AS QUATRO FACES DA MENTE
          Quando criou os homens, Deus os fez unos e indivisíveis. Alma e corpo constituíam uma unidade indissolúvel, da mesma forma que céu e terra faziam parte da mesma realidade. Depois o Criador lhes deu capacidade para procriar e fazer obras próprias, que pareciam semelhantes às suas. E o homem tornou-se também um criador. Com esse poder nas mãos os homens se tornaram extremamente arrogantes. E pensaram que por serem capazes de produzir obras próprias, também podiam interferir no curso dos rios, mudar de lugar as montanhas, substituir as florestas e selecionar, eles mesmos, as espécies que tinham o direito de viver. Simplesmente usurparam a função da divindade.
          Vendo a arrogância dos homens, o Criador fragmentou suas almas de tal forma que não se pode mais encontrar sobre a terra duas criaturas que pensassem de forma igual. Nunca mais o homem foi o mesmo, pois o que era unidade passou a ser diversidade, o que era convergência passou a ser divergência, o que era aglutinação passou a ser dispersão. E a humanidade se pulverizou em raças e estas em nações; as nações em grupos e os grupos desenvolveram diferentes crenças. E nasceu daí a disputa, a discórdia, o antagonismo e a competição.Os homens que foram criados para serem fortes, confiantes e capazes se tornaram frágeis, desconfiados e inseguros. Essa foi a queda, a expulsão do paraíso, que todas as religiões cultivam como memória arquetípica de um mundo de delícias, beatitude e paz.
         Arrependidos do seu pecado, os homens clamaram ao Criador por uma chance de reconstruir aquele mundo de unidade, felicidade e paz que haviam perdido. E Ele a concedeu. Mas para que ele, ao recuperar sua unidade primordial, não viesse a tornar arrogante novamente, O Criador dividiu sua personalidade em quatro partes. E os distribuiu pelas quatro direções do mundo, associando a cada um deles um elemento, um conjunto de virtudes e um elenco de fraquezas para serem superadas. As quatro partes da personalidade são os quatro grandes arquétipos que a compõem. Nelas se identificam o espírito que luta (O LUTADOR), o espírito que realiza (O REALISTA ),  o espírito que cria ( O VISIONÁRIO)  e o espírito que ensina (O professor).
         O lutador habita a direção Norte e suas virtudes são lideradas pela Presença. Esta, quando cultivada, dá nascimento ao entusiasmo, à energia, à fidelidade, à honra, à coragem e todas as demais qualidades que fortalecem o nosso caráter e nos incitam a lutar. Ele é o responsável pelas nossas conquistas e o guardião do nosso ego. Seu elemento é o Ar, sua estação preferida é o inverno.
         O realista habita a direção Sul e suas virtudes são encabeçadas pela razão. Esta, quando é cultivada, faz nascer nos corações humanos o perdão, a esperança, a fé, a caridade, a gratidão, o respeito, virtudes que curam tanto o corpo quanto a alma. Seu elemento é a Terra. Ele é o responsável pelos nossos sentimentos mais sublimes e é guardião da nossa alma. Sua estação preferida é a primavera.
        O Visionário habita a direção Leste e sua virtude guia é a Autenticidade. Esta, quando é cultivada traz consigo a jovialidade, a impulsividade, a alegria, a coragem, a criatividade, a beleza, virtudes que dão alento à nossa alma. Seu elemento é o fogo e sua estação preferida é o verão.
       O professor habita a direção Oeste e sua virtude guia é a Flexibilidade. Esta, quando cultivada, traz consigo maturidade, paciência, sensatez, equilíbrio, prudência, temperança, virtudes que são características do homem sábio, que tudo vê com objetividade. Seu elemento é a Água e sua estação preferida é o outono.
        Todas as decisões humanas são inspiradas por um desses arquétipos. Como guerreiros, temos que lutar pelas nossas vidas; como curadores, temos que buscar a paz nas nossas relações. Como visionários, sonhamos e rompemos os nossos limites e como mestres temos que olhar o mundo com sabedoria e objetividade.   
        Aprender a acessar o arquétipo certo para que possamos responder adequadamente a cada situação que a vida nos coloca é a habilidade mais valiosa que uma pessoa pode desejar.
         Esse, aliás, é o segredo do verdadeiro equilíbrio, sem o qual não se faz um verdadeiro líder.

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DO LIVRO CÓDIGOS DA VIDA- ED. 24X7- 2011

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 14/05/2012
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