Casa velha - Machado de Assis
Casa velha
Personagens
D. Antônia – Viúva do ministro, mãe de Félix. Aparentemente gentil e cortez, mas carregava enorme mágoa no coração, pois para se vingar do marido morto (mantinha relacionamento extra-conjugal) inventou um incesto que destruiu a felicidade do filho.
Lalau – Moça alegre, viva e sorridente. Despertou o amor do padre e de Félix. Casou-se com Vitorino.
Félix – Gentil, educado, queria seguir a carreira política; casou-se com sinhazinha (doce, meiga, introvertida).
Padre – foi escrever um livro, pois achava o outro, que Mascarenhas escreveu, medíocre. Talvez pernóstico e futriqueiro, apaixonou-se por Lalau; viu sua fé aos cacos e correu de antecipar a história de Lalau e Félix. Quis escrever sobre política e participou de um desfecho de folhetim.
História
Por achar o livro que o padre Luis Gonçalves escreveu medíocre, é que o padre resolveu escrever para mostrar que não só sermões e rezas, consegue escrever um membro da igreja. Seu livro trataria de política na época de Dom Pedro I e resolveu fazer a pesquisa na Casa Velha (nome do livro). Ali, havia uma biblioteca e documentos que contavam sobre acontecimentos políticos da época. Na casa velha vivia D. Antônia, viúva de um ministro, mãe de Félix e provedora de Lalau. O padre foi recebido com todas as honras por D. Antônia e Félix e este o assessorava em tudo; acompanhava-o em sua pesquisa e demonstrava sempre boa vontade. Assim como D. Antônia, Félix era muito educado, fino e prestativo, um verdadeiro filho de ministro. Em um dia de pesquisa, o padre teve contato com Lalau. Lalau era educada, viva, sorridente e trasbordava vida pelos olhos e coração. O padre logo se encantou com a menina e se viu entre o inferno e o céu. Aquela menina o tirava o Hábito, confundia seus dogmas e o fazia se perder em pensamentos. Em meio a pesquisas e observações, o padre percebeu que entre Lalau e Félix existia um flerte; apesar da diferença social, pois Lalau era simples e Félix sofisticado, havia entre eles um amor que quebrava as barreiras sociais preconceituosas; percebeu também que D. Antônia queria a qualquer custo manter Félix longe da Casa velha e providenciar uma viagem para ele. Félix relutava, não queria sair de perto de sua amada (Lalau) e de súbito veio com a idéia de seguir a carreira política, tal qual seu pai; talvez uma fuga, uma desculpa para continuar perto de sua amada. O padre, num gesto altruísta, tentou ajudar o casal de enamorados. Queria-os casar, mas logo foi repreendido por D. Antônia que achava a ideia estapafúrdia. O padre a interrogava sobre a negatividade e D. Antônia nada respondia. Félix decidiu ficar e seguir a carreira política, tal qual seu pai e Lalau desfilava sua simpatia pela Casa Velha. O padre continuava sua pesquisa e sempre Lalau ia visitá-lo, acendendo mais a sua chama e mostrando sua fragilidade ante o Hábito. Lalau era muito viva e explodia de felicidade, vivia pela Casa Velha, distribuindo sua vida. Os dias passam e D. Antônia resolve contar porque não quer o enlace de Félix e Lalau; diz que os dois são irmãos, frutos da traição de seu marido. O padre quase cai de costas e se assusta com o incesto que ele mesmo queria pôr em prática. D. Antônia pede sua ajuda para separá-los e o padre aceita. Sem demoras ele conta para Félix a terrível notícia e assim o amor incestuoso tem seu fim. Lalau não sabe de nada e vê seu amado afastar sem nenhuma justificativa. Sofre a dor da desilusão e o padre sente pena da tal menina, que antes viva e agora só lamúrias. Certa noite, D. Antônia convida um coronel para vir jantar em sua casa e o mesmo tinha uma filha chamada Sinhazinha e ali estava a futura noiva de Félix. Lalau se casaria com Vitorino, pobre, mas honesto. Mas a história tinha também ainda novas histórias e D. Antônia resolve contar a verdade. Lalau e Félix não eram irmãos, o filho do relacionamento extra-conjugal havia morrido. O padre quis tentar reconciliar o casal, mas já não havia mais como. Num jogo de mentiras de D. Antônia e do próprio ministro e por que não falar do padre, eles se recusaram. Eram muito honestos.
Conclusão
D Antônia não era tão passiva e caridosa, pois guardava dentro do coração uma mágoa que passava por cima até da felicidade de seu filho. Vivia de fachada com seu altruísmo e se arrebentava com o desejo de vingança. Sofrera calada com as traições do marido. O padre, querendo escrever a história da política, conseguiu contar a história da mentira e da dissimulação. Apaixonou-se e viu sua fé colocada à prova e talvez por isso, ou para se livrar da tentação, resolveu casar Felix e Lalau, um gesto que precipitou a separação e alimentou a mentira criada por D. Antônia. Ao mesmo tempo em que queria casá-los, separou-os. A história mostra a dissimulação e uma vingança tardia, cuja vitimas, não tinham nada que ver com os erros do passado. O incesto, construído em cima de uma vingança e de remorso, destruiu a felicidade do casal e fez com que os dois se negassem, quando enfim, a mentira foi revelada, mostrando a todos uma honestidade sectária e corajosa.
Frase - Assim é a vida humana: um nada basta para complicar tudo.