Estrofes de um potiguar

Retirei do livro "Fulô do Mato" do potiguar de Açu Renato Caldas, algumas estrofes que julguei espirituosas, e vamos a elas:

Sêcas do sertão

Povo de chapéu de palha

Que luta vive e trabalha

Somente para comer

Povo que vive sofrendo

Na própria dor escondendo

A angústia do seu viver

Trabalhamos como bicho

Mas não sei porque capricho

A natureza é assim

Nossa vida é um aperreio

Nunca passamos do meio

É um principe sem fim

Sobre as enchentes

O rio sempre aumentando

Os destroços carregando

Para jogá-los no mar

Na água suja barrenta

Bem imunda e fedorenta

E a tristeza a boiar

Sobre a velhice

Amigo dotô Teixeira

A veíce é uma porqueira

Que não tem comparação

Além da falta de vista

Todo véio baixa a crista

E fica olhando pro chão

Milagre eu não espero

Porem francamente quero

Meu caro dotô Teixeira

Aumentar as minhas penas

Ao ver das lindas morenas

O rebolar das cadeira

Sobre saudade

O homem da minha idade

Que nunca sentiu saudade

Não pode ter salvação

Saudade....

É Deus assistindo

A criatura e sentindo

Tristeza e satisfação

A saudade é uma quenga

Que dentro de nós arenga

Sem dar proveito a ninguém

Alembrar tempo atrevido

Tiro o sono do indivíduo

E a vergonha também

Sobre o passado

Pra que andar choramingando

Amofinado pensando

No tempo que se passou?...

É como diz o ditado:

Quem quer viver no passado

Porque nele não ficou?

Sobre o sentimento do homem

Homem que vive se rindo

E diz que nunca chorou

Ou esse cão tá mentindo

Ou por outra, nunca amou!

Sobre a desocupação do homem

Homem que anda inlordado

Sem ter uma ocupação

No mundo só pode ser

Ou jogador ou ladrão

Sobre a mulher

Mulher é qui nem cachorro

Que pega a gente de furto

É cavalo comedor

Precisa cabresto curto

Prometo postar outros depois...

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 10/08/2012
Reeditado em 15/09/2012
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