Os três poderes do Guerreiro
   

Poder de presença
  1. O guerreiro está sempre presente e visível. Não se omite nem se esconde. Ele descortina na frente do grupo as quatro inteligências do homem: a mental, a emocional, a espiritual e a física. Ele tem carisma e magnetismo. As pessoas “sentem” a presença do guerreiro.

Comunicação

  1. O Guerreiro pratica a comunicação efetiva. Sabe escolher as palavras, o tom de voz apropriado ao momento, lugar e contexto, a postura corporal correta. Seu discurso apresenta congruência entre o conteúdo verbal e a postura

Posicionamento


  • Seu posicionamento é firme, claro, suas propostas são definidas. As pessoas não têm dúvidas a respeito do que ele  pensa e sente. Ferramentas de poder

    Ferramentas de poder são âncoras que auxiliam o acesso ao nosso Guerreiro interior. Normalmente são ritos e tradições praticadas inconscientemente. As manifestações abaixo elencadas são referentes á tradição xamânica citada por Angeles Arrien.[1]
  1. Seção com chocalhos. (É uma âncora sonora que auxilia a limpeza e a purificação da aura e ajuda a despertar o sentido da visão).
  2. Dança (Promove o fortalecimento e a recuperação de energia). Músicas e passos com os ritmos do fluir, do dispersar (caos), do lírico, e do silêncio.
  3. Meditação em pé; Postura do totem: mão direita no coração e mão esquerda no flanco direito, entre as costelas e o umbigo. Praticar o silêncio. Essa é a postura também utilizada nas artes marciais para captar o influxo da energia da presença, da comunicação e do posicionamento.
  4. Animais protetores. É o animal com o qual o nossos arquétipos se identificam. Ele costuma aparecer em nossos sonhos ou quando estamos em estado de transe. Ele guarda e protege o nosso corpo físico.  É o símbolo natural do arquétipo. Devemos sempre prestar atenção nessas manifestações do nosso inconsciente. Quando sonhamos demasiadamente com um determinado animal isso é um sinal de que aquele arquétipo em particular está se manifestando.  Os animais de poder do Guerreiro estão entre as criaturas aladas.
  5. Sua direção é o norte, seu elemento é o ar, sua estação preferida é o inverno. Essas relações são deduzidas a partir do contato do homem com a natureza. Isso quer dizer que existe uma correlação entre esses aspectos naturais e o espirito humano em suas reações. Assim, o Espírito Guerreiro está associado com o ar (grandes espaços abertos), com o inverno, no sentido de que ele se manifesta com maior intensidade no frio (daí as expressões sangue-frio, sangue quente etc, típicas do Guerreiro, uma para incitá-lo à ação, outra para fazê-la conscientemente). A  posição norte se relaciona com a metáfora de o Guerreiro se conservar em pé (simbolicamente sempre apontando para cima, para o norte). O norte (alto, céu) é também o território das criaturas aladas e a residência do Pai Céu
Sombra e Persona

Todo arquétipo tem seu lado positivo e seu lado negativo. Os termos Sombra e Persona foram utilizados por Jung para nomear essas duas facetas da nossa personalidade [2].
Não há personalidade humana que não apresente esses dois aspectos. A eles damos variados nomes: luz e sombra, bem e mal, anjo e demônio, virtude e pecado, Cain e Abel, a Bela e a Fera, mocinho e bandido, etc.
Ambas atuam com certa independência do ego. Suas manifestações nem sempre dependem da nossa vontade. São facetas que a nossa estrutura neurolinguística desenvolve, muitas vezes para fins de nos proteger. Em PNL elas são chamadas de “partes” e não são valoradas com conceitos de boas ou ruins. São apenas características da nossa personalidade que são desenvolvidas para nos defender de alguma experiência que a nossa mente interpreta como perigosa.
Devemos nos lembrar que quando fazemos alguma coisa a intenção desse comportamento é sempre positiva e aquilo que nós chamamos de mal é apenas uma medida de valor com a qual nós julgamos essa experiência. Assim, o nosso lado sombra também age com a intenção de nos fazer bem, embora o resultado possa não ser bom.
 
