OS 4 ESPÍRITOS DO HOMEM

Lutador, Curador, Criador, Mestre

O Espirito que luta habita a direção Norte e suas virtudes são lideradas pelo Poder da sua presença. Este arquétipo preside a parte da personalidade que hospeda o entusiasmo, a energia, a fidelidade, a honra, a coragem e todas as demais qualidades que fortalecem o caráter e incitam o homem a criar os seus valores e defendê-los. Pauta suas decisões pelo correto agir. Ele é o responsável pelas nossas conquistas e guardião do nosso ego. Seu elemento natural é o Ar, sua estação preferida é o inverno. No corpo humano ele é simbolizado pelo sangue.
O Espírito que cura habita a direção Sul e suas virtudes são encabeçadas pelo Amor que ele inspira. Este arquétipo é aquele que preside o perdão, a esperança, a fé, a caridade, a gratidão, o respeito, virtudes que curam tanto o corpo quanto a alma. Seu elemento é a Terra. Pauta suas decisões pela forma correta de comunicar-se. Ele é o responsável pelos nossos sentimentos mais sublimes e é o guardião da nossa alma. Sua estação preferida é a primavera. No corpo humano ele é representado pelas mãos.
O Espírito que cria e realiza habita a direção Leste e sua virtude guia é a Criatividade. Este é o arquétipo que preside as virtudes da criação e da realização, que são obtidas pela impulsividade, a alegria, a coragem, a criatividade, a beleza, qualidades que nos levam à criação e á ação. Ele pauta suas ações pelo correto posicionamento em frente às questões que lhe são colocadas. Seu elemento é o fogo e sua estação preferida é o verão. No corpo humano ele é representado pelo coração.
O Espírito que ensina habita a direção Oeste e sua virtude guia é a Sabedoria. É o arquétipo que preside as virtudes da maturidade, paciência, sensatez, equilíbrio, prudência, temperança, que são as características do homem sábio, que tudo vê com objetividade, clareza e ponderação. Ele pauta suas decisões pelo ritmo adequado. Seu elemento é a Água e sua estação preferida é o outono. No corpo humano ele é simbolizado pelo cérebro. 

                             

As relações apontadas entre os arquétipos e suas correspondências geográficas (norte sul, leste, oeste), elementais (ar, terra, fogo, água) temporais (inverno, primavera, verão, outono) e físicas (sangue, mãos, coração e cérebro) são simbólicas e estão conectadas à nossa geografia neurolinguistica.[1]
Quanto às virtudes, a correlação também é simbólica. Elas  se manifestam como atributos da nossa personalidade. Não se trata de classificações rigorosamente científicas, mas sim de conhecimentos empíricos derivados de práticas e tradições consagradas pela sabedoria popular. [2]
 
