O CADERNO DE MAYA

Isabel Allende

A autora Isabel Allende nasceu em 1942, no Peru. Viveu no Chile entre 1945 e 1975, passou por vários lugares e de desde 1988 vive na Califórnia.

A obra “O caderno de Maya” é uma história impactante, comovente, que mostra a dura realidade à qual muitas pessoas vivem em sua adolescência e juventude.

O livro conta a história de uma menina cujo nome é Maya, que foi educada por sua avó chilena e seu marido, o qual Maya considerava como seu avô. A história é narrada em primeira pessoa. A adolescente ganha um caderno da avó, onde ela descreve em detalhes tão profundos que em vários momentos é possível emocionar ou indignar o leitor.

Maya conta como foi sua infância linda, fala especialmente do avô, das histórias que ele contava, das lições mais profundas, de forma simples, até o momento de perdê-lo; quando inicia seu drama, suas dores e pesadelos.

A adolescente não supera a morte do avô, entra numa profunda depressão, onde se depara com o uso de drogas, álcool, más companhias e, de imediato não poderia contar com o apoio da avó, que também estava enclausurada em sua dor, mas ao animar-se tentou ajudar a neta.

Maya foi internada, mas fugiu. Recusou de várias formas a ajuda, porque no mais profundo do teu ser havia grande vazio. O avô a educara bem, mas não ensinara sobre as perdas que acontecem diariamente em nossas vidas; sobre a realidade que encontramos fora do aconchego familiar e a malícia da sociedade. Foi um avô maravilhoso, a mimava, cuidava, por isso sem ele, a pequena adolescente sentiu sua vida perdida, sem chão, proteção e colo. Sendo assim, ela estava vulnerável a todos os procedimentos errados, pois mesmo sem perceber, já havia perdido a fé e a vontade de viver. Ela transformou-se completamente, foi para as ruas, de princesa passou a ser mendiga, drogada, alcoolizada, prostituindo-se, sendo dilacerada sua alma, sua vida. Encontrou pessoas para derrubá-la ainda mais: criminosos, estupradores; mas deparou-se também com amigos e, através disso, pode se recuperar e tornar a viver. Logo mais, descobre todo o passado da avó, da família e grandes descobertas surgem, inclusive que seu amigo acolhedor é na verdade seu avô biológico.

A obra é fantástica, impactante, dando-me choque de realidade, que me fez refletir ao invés de julgar, pois não são raras as vezes que nos deparamos com algumas “Mayas” em nossas vidas e a primeira coisa que fazemos é julgar.

Através deste livro pude analisar a mim mesma como uma cidadã, membro de uma sociedade manipuladora, que não sabe amar, ajudar, estender as mãos aos menos favorecidos e aos que sofrem. Há em mim intensas reflexões acerca desta obra, penso que, sem dúvida alguma não serei mais a mesma após sua leitura, pois algo dentro de mim tornou-se mais humano.

Recomendo a presente obra a todas as pessoas que amam o conhecimento, que precisam de um “choque” de realidade, aqueles que queiram entender como é a verdadeira sociedade, sem máscaras e rótulos.

Patrícia Pessoa

10/04/2012

PATRICIA PESSOA
Enviado por PATRICIA PESSOA em 12/04/2012
Reeditado em 12/04/2012
Código do texto: T3608302