Resenha Livro: UM FAROL NO PAMPA, de Letícia Wierzchowski



Comento agora este livro, que surgiu por influência do grande sucesso de A CASA DAS SETE MULHERES, como uma continuação da saga que arrebatou o sul do nosso país no século XIX no retrato da épica Guerra dos Farrapos.
O livro retrata a vida de Matias Gutierrez, citado no primeiro livro ainda bebê, filho do Índio João e da sinhazinha Mariana, um amor proibido e flamejante, surgido na segurança da estância em pleno seio da revolução.
Matias herda a estância muitos anos depois, e decide regressar em virtude do saudosismo, da falta que sente de vovó Ana que o criou e da vontade que tinha de ser como o pai e tocar aquele lugar. Todavia antes disso os encalços foram muitos.
Escapou da guerra quase morto, em condições precárias, no Paraguai. Aliás o livro trata dos detalhes de guerra, das privações, da fome e da carnificina promovida pela insistência do ditador Solano Lopes. Nesse ínterim, sonhava com a noiva Inácia, filha de Perpétua e Neta de Bento Gonçalves da Silva, Presidente da República Rio-Grandense à época, que acaba deixando a vida paulatinamente quase no início desse segmento, deixando só sua uruguaiana Caetana, das mais lindas de todas aquelas mulheres valentes. Essa noiva, achando que Matias se encontrava morto em decorrência da guerra, aceita com o tempo o flerte de um outro estancieiro, com boas condições financeiras e passa a viver uma vida de luxos, acostumando-se também aos poucos com a "morte" de Matias. Quando o mesmo retorna tem a maior decepção de sua vida, ao vê-la casada com outro, se volta mais ainda a seu passado e decide procurar Manuela, a eterna noiva do herói italiano Garibaldi, já muito idosa e abandonada (sua tia), vivendo em Pelotas apenas com uma empregada, não saindo nem para ver a luz do sol, apenas com suas anotações e o velho diário em que anotava cada sentimento, cada lágrima derramada por seu corsário Italiano, que um dia a deixou com a promessa de voltar, no entanto casando-se com a brava Anita, que não muito tardou a o deixar também...
No último encontro, não muito encorajador, soube da morte da tia que havia deixado a casa à empregada e os seus velhos diários para Matias, para que os queimasse. Decidiu le-los primeiros e depois veria o que fazer. A última página do extenso livro de mais de quinhentas laudas retrata que por fim os diários de Manuela viram o fogo.
O livro leva esse nome pois o farol foi construído por Ana para guiar os navegadores daquele local, em tempos de outrora e lá Matias conheceu após sua decepção amorosa uma misteriosa moça que encheu seu coração de esperança, mas depois descobriu-se tristemente que não era real, que ela havia morrido a algum tempo e não passava de ilusão de sua mente perturbada.
Um drama como poucos, rico em detalhes de época, que recomendo aos amantes das memórias do egrégio estado do Rio Grande do Sul.

 
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Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 27/06/2012
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T3748185
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