SAGITÁRIO (JORGE LUIZ DA SILVA ALVES)
Os puritanos e os moralistas que não o leiam: é verdadeiramente um pecador. Peca ao sobejar no talento, no inusitado, na criatividade, na cultura e no manejo do idioma.
A cada página, um susto. Surpreende o leitor conduzindo-o, linha por linha, à novidade do estilo, do vocabulário, do conteúdo, da emoção, para exibir-se, finalmente, inteiramente nú. Desnuda sua alma, abre seu coração, partilha seu corpo, sua mente – numa exuberância literária, misto de volúpia e de mistério, com palavras sedentas de serem desvendados os seus significados, proporcionando ao leitor puro gozo de leitura.
Sagitário é um presente de Jorge, ele mesmo nos brindando da maneira mais completa: Jorge homem, escritor, poeta, observador sensível, apaixonado e crítico da realidade, um ser humano incansável na arte de escrever e de ser amigo.
Tem um estilo que lembra o machadiano, escrevendo rigorosamente dentro da norma culta, e o singular neste caso é a presença de temas populares e do cotidiano, tratados com requintes de cultura e erudição. Sim. Jorge também é homem do povo, participa do seu tempo e do seu espaço. Escreve sobre qualquer tema, daqui e do mundo. E já que o mundo virou uma aldeia, cito a frase “Escreva sobre sua aldeia e serás universal”. Jorge é universal e atemporal.
Outro aspecto interessante é que o autor sabe como deixar o leitor participar da sua obra. Aguça-lhe todos os sentidos, com o recurso de elementos plásticos, olfativos, gustativos e sonoros. Sua prosa-poema (para não dizer prosa poética) traz até nós os sons dos tambores da velha África, os porões de navios negreiros, o lúdico e a plasticidade do Carnaval, as fardas das Academias (Militar e de Letras) os sabores etílicos de um bom vinho e da sua boemia, a majestade de uma Grande Mãe. E ainda nos faz testemunhas de frenético banquete amoroso. O conteúdo da obra de Jorge é muito rico, fruto do seu gosto por viajar, da peregrinação por causa do trabalho (pelo que se deduz na leitura) da sua imensa e profunda inventividade, do apurado hábito de observar, da sua formação (História) e acima de tudo pela sua sensibilidade. Tudo oferecido na mais alta gala literária.
Foram momentos de prazer nessa leitura, um livrinho breve (40 páginas) mas gostoso e tão denso na forma e no conteúdo.
Machado – o Bruxo do Cosme Velho e fundador da Academia Brasileira de Letras o aprovaria. E o nosso querido poetinha Vinicius de Moraes o incluiria na sua famosa canção dizendo:
- A bênção, Jorge!!
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Bibliografia:
Sagitário – Jorge Luiz da Silva Álvares – Rio de Janeiro. Litteris – Editora Quártica Premium, 2011.
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06/04/2012
Tempo de Páscoa
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