Esaú e Jacó - Machado de Assis

Esaú e Jacó

Santos – casado com Natividade, queria ser deputado.

Natividade – baronesa, mãe dos gêmeos, devota, protetora.

Paulo – mais agressivo; bacharel; republicano. Odiava Pedro e amava Flora.

GÊMEOS IDÊNTICOS

Pedro – mais dissimulado; médico; monarquista. Odiava Paulo e amava Flora.

Batista - o pai da Flora; era homem de quarenta e tantos anos, bacharel, ex-presidente de província e membro do Partido Conservador.

Claudia - casada com Batista, mãe de Flora.

Flora - retraída e modesta, avessa a festas públicas, apaixonada pelos gêmeos, sua escolha é uma reticência. Morreu sem dizer quem realmente era o dono do seu coração.

Aires – narrador da história; justo, sagaz, discreto.

Resumo

Natividade teve dois filhos (gêmeos idênticos), cujos nomes foram dados em homenagem aos apóstolos Pedro e Paulo. Desde o ventre eles já brigavam, tal qual Esaú e Jacó, e ao visitar uma cabloca vidente, soube que os dois seriam grandes homens. Natividade sofrera muito na gravidez, os meninos já na barriga se desentendiam, mas ao vê-los na hora do parto, Natividade foi só felicidade. Santos se orgulhava dos gêmeos, queria que fossem políticos, tudo andava bem. Pedro e Paulo cresciam e com eles também aumentava a rivalidade. Disputavam tudo e sempre brigavam, fazendo Natividade interceder e tentar apaziguar os conflitos. Cresceram e tomaram partido, Pedro monarquista e Paulo republicano. Divergiam em tudo. Nas fotos pregadas no quarto, via-se Robespierre e Luís XVI, uma briga sempre apaziguada por Natividade. Natividade era uma boa mãe, protetora e conciliadora, fazia tudo pelos filhos e sonhava em vê-los grandes. O tempo passa e os meninos vão para a faculdade. Pedro faz medicina e Paulo direito. È nesse tempo que os dois se apaixonam por Flora, jovem, bonita e que tinha dúvidas sobre a qual deles daria o seu coração. Pedro e Paulo eram idênticos fisicamente, mas eram diferentes em atitudes. Mas parece que concordavam somente em Flora, pois ambos estavam perdidos de paixão pela jovem. Flora é filha de Cláudia e Batista, este ex-presidente de província que sonhava em voltar ao poder. Pedro e Paulo estão sempre de volta e sempre visitam a donzela. Pedro fala-lhe de monarquia e Paulo de república e a jovem toca seu piano e não sabe a quem se entregar. As desavenças aumentam quando o assunto é política, pois ambos divergem em opinião. Natividade sempre conciliando. Natividade pede conselhos a Aires, homem aposentado, sábio, bom ouvinte, mas jamais seus conselhos invadem sua privacidade. Aires conversa com Natividade e ela pede que o Conselheiro fale com os jovens e ele então aceita seu pedido. Os jovens vão jantar com Aires e o respeitam muito, ouvem as histórias de outrora e deixam claro ao conselheiro que amam Flora. Batista sonha em ter um cargo de Presidente de Província, mas a monarquia cai. Paulo comemora esfuziante e Pedro se martiriza por isso. Natividade fica preocupada com os filhos, afinal mudava o regime político e ambos procuravam expor suas opiniões. Estava tudo efervercido, até os ânimos, e Paulo queria mostrar a Pedro que vencera. Pedro se fazia de rogado e fingia-se conformado com a situação. Batista agora via seu sonho de voltar ao poder cair por terra e Cláudia tentava de algum jeito consolá-lo. Batista foi até falar com o Marechal, para ver se conseguia algo na nova república que surgia, mas ficou apenas no aperto de mão. Pedro e Paulo não disputavam apenas na política e sim também o coração de Flora e foi então que Aires aconselhou os jovens a dar um tempo, para que a moça entendesse o que sentia. Aquele a quem ela escolhesse, o outro deveria respeitar e se afastar. Os gêmeos aceitaram e concordaram com a proposta do conselheiro. Foram dar continuidade a vida após diplomados. Flora ficara e pensava, até delirava com os gêmeos. Cada um a enfeitiçara de um jeito e ela dormia amando Paulo e acordava querendo Pedro. Conselheiro Aires às vezes pensava que bom seria se entrasse um terceiro na história, talvez os gêmeos a esquecessem e seguissem a vida sem disputar uma única mulher. Foi quando apareceu Gouveia, homem bom, mas que não chegava a expor o que sentia para Flora. Tentou escrever algumas cartas, poéticas e comuns, mas Flora vivia só em seu pensamento, pensava só nos gêmeos. Mas entrou na história Nóbrega, que também ficou encantado por Flora. Nóbrega era de pouca ortografia, mas era rico e prometia dar-lhe tudo. Pediu a alguém para escrever uma carta para a jovem, pedindo-a em casamento, mas Flora negou tal pedido. Nóbrega ficou furioso e sabe-se que ele se conformou com a rejeição. Porém acontecera o pior, Flora adoeceu e piorava cada vez mais. Os gêmeos voltaram a tempo de encontrar a moça viva, mas... Flora morreu e Pedro e Paulo nesse instante parece que selaram um acordo de paz. Por algum tempo não discutiam, não divergiam e nem brigavam, a morte da donzela talvez trouxesse a paz para os irmãos. Nóbrega chorou dissimuladamente, mas sua pretendida, se não ficara com ele, também não se entregaria a mais ninguém. Os gêmeos visitavam a moça sempre no cemitério, mas cada um em seu horário e com suas dores. A república solidificada, Pedro mais conformado e Paulo querendo mais. Ambos são deputados e Natividade vai a posse dos filhos. Orgulhosa, agora sonhara que ambos chegariam à presidência e vice. Depois de ver os filhos deputados, Natividade morre, mas faz um apelo. Pede que ambos não briguem, que sejam amigos/irmãos até o fim da vida. Os gêmeos vendo a mãe falecer, prometem. Parecem que cumprem tal promessa, pois andam juntos, não discordam e a oposição até estranha o não embate dos dois.Porém, passado algum tempo, tudo volta a ser como antes. Pedro e Paulo, que desde o ventre brigavam, continuam sua richa particular e seus embates.

