RESENHA CRÍTICA SOBRE O NOVUM ORGANUM DE FRANCIS BACON

VALTÍVIO VIEIRA

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância, e Pós-Graduando em Metodologia do Ensino Religioso, ambos pela FACINTER – Curitiba – PR.

SÃO BENTO DO SUL - SC

2010

1. INTRODUÇÃO

A ciência moderna é a modalidade de saber constituída por um conjunto de aquisições intelectuais que tem por finalidade propor uma explicação racional e objetiva da realidade. Mais precisamente ainda: é a forma de conhecimento que não somente pretende apropriar-se do real para explicá-la de modo racional e objetivo, mas procura estabelecer entre os fenômenos observados relações universais e necessárias, o que autoriza a previsão de resultados (efeitos) cujas causas podem ser detectadas mediante procedimentos de controle experimental.

O Objetivo deste é demonstrar a utilidade da ciência experimental para a busca do conhecimento.

O problema é, será que o cientista pode pesquisar, analisar algo, sem levar em conta suas visões subjetivas?

Neste estão inseridos a biografia de Francis Bacon, um breve resumo de seu livro, e a crítica à sua obra.

2. RESENHA CRÍTICA SOBRE O NOVUM ORGANUM DE FRANCIS BACON

Francis Bacon (1561 – 1626 ) nasceu na Inglaterra. Estudou no Trinity College de Cambridge, onde demonstrou profunda antipatia pelo programa de ensino escolástico. Tornou-se hostil a Aristóteles. Queria libertar a filosofia das garras da escolástica e lançá-la no caminho das luzes, fazendo crescer o bem-estar da humanidade.

Depois de uma adolescência órfã e pobre, galgou os postos mais importantes. Em 1.583, foi eleito membro do Parlamento, tornou-se chanceler em 1.618. O parlamento o acusa de corrupção e o condena em 1.621. Doente e arruinado morre cinco anos mais tarde. Sonhou sempre com a reforma da filosofia. Contra as disputas estéreis da escolástica, declara que a ciência não é um conhecimento especulativo, nem uma opinião a ser sustentada, mas um trabalho a ser feito, a serviço da utilidade do homem e do seu poder. Para dominar a natureza, precisamos antes consistir na observação da natureza. Contudo, para se ver claro, é necessário, antes, fazer uma classificação das ciências = as ciências da memória (ou história), as ciências da razão (filosofia) e as ciências da imaginação (poesia).

A obra de Bacon, denominada Novum Organum, cujo título já representa seus objetivos, fundamentação de um novo método científica e defesa da lógica indutiva, uma vez que se contrapõe ao órganon, o conjunto de tratados de lógica e método científico de Aristóteles. Bacon procura mostrar que a verdade, na ciência, surge da união da experiência e da razão, segundo um processo que constitui o ponto de partida do método experimental. Precisa-se antes de tudo libertar-se de nossos preconceitos ou ídolos.

Estes elementos perturbadores do conhecimento serão eliminados graças ao método indutivo. O interesse da ciência não é somente especulativo ou contemplativo. Importa, antes de tudo, estender o poder do homem sobre a natureza através da aplicação do saber científico na técnica. Para tanto, o homem precisa conhecer as leis que regem o universo, pois “somente vencemos a natureza obedecendo-lhe”. Esta obra teve grande influência no desenvolvimento da concepção empirista da ciência experimental e foi um dos pontos de partida de discussão do problema do método cientifico no pensamento moderno.

O método indutivo é segundo o qual uma lei geral é estabelecer a partir da observação e repetição de regularidades em casos particulares. Embora o método indutivo não permita o estabelecimento da verdade da conclusão em caráter definitivo, fornece, no entanto, razoes para a sua aceitação, que se tornam mais seguras quanto maior o número de observações realizadas. A indução é assim essencialmente probabilística. Esse método se torna importante na ciência experimental, sobretudo a partir de sua defesa por Francis Bacon.

