipóteses que, na leitura, serão confirmadas ou não.
Ler e Escrever: estratégias de produção textual utiliza inúmeros exemplos de fácil entendimento, inclusive buscados nas histórias em quadrinhos, ricas de representações da escrita numa linguagem atual, que podem ser adaptadas pelo professor, em seus planos de aula, como meio de se explorar criatividade e possibilidades, aproveitando sua visão lúdica. O aluno aprenderá se divertindo.
Este trabalho exibe consistência e clareza na abordagem sobre os tipos textuais, os gêneros textuais, a intertextualidade e seus modos de constituição. Trata da intertextualidade intergenérica e também das sequências textuais. Demonstra como usar referentes; como se faz a progressão referencial de um modo equilibrado; o que são cadeias referenciais na construção, organização e constituição de sentido dentro do texto; como se dá a orientação argumentativa; o que são progressão sequencial e progressão tópica e quais recursos utilizar para estruturá-las. Ainda fala da concepção de coerência, que é aquilo que dá interpretabilidade ao texto e depende do autor, do leitor e do texto, os três interagindo. Reforça-se aqui a ideia de que “texto escrito, uma vez finalizado, ganha ‘independência’ do seu autor/escritor” (p.77). Por fim, temos a apresentação dos recursos da economia e elegância na construção textual. Economia é se dizer o essencial a fim de que o texto fique instigante e compreensível. Escrever elegantemente implica usar léxico adequado ao gênero escolhido, que deve ser pertinente ao contexto.
Recomenda-se uma leitura atenta do livro para apreensão dos conhecimentos, nele contidos, sobre produção de textos. Vale tê-lo sempre à mão, pois é uma obra que agrega ótimo conteúdo a um prático detalhamento. O professor pode usá-lo como ferramenta de trabalho em classe e, ao compartilhar o apreendido, satisfaz o intento didático das autoras.
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* Pós-graduanda em Estudos Linguísticos e Literários - Turma 2012A - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras - Centro Universitário Fundação Santo André