Resenha Livros – Momentos, Fernando Antonio Nogueira Pessoa (1888-1935)
Ao poeta do Mar Português, minha sincera reverência
Um livro compacto, lido em um único dia. Todavia consta que sua elaboração data de 20 anos de versos compostos, revisões e intensificação da escrita ao final do período. Na verdade é o único livro compilado e editado do autor, já no ano de véspera de sua morte, ou seja, 1934, com detalhes do manuscrito original, para o deleite dos leitores, que pela riqueza de detalhes mesmo em poucos fonemas, consegue transmitir o amor a sua terra natal Portugal. Aliás, este era o título original da obra, que foi dividida em 44 poemas, adjetivado pelo próprio Pessoa como um livro de poemas, formando um único poema.
O lirismo está presente em toda a obra, mas com ganâncias e ares do épico antigo. Retrata de início a coroa portuguesa como esfinge, como heroica incentivadora das naus, das alçadas em mar aberto dos bravos navegadores. São retratados outras partes como o mar e as naus, como já citado, o brasão, o encoberto (parte alusiva ao Rei D. Sebastião) que seria o Quinto Império Português, representando portanto, nascimento, ascensão e morte.
É notável a presença da tragédia como reconhecimentos dos feitos, as referencias às alegorias de construção e a dedicação portuguesa na arte da navegação e no patriotismo como praxe do gentílico. Acuso referencia na poesia simbolista também nesta obra. Resumindo, é encantador ler este que reconheço em minha opinião de resenhista como o grande expoente do mundo ocidental, principalmente em nosso idioma, equiparado talvez ao poeta do século XVI, Vaz de Camões, do qual herda muito do estilo. Digo a gratidão da leitura pelo arranjar apaixonante do tempo e do espaço, da leveza que conduz os versos, algo muito natural e singular. Pessoa aqui acredito que a nação precisa se reconduzir ao topo, voltar a ser altiva, guerreira, introduzir novamente Portugal no mapa do mundo, e essa devoção é realmente sublimada.
Já não faz parte da resenha, mas é saliente recordar para os que ainda não conhecem, que Pessoa era tradutor, especialista em língua francesa e inglesa, como profissão; escritor era seu dom natural e divino. Faleceu aos 47 anos de idade, vítima de uma complicação hepática resultante em cirrose, em Lisboa, onde nasceu. Seu espólio basicamente se resumia em uma velha arca, com cerca de vinte e cinco mil páginas em escritos. É uma honra encerrar agora com uma citação dele, o poema mais famoso no livro, Mar Português, apreciem e leiam o livro, vale muitíssimo a pena.
Ao poeta do Mar Português, minha sincera reverência
Um livro compacto, lido em um único dia. Todavia consta que sua elaboração data de 20 anos de versos compostos, revisões e intensificação da escrita ao final do período. Na verdade é o único livro compilado e editado do autor, já no ano de véspera de sua morte, ou seja, 1934, com detalhes do manuscrito original, para o deleite dos leitores, que pela riqueza de detalhes mesmo em poucos fonemas, consegue transmitir o amor a sua terra natal Portugal. Aliás, este era o título original da obra, que foi dividida em 44 poemas, adjetivado pelo próprio Pessoa como um livro de poemas, formando um único poema.
O lirismo está presente em toda a obra, mas com ganâncias e ares do épico antigo. Retrata de início a coroa portuguesa como esfinge, como heroica incentivadora das naus, das alçadas em mar aberto dos bravos navegadores. São retratados outras partes como o mar e as naus, como já citado, o brasão, o encoberto (parte alusiva ao Rei D. Sebastião) que seria o Quinto Império Português, representando portanto, nascimento, ascensão e morte.
É notável a presença da tragédia como reconhecimentos dos feitos, as referencias às alegorias de construção e a dedicação portuguesa na arte da navegação e no patriotismo como praxe do gentílico. Acuso referencia na poesia simbolista também nesta obra. Resumindo, é encantador ler este que reconheço em minha opinião de resenhista como o grande expoente do mundo ocidental, principalmente em nosso idioma, equiparado talvez ao poeta do século XVI, Vaz de Camões, do qual herda muito do estilo. Digo a gratidão da leitura pelo arranjar apaixonante do tempo e do espaço, da leveza que conduz os versos, algo muito natural e singular. Pessoa aqui acredito que a nação precisa se reconduzir ao topo, voltar a ser altiva, guerreira, introduzir novamente Portugal no mapa do mundo, e essa devoção é realmente sublimada.
Já não faz parte da resenha, mas é saliente recordar para os que ainda não conhecem, que Pessoa era tradutor, especialista em língua francesa e inglesa, como profissão; escritor era seu dom natural e divino. Faleceu aos 47 anos de idade, vítima de uma complicação hepática resultante em cirrose, em Lisboa, onde nasceu. Seu espólio basicamente se resumia em uma velha arca, com cerca de vinte e cinco mil páginas em escritos. É uma honra encerrar agora com uma citação dele, o poema mais famoso no livro, Mar Português, apreciem e leiam o livro, vale muitíssimo a pena.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu"
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imagem: pt.wikipedia.com
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