Órganon é o termo aplicado tradicionalmente ao conjunto de obras lógicas de Aristóteles. O Órganon contém a teoria aristotélica do método, ou seja, da estrutura do raciocínio válido e da argumentação que se encontra aplicados em toda ciência. Têm-se assim, nas obras que o compõem, uma teoria do termo e da predição, e das categorias mais gerais de substâncias, relação, tempo, etc. (Categorias): uma teoria da proposição, na medida em que está é composta de termos, e da afirmação e negação (da interpretação); uma teoria do silogismo, que é constituído de proposição, e da dedução válida (Primeiros analíticos); uma teoria do silogismo demonstrativo que constitui o discurso científico (Segundos analíticos); uma teoria dos argumentos dialéticos (Tópicos); uma exposição das falácias e sofismas (Refutações sofísticas).

Por ídolo Bacon, entendia a falsa noção a idéia falsa ou ilusória, preconceito, do qual devemos nos libertar para realizar a ciência como interpretação verdadeira da natureza. São de quatro tipos = 1) ídolos da tribo: pertencem à natureza humana, são inerentes ao homem; 2) ídolos da caverna: características do homem individual, cada qual em sua própria “caverna”; 3) ídolos de mercado = originam-se das relações humanas, da comunidade a que os indivíduos pertencem, e da linguagem que usam; 4) ídolos do teatro = oriundos de dogmas filosóficos tradicionais e de falsas teorias que acabam por “aprisionar” o espírito humano.

O termo técnica, em um sentido derivado, sobretudo da ciência moderna, aplicação prática do conhecimento científico teórico a um campo específico da atividade humana. Ciência aplicada. Na concepção clássica, na Grécia antiga, entretanto, não havia interação entre ciência e técnica. A ciência como teoria era considerada um conhecimento puro, contemplativo, da natureza do real, de sua essência, sem fins práticos. A técnica por sua vez era um conhecimento prático, aplicado, visando apenas a um objetivo específico, sem relação com a teoria.

O Empirismo é a doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual todo conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensível externa. Freqüentemente fala-se do “empírico” como daquilo que se refere à experiência, às sensações e às percepções, relativamente aos encadeamentos da razão.

O método experimental é aquele que tem por base a realização de experimentos para os estabelecimentos de teorias cientificas, procedendo através da observação, da formulação de hipóteses e da verificação ou confirmação das hipóteses a partir de experimentos. É valorizado, sobretudo nas concepções empiristas.

A crítica à Bacon ocorre, pois, a ciência não pode ser considerada como um saber absoluto e puro, suja racionalidade seria totalmente transparente e cujo método constituiria a garantia de uma objetividade incontestável. As idéias científicas não são totalmente independentes da filosofia, da religião e das ideologias que impregnam o meio em que vivem os pesquisadores. Por isso, é muito questionável o chamado “princípio da neutralidade”, ou seja, o princípio segundo o qual os cientistas estariam isentos, em nome de sua racionalidade objetiva, de formular todo juízo de valor, de manifestar toda e qualquer preferência pessoal, de ser responsável por toda e qualquer decisão de ordem política ou implicando questões de tipo ético, posto que, por seu objetivo seu conhecimento seria universal, válido em todos os tempos e lugares, para além das sociedades e das formas de cultura particulares.

3. CONCLUSÃO

Francis Bacon, em sua obra intitulada Novum organum, realizada em 1.620, pretendeu criticar e superar a concepção aristotélica da ciência, propondo um novo método que valorize, sobretudo a experimentação.

Bacon estabelece o método experimental de pesquisa das causas naturais dos fatos: em primeiro lugar, devem-se acumular os fatos; em seguida, classificá-los; e finalmente, determinar sua causa. Contudo, a formulação desse método experimental e indutivo exige como condição a eliminação de falsas noções, que Bacon denomina “ídolos”, fantasmas de verdade, imagens tomadas por realidade.

O projeto de Bacon, para quem “saber é poder”, consiste, primeiramente, em aperfeiçoar a ordem social; finalmente, em conferir soberania aos homens de ciência. Um objetivo humano para a ciência = lutar contra a ignorância, o sofrimento e a miséria, e permitir ao império humano realizar tudo o que é possível, propagando ciência e cultura.

REFERÊNCIA

BACON, Francis. Novum Organum. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 23/05/2012
Código do texto: T3683911
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