A QUESTÃO DO DESAPEGO

Uma das funções do arquétipo Mestre é trabalhar com o tema do desapego.
Desapego aqui é tratado no sentido de encarar tudo que nos acontece de um ponto de vista objetivo.
Não se trata de frieza, nem falta de interesse ou mesmo despreocupação com a vida. É a aplicação correta do conselho de Jesus: “olhai os lírios do campo e as aves do céu. Uns não fiam nem tecem e se vestem melhor do que o mais rico dos reis; os ou-tros não plantam nem guardam em celeiros as suas colheitas, mas estão sempre bem alimentados.”
Isso significa confiar na Providência, ou seja, nas próprias potencialidades que Deus prodigalizou a cada um de nós. E sobretudo confiar realmente em Deus. Por isso o Mestre sabe aplicar bem as quatro premissas da aceitação, que são:

1. Quem quer que esteja presente, é a pessoa certa para estar aqui.
2. Seja qual for o momento em que comecemos, é o tempo certo para começar.
3. Seja o que for que aconteça, é a coisa certa para acontecer.
4. Seja qual for o tempo em que acabar, é o tempo certo para acabar.

As quatro premissas acima enunciam o princípio da aceitação e não significam mera resignação perante os acontecimentos. O Mestre não é fatalista, ou seja, ele não simplesmente aceita os resultados como algo que está além do seu controle. Ele os recebe de uma forma criativa, sem sofrimento nem desespero por ter perdido algo ou alguém de muita importância, ou por não ter poder para mudar o imutável.
Da mesma forma, tudo que lhe vem como bom resultado, ele recebe com simplicidade e humildade, porque foi conquistado com mérito. E se vêm como mau resultado, ele o recebe com sobriedade e calma, porque todo mau resultado é produto de ações mal planejadas, ou realizadas com inabilidade. Bons e maus resul-tados são recebidos com naturalidade, porque ele sabe que fazem parte do jogo.

OS SEIS TIPOS DE PERDA

O desapego nos ensina a encarar as nossas perdas com sabedoria e aceitação. Em nossa vida há muitas perdas: perdemos relacionamentos, perdemos o rumo das coisas, perdemos empregos, perdemos estrutura, perdemos confiança, perdemos o signifi-cado da vida, perdemos o controle sobre nossas vidas, perdemos bens, etc.
Existem seis tipos de perdas psicológicas que limitam a nossa vida e comprometem a nossa felicidade como pessoa e como Líderes Naturais. Essas perdas são laços, rumos, estrutura, esperança ou futuro, significado e controle.
Perder laços é perder relações. Amores, amizades, relacionamentos que se vão por mudanças ocorridas em nossas vidas ou eliminação natural (morte). São, no mais das vezes, as perdas mais doloridas, das quais nós temos mais dificuldade para nos recuperarmos.
Perder rumos é quando um desequilíbrio qualquer em nossas vidas nos faz ver que aquilo que fazíamos e queríamos já não nos satisfaz. E não sabemos exatamente o que queremos fazer daí em diante. Ficamos perdidos, sem rumo, sem estrela guia,sem norte.
Perder estrutura é quando a vida, que nos parecia estar solida-mente alicerçada, muda completamente. Parece que a terra sumiu sob os nossos pés. É o que acontece com uma pessoa que achava que tinha tudo, e de repente, se vê frente a frente com a ruína total.
Perder esperança ou futuro é quando termina a nossa motivação para continuar produzindo algo de útil. Não é preciso que aconteçam as perdas anteriores para sermos confrontados com esse tipo de perda. Ela acontece muito com pessoas que se aposentam sem estarem preparadas para isso. Nem sempre sentem que tudo aca-bou, mas acham que daí para frente nada mais vale a pena ser feito. Aceitam a morte antecipada e simplesmente param no tempo como se não houvesse mais nenhum amanhã.
Perder significado é quando passamos a crer que algo que acreditávamos antes já não tem mais utilidade nem valor. Isso acontece quando nossas crenças são desafiadas, quando os nossos valores são contestados e derrubados, quando sentimos que a nossa sabedoria não tem mais consistência. Isso acontece amiúde na medida em que vamos ficando mais velhos e não reciclamos nossos costumes, crenças, valores e a própria forma de viver. É quase sempre, resultado da nossa própria inflexibilidade.
Perder controle é quando já não temos mais poder de decisão. Geralmente essa é a última e definitiva etapa da nossa vida, quando sentimos que não estamos mais por conta de nós mesmos e precisamos de outras pessoas para nos ajudar a sobreviver. Essa pode ser a pior perda. Para alguns acontece mais cedo na vida. Para outros mais tarde. Mas para o verdadeiro Mestre isso nunca acontece porque ele está preparado para esse momento singular, e a não ser que a sua condição física lhe seja desfavorável, ele jamais perderá o controle sobre si mesmo e sua vida.
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CÓDIGOS DA VIDA-CLUBE DOS AUTORES-2011
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 06/08/2012
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