Analogias
 
Essa teoria também encontra fundamento nos ensinamentos da Cabala e do Budismo, mas encontra sua melhor expressão no trabalho do grande psicanalista e filósofo Jung.[3]
Carl Gustav Jung (1873 ― 1961), psicanalista suíço, foi o maior estudioso da simbologia que influencia o pensamento humano. Sua teoria a respeito dos arquétipos que estão presentes no inconsciente da humanidade e formatam sua cultura é ainda hoje muito respeitada. Segundo ele, a cultura humana é construída a partir de um Inconsciente Coletivo, ou seja, um conjunto de institutos culturais, que se tornam estruturas psíquicas comuns a todos os grupos humanos em todos os tempos e lugares. Exemplos: o amor fraternal, o casamento, o medo do escuro, a crença em um poder maior, a associação de determinadas cores a estados psicológicos, etc.
Essas estruturas mentais são arquétipos, ou seja, formulações padronizadas que servem para organizar ou canalizar o material psíquico depositado em nossas mentes, como resultado de todas as experiências já vividas pela espécie humana. Todos nós sabemos que devemos respeitar os nossos pais. Que devemos enterrar os mortos. Que precisamos procriar para perpetuar a espécie, que determinadas formas geométricas simbolizam determinados conceitos, etc. Quer dizer, essas são noções que existem anteriormente a nós e conformam a nossa maneira de pensar e viver, por que deixar de atender a esses modelos nos causará algum tipo de constrangimento.
Jung associa esses arquétipos aos temas mitológicos que aparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. São os mesmos temas, encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos, em tempos e lugares diferentes. Isso mostra que a estrutura mental da humanidade tem uma base comum. Vários povos têm seu Hércules (símbolo da força, da coragem, da masculinidade), seu Cristo, seu Osíris, seu Prometeu (símbolo da regeneração, da vitória sobre a morte), seu Narciso (símbolo da vaidade) etc. Assim, os arquétipos são elementos estruturais formadores do inconsciente coletivo e dão origem tanto às fantasias individuais quanto à mitologia de um povo em geral.[4]
Ele usa a história de Édipo como ilustração de um arquétipo. Édipo é um motivo tanto mitológico quanto psicológico, que representa uma situação arquetípica que se relaciona com o conteúdo da mente inconsciente do filho em relação aos seus pais. Quer dizer, o Mito de Édipo tem a ver com o ciúme natural que um filho (ou filha) tem da relação entre seu pai e sua mãe. [5]
Um dos principais estudos de Jung se refere à simbologia. Entende ele que o nosso inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Mesmo que nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo, quanto mais ele se “parecer” com o material inconsciente relacionado com um arquétipo, mais propenso esse símbolo estará a provocar na pessoa uma resposta. Por isso, o espírito dos povos teutônicos, por exemplo, responde intensamente a visão de uma cruz gamada, pois tal símbolo tem uma identificação profunda com conteúdos arquetípicos de sua cultura, da mesma forma que os judeus com a estrela de cinco pontas, que é um símbolo da sua crença, os cristãos com a cruz, que se associa a Jesus Cristo, o fundador da sua fé, etc.[6] Da mesma forma, todos os povos tem suas âncoras, suas ferramentas de poder, que se manifestam em símbolos de sua cultura, como bandeiras, cores, músicas de poder (hinos e canções populares), danças típicas, lendas e mitos, etc.
        Dessa forma se justifica que o conteúdo da nossa mente inconsciente seja organizado em torno de elementos arquetípicos, que se identificam com um guerreiro, um curador, um visionário e um mestre. Segundo Angeles Arrien, esses quatro arquétipos constituem o Caminho Quádruplo, ou seja, os quatro grandes princípios que orientam a produção da nossa mente, e por consequência, as nossas ações diárias. [7]
Aprender a acessar o arquétipo certo para que possamos responder adequadamente a cada situação que a vida nos coloca é a habilidade mais valiosa que uma pessoa pode desejar. Esses arquétipos estão presentes em nossa mente e respondem por facetas da nossa personalidade, que se manifestam quando somos confrontados com situações de desafio, (hora de lutar, de se defender), de dor e aflição (hora de curar), de criar, sonhar, projetar (hora de criar) de transmitir a outros a sabedoria adquirida (hora de ensinar). 


[1] A teoria dos quatro elementos foi proposta por antigos filósofos da Grécia, India e China especialmente, para explicar a constituição física do universo. De acordo com essa teoria água, terra, fogo e ar são os elementos básicos da constituição universal. A partir desses elementos e das suas interações tudo que existe no universo físico seria formado por esses quatro elementos. Essa teoria foi abandonada pela física e pela química modernas, já que após as descobertas realizadas nesses campos nos dois últimos séculos, não se pode sustentar esses pressupostos como verdades científicas. Ela continua, todavia, a servir de material especulativo para filósofos místicos e praticantes da medicina e psicologia alternativa. Práticas médicas como Do-in, Acumpultura, Reiki, etc. estão na base dessas tradições.
[2] A astrologia é a principal prática vinculada a essa tradição.
[3] A tradição Cabalística trabalha com as relações existentes entre a vida humana, as funções do nosso organismo e a estrutura do universo representada pela Árvore Sefirótica (Árvore da Vida), que são as dez formas de manifestação da divindade no mundo real. Quanto ao Budismo, toda sua estrutura filosófica está fundamentada nas “quatro nobre verdades” de Buda que são: A Verdade Nobre sobre o sofrimento; a Verdade Nobre sobre como surge o sofrimento; A Verdade Nobre sobre como dar fim ao sofrimento; A Verdade Nobre sobre o Caminho que  produz o fim o do sofrimento.
[4] Obras completas de C. G. Jung. Ed. Vozes, São Paulo.
[5] Édipo é uma peça teatral escrita pelo dramaturgo grego Sófocles (497-405 a. C). Fala de um personagem da mitologia grega, famoso por matar o pai e casar-se com a própria mãe.
[6] Teutônicos é a designação geral dada aos povos de origem ariana que ocuparam a Europa Central e do Norte, após a queda do Império Romano. Referem-se principalmente aos alemães.  
[7] O Caminho Quádruplo, op. Citado, pg. 23.

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DO LIVRO CÓDIGOS DA VIDA- CLUBE DO ESCRITOR- 2011
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 22/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T3682249
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