Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Personagens
Brás Cubas – Sarcástico, sem escrúpulo, preconceituoso, bom vivant, personagem principal. Escreveu o romance depois de morto, por isso, póstumo. Viveu sozinho e morreu só. Pensava que amava Virgilia, mas gostava apenas do sabor da aventura. Traía a todos e a tudo, por seus ideais. Ambicioso, brigou com a irmã na divisão da herança.
Virgilia – linda, casada, mãe de um filho, ambiciosa, mantinha um relacionamento com Brás.
Lobo Neves – casado com Virgilia, homem sério, fechava os olhos para a traição da esposa e queria sempre o mais alto cargo para que a própria não o abandonasse.
Quincas Borba – companheiro de colégio de Brás e mentor na fase adulta. Sábio, filósofo, terminou louco.
D. Eusébia - viúva, rica, mãe de Eugênia
Eugênia - dezesseis anos, linda, coxa e cheia de complexos.
Marcela – espanhola, interesseira, usava a beleza para conseguir vantagens
Sabina - irmã, casada com Cotrim.
Cotrim - Bom rapaz, gentil, inteligente e sagaz.
Nhã-loló – Simples, nível social inferior a Brás Cubas, tinha complexo de inferioridade.
Capitão – poeta, casado com uma tísica e ficara viúvo a caminho da Europa.
Resumo
Brás cubas ao nascer fizeram uma grande festa para a família. Houve visitas e presentes diversos e o pai estava orgulhoso de ter um filho varão. Na infância era chamado de “menino diabo” e ele confirmara que foi travesso e buliçoso. Na adolescência se apaixonara por Marcela, uma espanhola muito linda, mas que usava a sua beleza para ganhar algumas vantagens de Brás Cubas. Certa vez ele roubara dinheiro do pai para comprar um presente para Marcela e o pai vendo que ele passara do limite, resolve mandá-lo estudar na Europa. Brás Cubas ficou indignado, não queria abandonar Marcela e propôs que ela fosse, mas... Brás Cubas embarcou só e no navio conhecera um capitão. Descobriu que esse capitão era casado com uma tísica, que talvez nem chegasse ao fim da viagem e que o mesmo era poeta. Passou a viagem até a Europa ouvindo os versos do capitão. Viu a mulher tísica morrer e ser lançada ao mar e para alegrar o capitão, falou-lhe que ele deveria publicar tais poemas. Formou-se em bacharel e voltou para a sua cidade, mas não foi morar com o pai. Conhecera Eugênia, linda, mas coxa e sentiu pensamentos diversos. Desejo e piedade, mas respeitou a moça, que o olhava enamorada. Eugênia era filha de D. Eusébia, viúva rica e muito educada. Em sua volta ao visitar uma loja se assusta ao ver o seu grande amor do passado, Marcela. Marcela estava de bexiga, a doença deformara seu rosto e ele sentiu vontade de não encará-la. Marcela falou-lhe do passado, mas Brás Cubas queria mesmo era sair daquela situação e não mais olhar para aquele rosto desfigurado que no passado lhe fez furtar alguns tostões de seu pai. Seu pai certo dia vai visitá-lo e diz a ele que ele deveria ser deputado e se casar. Brás Cubas aceita tal proposta e o pai disse que escolheria uma noiva para ele. Escolhera Nhã-loló, filha de Damasceno, mas a diferença social era grande entre ambos e o tal casório não vingou. Mas Brás Cubas mantinha um relacionamento com Virgilia, com quem quase se casara no passado, mas quis o destino que não se realizasse. Virgília casara com Lobo Neves e tinha um filho. Brás Cubas encontrava-se sempre na casa de D. Plácida, que era uma alcoviteira da traição. Brás Cubas queria fugir com Virgilia, mas a mesma negara, tinha medo que o marido a procurasse e matasse. Brás até pensara em matar Lobo Neves, mas era um homem muito bom e sempre o tratava com respeito. Certa vez Lobo Neves foi convidado para ser presidente da Província e chamou Brás para ser secretário, o mesmo aceitou, mas o convite foi negado, pois havia um número treze no meio e Lobo Neves, supersticioso que era, anulou a intenção. Já deputado e com Virgilia como amante, Brás encontra Quincas Borba, amigo de infância e que agora era um mendigo e o mesmo lhe rouba o relógio. O pai de Brás Cubas morre e na divisão de bens ele se mostra inflexível e briga com sua irmã Sabina e seu cunhado Contrim. Quincas Borba reaparece e dessa vez já não está mais para andrajo de homem; era filosofo e falava de sua teoria Humanita. Brás ouvia-o atentamente e Borba