Conclusão

O romance é narrado por Aires, personagem da trama, mas em terceira pessoa. Mostra a política na época da proclamação da republica, a queda da monarquia e as divergências das personagens principais em relação a tal mudança política. Machado de Assis não explica muito bem que regime prefere, por isso talvez, mostra os dois irmãos (Pedro e Paulo) divergindo sempre em suas opiniões. Talvez a dúvida do novo e o conformismo do que já está, fez com que Machado não expunha muito sua preferência; um pouco de covardia ou de sensatez. As personagens são todas politizadas e o enredo mostra com clareza a efervescência política e as dúvidas do novo regime que está por vir. Há personagens querendo as facilidades do poder (Batista), há aqueles com medo e outros conformados. Em relação a personalidade de Flora isso é uma incógnita e talvez a sua dúvida demonstre sua fraqueza ou sua comodidade. Não escolheu Pedro e nem Paulo e deixou nas entrelinhas uma discórdia, pois ambos sempre vão pensar (no futuro) que ela os escolheria. Flora parecia ser doce, mas sabia jogar o jogo do amor. A realidade é que Flora era ambiciosa e não se contentava apenas com um dos gêmeos, queria os dois, mas à sua maneira. Cláudia, sua mãe era omissa e vivia pressionando o marido Batista para que esse voltasse à política; ambiciosa talvez. Batista preocupava-se apenas em ser político; forma de receber as facilidades do poder. Pedro e Paulo são irmãos, mas inimigos declarados, o sangue não os uniu e o amor declarado a uma mulher aumentou mais a guerra entre ambos. Talvez o fato de serem parecidos demais, estimulasse as diferenças de personalidade. Idênticos fisicamente, queriam ser diferentes em ações, uma forma de talvez, manter as individualidades. Brigaram desde o ventre e brigariam até o fim dos dias. Ambos não suportavam ser o reflexo um do outro e se condenavam por tal semelhança. Natividade, de todas as personagens era a mais amorosa e abnegou sua vida na causa de apaziguar os filhos. Morreu com a promessa de paz de ambos, mas a trégua durou pouco. São inimigos desde o ventre até...

Frases

Quando a sorte ri, toda a natureza ri também, e o coração ri como tudo o mais.

O coração é o abismo dos abismos.

A mentira é alguma vez, meia virtude.

A perfeição é copas.

Não vale a pena ir à cata das palavras riscadas.