Minha mãe - e a de Vinícius de Moraes

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Este Audiovisual em PPS me faz voltar ao tempo e lembrar de minha mãe. Eu o fiz anos atrás e volto a publicá-lo de forma diferente, com cenas que fizeram parte de minha infância, as quais, depois de adulta, resgatei em fotos, nas viagens que andei fazendo ao meu passado.

Sempre li a poesia “Minha Mãe”, de Vinícius de Moraes, acreditando que ele a tivesse escrito sob influência de um dilema “real”. Até descobrir o ano em que foi realizada, eu acreditava que estava relacionada à sua nova condição de vice-cônsul (1946), quando teve que abdicar de sua emergente carreira de escritor e também músico. Ou, então, que ele teria escrito tal desabafo quando foi exonerado do cargo diplomático em 1969, pelo AI-5, após 24 anos de serviços prestados, quando o então Presidente Costa e Silva, insatisfeito com seu comportamento irreverente e contestador, uma vez que ele se destacava demais internacionalmente, decretou: “Ponha esse vagabundo para trabalhar”. A figura de um político poeta e músico não caía bem aos olhos da ditadura...

Nada disso. Vinícius criou esta poesia, tão simples e tão cheia de amarguras, ainda na adolescência. Foi publicada em seu primeiro livro, “O caminho para a distância”, em 1933, aos 19 anos, quando se formava em direito e vislumbrava uma vida muito diferente, que o desafiava.

Eu falei tais palavras quando fui pra Faculdade de Medicina e tive que morar sozinha pela primeira vez na vida. Hoje eu as repito, recordando da pessoa que mais me amou nesta vida e conviveu com cada “dileminha” que eu pensava passar... Ao ter contato com cada frase dita, tentei racionalizar o que levaria um jovem, ainda inexperiente, escrever tais coisas tão sentidas.

Vinícius sentia que sua vida tranquila tinha que ser substituída pelo seu gênio e por suas aspirações. Seja como for, um jovem, por mais que tenha tido uma formação cultural privilegiada, jamais diria com tanto sentimento constatações que somente são ditas por quem já viveu muito.

Seria ele um visionário? Não! Só poeta, um dos maiores representantes de nossos sentimentos.

Leila Marinho Lage
22 de abril de 2012
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Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 22/04/2012
Reeditado em 23/04/2012
Código do texto: T3627912
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