agora se tornara o seu mentor. Lobo Neves é convidado novamente para ser Presidente da Província e dessa vez aceita. Virgilia grávida; não se sabe de quem; vai com o marido e pede ao amante que a acompanhe. Brás nega! Depois de muito tempo sem se falarem, Sabina e Cotrim reatam com Brás. Cotrim fala que é chegada a hora de Brás casar e fala que a filha de damasceno, Nhã-loló, é uma boa dama. Novamente ele tenta, mas não consegue amenizar as diferenças que existem entre eles (social). Nhã-loló, vai para o convento depois dessa desfeita. Brás perde o cargo de Deputado e Borba aconselha-o a publicar um jornal. Cotrim desestimula-o e depois da primeira edição escreve uma carta aberta dizendo que não concorda com o que o cunhado falara. Brás não entende tal desculpa, mas ignora em seguida. Sabe que Marcela, seu amor do passado estava para morrer. Visita-a e já não reconhece o rosto desfigurado, antes lindo, hoje um andrajo. Em seguida ela vem a falecer. Quincas vai embora e volta tempos mais tarde, louco. Enlouquecera tentando aperfeiçoar sua teoria Humanita. Lobo Neves morre e no enterro encontra Virgilia, a mesma chorava de dor e ele sente que apesar de trair o marido a mesma o amava. Brás enterra também D. Plácida e termina seus dias fazendo chacota da vida, diz que viveu sem derramar uma gota de suor para ganhar seu sustento. Morreu de pneumonia mal tratada.
Conclusão
O romance é escrito por um defunto e em primeira pessoa. A história é contada em uma forma de desabafo as desventuras de Brás cubas. Mas podemos também analisar da seguinte maneira: Ele antes de morrer, pode ter narrado seus fatos, como uma forma de redimir o que fizera de errado. O autor fala que o livro foi escrito por um defunto escritor, que olha do alto sua vida e suas proezas. Brás Cubas, é uma sujeito preconceituoso, não aceitava a pobreza de Nhã-loló e nem o defeito de Eugênia. Mantinha um relacionamento com Virgilia e às vezes lhe parecia cômodo, pois era avesso as responsabilidades. Virgilia traía Lobo Neves sem culpa e o mesmo fechava os olhos para a traição da mulher. Amava-a com devoção e demonstra isso quando é convidado para ser presidente da província e convida o rival para ser seu secretário. Talvez com medo de ser abandonado pela mulher, fizera esse convite um tanto esdrúxulo. Brás era preguiçoso e não contribuiria em nada para a vida, talvez o motivo de ser um autor defunto. Quando o seu pai morreu, Brás se mostrou sovina e queria de alguma forma roubar a irmã Sabina na herança. Virgilia também era gananciosa e talvez por isso não se separava de Lobo Neves e o mesmo sabia e lhe prometia o título de baronesa. Brás era um fanfarrão, um sujeito sem escrúpulos e sem decência. Traía a olhos vistos e não temia pela vida de sua suposta amada. Era egoísta, pois mesmo depois da morte de Lobo Neves, abandonara a viúva, talvez gostasse da aventura. Mesmo o autor escrevendo a sua biografia, nota-se uma certa ironia na história e a vontade de contar tudo, até mesmo os pecados cometidos. Brás parece que queria se redimir de sua falta de vida e de seus preconceitos.
Quincas Borba – Teoria Humanita.
Borba fala de sua filosofia e a meu ver ele mostra que o homem nada mais é que o resultado de seus defeitos. Que a inveja é necessária para que ninguém se acomode. Que o que desejamos e o que amamos tem sempre um interesse por trás. Amamos querendo o belo ou o conforto, ou qualquer coisa que nos sirva. A Humanita é uma teoria onde o homem se vê brigando por tudo, mas aí está o segredo da seleção da espécie e da sobrevivência. Fala que o homem sempre quer ser maior do que seu semelhante e até mesmo ofertando uma esmola, ele se sente satisfeito, não por ter ajudado outrem, mas por ver que aquele a quem ajudou é menor do que ele. Aquele que mais ajuda, para o Humanita, é aquele que se sente mais inferiorizado, e, busca na doação uma forma de ser superior ao seu semelhante. È duro, mas tem um fundo de verdade.
Frases - hipocondria, essa flor amarela, solitária e mórbida, de um cheiro inebriante e sutil.
Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
Os homens valem por diferentes modos.
A natureza é, às vezes, um imenso escárnio.
Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.