Resenha Livro: O CASTELO, de Franz Kafka




Escrito no ano de 1922 (completando 90 anos), primeiro livro realmente extenso que li de Kafka, dentre outros que já tive o prazer. Publica após sua morte, Kafka retrata a história de um agrimensor chamado a prestar serviços nas proximidades do castelo e, em sua narrativa de terceira pessoa, não consegue adentrar ao mesmo, não se sabe bem o porque, passando primeiramente por uma hospedagem, onde se desenrola boa parte do enredo, conhecem-se as funções das pessoas na vila, sabe-se o quanto a mesma depende do castelo, com diálogos e monólogos de como K (personagem principal, homônimo inclusive em outros romances) tinhas suas curiosidades sobre o local e de quão misterioso poderia ser. Ainda mais quando Klamm, funcionário do castelo, envia-lhe a primeira carta.
Confuso em alguns momentos, pois as contradições e câmbio de opinião dos personagens é variada. Uma verdadeira crítica ao estado, como é de sua característica, neste caso o personagem ataca o estado neste romance. Possui críticas fundiárias, burocracias e muito do que se exprime da psique de Kafka, que mais uma vez não encontra saída para as incertezas do ser humano perante a sua própria encruzilhada na vida, sempre encurralado em si, no novelo social constituído, até mesmo de um pós-guerra, digamos, “pós-traumático”.
O objetivo é demonstrar o desprestígio da plebe, à margem da sociedade, o descaso dos grandes, sempre com o peculiar toque de suspense em meio ao vazio e a quietude. Kafka é mestre em articular “semanas” de textos narrativos de emoções, situações estáticas, reflexões paradas no tempo, sem ser evasivo ou trivial. Um gênero único. Recomendo sobremaneira a leitura, todavia a leitura requer paciência e sagacidade. E, como sempre, o desfecho fica para a própria decisão do leitor.
Isso é Franz. Breve mais títulos do precioso autor.
Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 01/08/2012
Código do texto: T3809023
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