Geralmente nós reprimimos nosso aspecto sombra por que deixá-lo livre implica em culpa. A tendência é escondê-lo atrás de uma fachada de benevolência e sociabilidade. Assim, Persona, no sentido que aqui lhe damos é a máscara que colocamos para atuar no nosso teatro social.
Reconhecer e trabalhar o nosso aspecto sombra é integrá-lo na nossa personalidade. Reconhecer quando estamos atuando com o lado Persona é ter consciência da nossa própria postura em cada ação que praticamos.
Nós precisamos dos dois lados da nossa personalidade. Não devemos reprimir nem a um nem a outro. Devemos nos conscientizar quando estamos utilizando um e outro e respeitar suas razões para estar agindo assim. Geralmente suas razões são muito legítimas e visam a defesa do nosso ego.
A vida controlada só pelo Persona é chata e sem emoção. É como o personagem que é sempre bonzinho. Ele se violenta para obter o beneplácito da sociedade. Esconde-se atrás de uma máscara de candura e compreensão para evitar conflitos.Já uma vida controlada pelo aspecto Sombra é extremamente perigosa e avessa a tudo que a moral social recomenda. Pode degenerar em criminalidade.
Aspectos do sombra e do persona são observáveis em comportamentos pessoais e nos ditos populares: bom para os amigos, mau com os filhos; dócil com autoridades, agressivos com a família; anjo na rua, carrasco em casa; casa de ferreiro, espeto de pau, faça o que eu digo e não o que faço, o sujeito de duas caras, etc.

O lado sombrio do guerreiro
 
                                    Rebeldia
 
 O Guerreiro tende a desenvolver um aspecto rebelde bem saliente. Isso ocorre pela necessidade imperiosa que ele tem de colocar sua marca em tudo que faz. Isso é bom, mas se for levado a extremo pode prejudicar a capacidade de trabalhar em grupo e prejudicar a obtenção do resultado, já que nada se faz sozinho.
Pode também levar a comportamentos egoístas e autoritários, onde ele procura valorizar mais suas próprias ideias e necessidades do que o resultado que deve buscar para o sistema. Para que o Guerreiro não prejudique sua ação com a rebeldia é preciso que ele aprenda a respeitar limites e determinações, que saiba  aceitar as ideias alheias e assumir a responsabilidades pelas ações e omissões por ele cometidas.
Precisa também entender que o reconhecimento de suas limitações e a obediência a limites e determinações não é um atentado à independência e á capacidade do Guerreiro, mas sim um sinal de maturidade. Ao contrário, saber dosar esses aspectos da nossa personalidade nos confere respeito e credibilidade.

                           Falsa humildade

Muitas vezes o guerreiro é vítima desse aspecto sombrio que existe na nossa personalidade. Sabemos que deveríamos reivindicar a liderança e a autoridade para nós, mas deixamos que outra pessoa a assuma. Geralmente é o medo de se expor, de  confrontar com alguém, que nos leva a tal comportamento. Quando tememos a responsabilidade que a liderança acarreta, nós a projetamos em outra pessoa. Ficamos na sombra, assumindo a postura do crítico, do julgador ou da vítima que foi preterida, quando na verdade fomos nós que não reivindicamos o nosso direito. Só que quando criticamos alguém por fazer diferente aquilo que nós mesmos deveríamos ter feito, o que estamos fazendo é reivindicar autoridade pessoal, chamando para nós os holofotes da atenção, mas sem o devido mérito.                     
                 Comportamento manipulador

         Comportamento manipulador é aquele que Angeles Arrien chama de padrão de invisibilidade. É típico do indivíduo que se esconde atrás de pessoas de poder, tentando influenciar em suas decisões. Revela medo de expor-se, de assumir responsabilidades, bem como baixa autoestima e falta de confiança em si mesmo. Esse é um aspecto sombrio do Guerreiro que às vezes se manifesta, impedindo que o arquétipo atue com todas as suas habilidades e virtudes. O verdadeiro Guerreiro se apresenta e reivindica para si a liderança e a autoridade. Mostra coragem e destemor. Ele considera a força e a fraqueza como aspectos da nossa personalidade e sabe que tanto a vitória quanto a derrota são apenas resultados que se obtém numa ação que se pratica. Aceita a primeira com verdadeira humildade e a segunda com sóbria dignidade.  Também não manda alguém fazer aquilo que ele mesmo não quer ou não tem coragem de fazer. Não se vale de ninguém para fazer o trabalho “sujo” para ele nem de mão alheia para tirar suas castanhas do fogo. Não manda seus subordinados fazer aquilo que ele mesmo não se dispõe a fazer. Quando esses aspectos sombrios em evidência isso significa que a nossa capacidade de liderança está sendo prejudicada.


[1]O Caminho Quádruplo, op citado. Pgs. 34 e 35
[2]   Murray Stein - Jung – O Mapa da Alma, Ed Sextante, pg. 199

A DUPLA FACE DO GUERREIRO

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DO LIVRO: CÓDIGOS DA VIDA- CLUBE DOS AUTORES- 2011
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 01/06/2012
Reeditado em 01/06/2012
Código do texto: T3699058
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