Se coca-cola existe, Deus também!
Resenha: Se a coca-cola existe, Deus também!
Evangelho segundo São João – Jesus é a palavra que revela Deus aos homens; cap.1 No começo a Palavra já existia/a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus./No começo ela estava voltada para Deus./Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela./Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
( Bíblia Sagrada)
Para mim o ateísmo não é nem consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto ( Nietzsche in Ecce Homo)
O Livro Deus & eus, de Archidy Picado Filho, Ideia:2011 – Texto base de palestra proferida no Centro de Estudos e Pesquisas Psicobiofisicas Paulo Chaves é, no mínimo, um amontoado de palavras sem nexo; com todo meu respeito pela pessoa, artista e escritor.
A obra trata do tema de forma prolixa, e sem adequação ao melindre que se faz mister tal especificidade do mesmo. A impressão que se tem é que o autor não se deteve à uma análise mais rigorosa a respeito de suas ideias, deixando a desejar no fator propriedades de significado e significante.
Inclusive, no início dá a perceber que parece até coisa de ‘maluco’; logo nos cumprimentos: “Boa noite a todos os presentes e, também, aos daqui ausentes” – o que o autor do livro-palestra quis dizer que quem estava em casa também fora cumprimentado? Não fica compreensível a colocação.
2- A argumentação é iniciada por uma pergunta do filho Rafael (8): “Papai, Deus está morto?” Onde logo a seguir o autor diz que parece que o filho havia lido Nietzsche. (p.11) Onde um garoto de 8 anos já teria conhecido a leitura desse filósofo? “Admirei sua preocupação pensando mesmo que ele já houvera lido algo do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) para quem Deus está morto.” (p.11) Nietzsche, filósofo anticristo, cuja história de vida fora totalmente atípica, sabe-se que ele viveu os 11 anos antes de sua morte em albergue próprio pra loucos; encarnava-se ora em Cristo ora em Dionísio. Como aferir pesos e correlatos com Deus?
3- Por várias passagens, o autor recorre à tentativa de responder ao filho sobre Deus, ou seja, “esclarecer melhor a razão do questionamento de Rafael sobre a “morte de Deus” (p.13)
Embasa-se também em:
a) Jang (1875-1961) “para quem a “morte de Deus” ou seu desaparecimento não constitui de modo algum um símbolo exclusivamente cristão.” (13)
b) Georg Steiner (1929-...) “em Gramaticas da Criação chamou a “morte de Deus” o “eclipse do messiânico”, messianismo que se devidamente considerado, restauraria um possível (?) acesso humano...” (p.14)
Dentre tantos nomes, o livro-palestra está recheado de referências, além dos já citados acima: Russell, Theilhard, Capra, Humberto Eco, Aldous Huxley, Arthur C. Clarke, Isaac Asimov entre outros.
Conclui, por fim, a enfadonha palestra com “chave de ouro” “um amigo meu, ele me perguntou se eu acreditava possível a existência de um Deus”. Numa provocação crítica, perguntei-lhe: “se a Coca-cola existe, por que Deus não pode existir?”(p.45)
Aceite as nossas provocações, pois não somos ateus como o senhor escritor.