O Hobbit, de J. R. R. Tolkien

Mais que um mero prelúdio de O Senhor dos Anéis, O Hobbit é uma obra com vida própria. Por outro lado, é complicado escrever uma análise deste livro sem fazer uma relação com seu sucessor, portanto algumas pequenas comparações ao longo da resenha serão inevitáveis.

No geral a obra é recheada de fantasia com fortes traços de comédia, causada principalmente por meio do narrador que nos conduz à mente do “pobrezinho do Bilbo”. Em algumas passagens mais sérias o leitor fica realmente tenso, prendendo a respiração, como as cenas envolvendo os orcs, os wargs, e muitas outras, mas a obra se caracteriza bem como um romance infanto-juvenil (e particularmente genial) feito principalmente para divertir quem está lendo.

A leitura é agradável e de fácil entendimento. O cenário é descrito minuciosamente, o que pode causar certa estranheza inicial e fazer o leitor julgar que o livro é maçante, porém não é algo impossível de se acostumar com persistência. Em poucas páginas a história já cativou o bastante para que a pessoa nem ligue mais para o excesso de descrições (o que é compreensível, penso que Tolkien queria que cada leitor imaginasse exatamente a Terra-Média criada por ele, nos mínimos detalhes).

A história se desenrola em um ritmo agradável, com certas passagens tendo desfechos bastante inesperados e surpreendentes, na maioria das vezes devido ao próprio Bilbo. Falando nele, é visível sua evolução ao longo da trama, mas para não revelar muito sobre o enredo falarei dele no capítulo inicial: um hobbit preguiçoso, que tem tudo o que queria, uma vida excelente, uma toca confortável, mas no fundo anseia por uma aventura fantástica. Quantos de nós não temos desejos aventureiros assim, de vez em quando? Será que no lugar de Bilbo, faríamos uma escolha diferente da que ele fez?

Os demais personagens são um pouco apagados (exceto por Gandalf, Thorin, Bombur, e outros personagens que aparecem mais perto do fim da trama), porém consegui identificar certas características de alguns dos anões. Outro ponto interessante a ser considerado (embora não seja algo exclusivo d’O Hobbit ou mesmo de Tolkien) é que podemos ter certas impressões de como era a Inglaterra do tempo em que o livro foi escrito – por exemplo, no capítulo “Adivinhas no Escuro”, muitos talvez achem as adivinhas estranhas, bobas, ou coisa assim, mas suponho que eram bastante populares e comuns naquela época.

No mais, O Hobbit é um ótimo livro, e perfeito para o leitor se introduzir ao universo fantástico criado por Tolkien – O Senhor dos Anéis e as obras que o sucedem possuem uma leitura bem mais complexa e uma história mais densa, por isso considero que o melhor é começar por O Hobbit mesmo. Para os que já leram ou assistiram O Senhor dos Anéis e gostaram, é uma ótima pedida, pois muitos fatos que ocorreram n’O Hobbit explicam elementos existentes nas obras seguintes. Que venha a adaptação cinematográfica de Peter Jackson no final deste ano!

Diego Nunes Lopes
Enviado por Diego Nunes Lopes em 29/06/2012
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